quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Novo Modelo de Segurança Global para Mundo Multipolar.


24/8/2016, Tayyab Baloch, Katheon, Moscou

Traduzido por Vila Vudu

Papel de Rússia e China.


A China apareceu no cenário mundial como “Potência Global” com força militar e a economia que cresce mais depressa em todo o planeta. A liderança chinesa não só não se deixou engambelar pelo jogo sujo dos EUA que tudo fizeram para impedir que a China se tornasse potência mundial, mas, também, provou que a China tem potencial para reparar, mediante desenvolvimento, o dano que os EUA causaram ao mundo na ânsia para conservar a hegemonia.

A luta da Rússia para voltar ao cenário mundial como superpotência, onde já esteve no tempo dos sovietes, foi bem-sucedida sob a liderança de Vladimir Putin.

Os líderes desses dois países, China e Rússia, deram-se conta de que o único modo para derrotar mundo unipolar é mudar os centros de poder e constituir as instituições de um novo mundo multipolar. De fato, a parceria estratégica sino-russa está introduzindo uma nova ordem mundial baseada em paz e desenvolvimento.

Ano passado, os dois governos celebraram juntos os 70 anos da vitória na 2ª Guerra Mundial, convidando líderes do mundo multipolar para os desfiles militares na Praça Vermelha e na Praça Tiananmen, onde desfilaram exércitos de todo o planeta. Participaram representantes de todo o mundo e seus exércitos, exceto EUA e Europa.

Os EUA e o bloco ocidental OTAN que boicotaram as celebrações russas e chinesas da vitória sobre o nazismo e o fascismo são os mesmos que arrastam o mundo para guerra total. Dada a emergente ameaça de guerra, Rússia e China uniram esforços para tornar o mundo mais seguro.

A parceria ampla que aproxima Moscou e Pequim dá indícios de que os dois países estão dispostos a defender o mundo contra o jogo sujo patrocinado pelos EUA. Daí que as duas potências do mundo multipolar em construção estão, não só constituindo um mecanismo de segurança conjunta para segurança do mundo multipolar, mas, também, elas se preparam para enfrentar juntas e solidárias o inimigo comum no Mar Negro e no Mar do Sul da China.

A ordem do mundo multipolar que está sendo construída por empenho direto de China e Rússia garante prosperidade global com integração regional pacífica. E aí está o motivo pelo qual EUA e seus estados vassalos tentam impedir que essa multipolaridade  se torne global; no esforço para impedir que aconteça, a ex-potência hegemônica [ou a potência ex-hegemônica, melhor dizendo (NTs)] obra para cercar a Rússia com exércitos da OTAN e para cercar a China com  projeto semelhante a uma OTAN-asiática. No cenário assim emergente, o mundo assiste a nova deriva no movimento geopolítico.

A Turquia, membro da OTAN, prepara-se para unir-se a China e Rússia; e a Índia, que integra os BRICS liderados por China e Rússia e da Organização de Cooperação de Xangai, prepara-se para associar-se à política de contenção dos EUA contra a China. [COMENTÁRIO DE ATUALIZAÇÃONesse contexto, de aliar-se aos EUA contra a criação, a partir dos BRICS, de mundo multipolar, inscreve-se também o golpe em andamento no Brasil, que visa a derrubar o governo popular democrático eleito da presidenta Rousseff e a impor ao país governo do usurpador golpista ex-vice-presidente (#Fora)Michel Temer (NTs)]. 

Muitos especialistas haviam previsto que os EUA ‘escalariam’ o Paquistão, seu mais próximo aliado, para impedir que se alistasse com Rússia e China [COMENTÁRIO DE ATUALIZAÇÃOO mais provável é que a Índia tenha sido ‘escalada’ pelos EUA porque também é país do grupo BRICS, como o Brasil – grupo que os EUA dedicam-se hoje a tentar desmontar; é o que o golpe em andamento no Brasil parece sugerir (NTs)].

Esse ensaio visa a considerar o mecanismo liderado por China e Rússia para segurança no Pacífico Asiático, contra o projeto dos EUA de fazer guerra contra a Ásia. Nessa direção discute-se aqui a política de contenção/desmanche/desmonte que os EUA tentam impor àquelas duas superpotências emergentes que trabalham hoje na direção de construir uma ordem mundial multipolar, que porá fim à hegemonia unipolar dos EUA sobre o mundo [o golpe em andamento no Brasil também se inscreve perfeitamente nesse movimento de desmonte-contenção pelos EUA contra outro país dos BRICS (NTs)].

Visão de Xi e preparação dos chineses para a guerra
Matérias de jornal sugerem que a China já instruiu seus cidadãos a se preparar para uma próxima 3ª Guerra Mundial. Essa medida de autoproteção foi tomada pelo alto comando chinês para proteger a própria soberania depois da manifestação do chamado Tribunal Internacional para Arbitragem na disputa pelo Mar do Sul da China. A China não só rejeitou a sentença tendenciosa e enviesada do ‘tribunal’ sobre o caso do Mar do Sul da China, como, também, já começou a implantar medidas para proteger o próprio território e suas rotas marítimas. O governo do presidente Xi comprometeu-se a tornar realidade o sonho chinês. 

Assim sendo, o presidente Xi Jinping já expôs a própria visão, segundo a qual a tradicional Rota da Seda aparece modernizada por iniciativas reunidas no modelo das iniciativas ‘Cinturão-Rota’ que visa a conectar todo o planeta mediante pontes em terra e rotas marítimas.

Imediatamente depois que Xi Jinping anunciou as iniciativas “Cinturão-Rota”, os EUA aceleraram sua “Guerra Híbrida” contra a China, tentando bloquear rotas comerciais mediante um processo para ‘turbinar’ e fazer explodir quaisquer disputas que surgissem entre China e países vizinhos. Para essa finalidade, os EUA insistem em construir um pacto norte-americano de segurança no Pacífico Asiático, com os governos que há hoje no Japão, Coreia do Sul e Austrália, ao mesmo tempo em que trabalham para cooptar a Associação de Nações do Sudeste Asiático [ing. ASEAN] e a Associação de Países Sudeste-Asiáticos [ing. SAARC).

No sul da Ásia, Washington teve sucesso ao conseguir que Nova Delhi se aliasse aos EUA contra Pequim; mas a posição da Índia no Mar do Sul da China ainda não está definida. Os atuais movimentos da Índia a favor dos EUA sugerem que o país se associará a um projeto semelhante a uma “OTAN asiática” chefiada pelos EUA contra a China. Apesar de ser membro de instituições mundiais multipolares, a Índia sob o governo Modi tornou-se uma ponte importante para a hegemonia unipolar mundial. Como escreveu o autor de artigo intitulado “Russia in SAARC“: “A Índia está também com Rússia e China como membro dos BRICS e da OCX, mas infelizmente o atual movimento de Modi na direção de alinhar a Índia com defensores da ordem unipolar é, de fato, perigosa ameaça ao futuro multipolar do planeta.”

A atual tensão entre EUA e China tem a ver com como Washington contava com poder usar aqueles estados contra Pequim. Verdade é que os EUA trabalham hoje para constituir um projeto ‘como a OTAN’, na Ásia, contra a China. Mas não implica dizer que essa iniciativa anti-China terá sucesso porque, como foi concebida, levará necessariamente a mais guerra e destruição para o mundo. O modelo chinês de Xi, por sua vez, oferece desenvolvimento e integração regional, que visam a resolver todas as disputas territoriais e regionais. Acresce-se a tudo isso que a Rússia já está associada à China na Ásia, dedicada também a tornar realidade o slogan “O futuro é a Ásia”.

Rússia, árbitro na Ásia
Sob a liderança do presidente Putin, a Rússia reconquistou o status de superpotência mundial depois da dissolução da União Soviética. O sucesso dos russos na Síria prova que a Rússia está pronta a lutar pela paz mundial.

Na verdade, a Rússia já é hoje símbolo da resistência contra a hegemonia unipolar, porque é o único país que trabalha para superar a mentalidade de Guerra Fria que sobrevive nos EUA, apenas dos 70 anos já passados. Hoje, no cenário de guerra mundial que se avizinha, a Rússia está convertida em esperança do mundo multipolar, cujos frutos dependem de EUA/OTAN serem derrotados.

Por isso precisamente os EUA retratam a Rússia como principal ameaça à segurança da Europa e insistem desesperadamente em cercar a Rússia de Putin com exércitos da OTAN. Sob comando de Tio Sam, forças da OTAN chegaram muito perto das fronteiras russas – situação para a qual muito contribuiu a ação dos EUA na Ucrânia. Quando os EUA tentaram acorrentar o urso russo sob pesadas sanções europeias, os russos serviram-se da oportunidade que veio com a dificuldade, e ajustou a própria economia, olhando na direção da Ásia, como alternativa à Europa.

Hoje a Rússia já é um dos principais parceiros comerciais e estratégicos dos países asiáticos. De fato, a diplomacia multipolar russa está engajando nações europeias e ajudando-as a trabalhar na direção de realizar o sonho comum do projeto Eurásia Expandida. Recentemente, durante a cúpula Rússia-ASEAN em Sochi, a Associação Sudeste Asiático [ing. SAA] manifestou interesse em assinar um acordo de livre comércio [ing. FTA] com a União Econômica Eurasiana [ing. EEU] liderada pela Rússia; e os russos também propuseram estreitar os laços econômicos e estratégicos entre EEUASEAN e Organização de Cooperação de Xangai.

O engajamento total entre a Rússia e nações asiáticas garante à Rússia um status de “mediador” para encaminha soluções para conflitos e disputas territoriais. Assim como a Rússia já trabalha para minimizar as disputas entre China e Vietnã, assim também os russos atuam como árbitros entre China e Índia, garantindo-lhes as plataformas dos BRICS e da OCX, para superar suas discordâncias. Sob o guarda-chuva da OCX, Paquistão e Índia podem resolver conflitos mediante integração pacífica.

Controle russo sobre o Anel de Fogo no Pacífico
Depois de perceber o grave ameaça potencial que os EUA fazem à China, na disputa pelo Mar do Sul da China, a Rússia decidiu aumentar seus recursos militares na área próxima do Japão, em torno das ilhas Kuril – área também chamada de “Anel de Fogo”, pelos muitos vulcões. A cadeia russa das ilhas Kuril no coração do Pacífico aumentou o papel que cabe à Rússia, na segurança de todo o Pacífico. Ampliação do pessoal militar e instalação de sistemas costeiros de mísseis foram ações que mudaram a correlação de forças no local. E a Rússia também planeja criar uma frota do Pacífico, com base nas ilhas Kuril.

Na verdade, é a nova militarização do Japão que está forçando os militares russos a ampliar instalações nas ilhas Kuril, dado que o Japão, cada dia mais, movimenta-se na direção da remilitarização – ação que faz parte do “Pivô para a Ásia”, dos EUA. No governo Abe, o Japão converteu-se em ‘estado vassalo’ dos EUA. O regime que governa o Japão aprovou leis controversas, que permitem que os militares japoneses envolvam-se em combates fora do Japão. Em outras palavras: pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial, o Exército Japonês pode participar de missões em outros países. É a Guerra da OTAN, uma vez que o Japão é visto como um dos membros fundadores o projeto de uma ‘OTAN Asiática’, como agente a serviço dos EUA, na guerra para conter a China.

Por mais que o Japão tenha reclamado a posse de algumas daquelas ilhas, segundo tratados internacionais vigentes aquelas ilhas pertencem à Rússia. Essa disputa é o principal obstáculo no caminha de um tratado de paz entre Rússia e Japão desde a 2ª Guerra Mundial e no cenário em desdobramento para uma 3ª Guerra Mundial. As instalações militares russas nessas ilhas do Pacífico favoreceram a China, como aliada da Rússia e esse ato estratégico parece ter papel de equilibrador na região do Pacífico Asiático.

Segurança Multipolar no Pacífico Asiático
China e Rússia estão trabalhando para construir um quadro de segurança mundial multipolar, com novos mecanismos para relações internacionais que visem sempre à cooperação de tipo ganha-ganha, derrotando assim a “lei da selva” que EUA/OTAN impuseram ao mundo.

Ano passado, em agosto, o ministro de Relações Exteriores da Rússia publicou artigo em que analisa a formação de um novo mundo multipolar (“policêntrico”), que circulou em veículos das mídias russa e chinesa sob o título de “Attempts to falsify history of WWII undermine foundations of modern world order” [Tentativas de falsificar a história da 2ª Guerra Mundial minam as fundações da moderna ordem global].

Nesse artigo, o ministro Sergey Lavrov, das Relações Exteriores da Rússia dizia que “Rússia e China adotam abordagens iguais ou muito próximas para problemas modernos chaves, defendem consistentemente que se forme uma nova ordem mundial policêntrica baseada na lei internacional, no respeito à autoidentidade de diferentes povos, no direito de todos a escolher independentemente o modo como querem desenvolver-se”. Depois, o presidente Xi Jinping da China, em sua fala à 70ª sessão da Assembleia Geral da ONU, lançou um grave alerta de que as relações entre os povos não podem ser regidas pela “lei da selva”.

Hoje a comunidade internacional observa o modo como Rússia e China trabalham para reparar as relações globais com novas instituições multipolares criadas para desenvolverem futuro mais seguro, melhor para todos.

Dito em termos simples, Rússia e China criaram uma nova janela de oportunidades para o mundo alinhando juntos seus respectivos sonhos de “Grande Eurásia” e “Modernização da Ancestral Rota da Seda”. Assim sendo, vão modelando o futuro de um novo mundo mediante ampliação e fortalecimento de instituições mundiais multipolares, – BRICS, OCX e Banco Asiático de Investimento e Integração, BAII, criados para servir como alternativas às instituições unipolares como FMI, Banco Mundial, OTAN e Banco Asiático de Desenvolvimento. De fato, a estratégia dos EUA para Guerra Híbrida Global contra a Rota da Seda da China e a União Econômica Eurasiana da Rússia levou China e Rússia a se aproximarem uma da outra, no trabalho de estabelecer um sistema alternativo de segurança capaz de resistir ao assalto da mentalidade da Guerra Fria cultivada por EUA-OTAN.

Ambas, Moscou e Pequim, comprometeram-se a cobrir as respectivas retaguardas, uma da outra, do Mar Negro ao Mar do Sul da China, modelando mecanismos conjuntos de segurança.

Aliança vs. OTAN e o projeto da ‘OTAN-asiática’
O sucesso da Rússia no serviço de repelir os conflitos patrocinados pela OTAN na Ucrânia e na Síria atraiu a China, para somar-se a um Modelo de Nova Segurança Global puxado pelos dois países. A China não só rejeitou a expansão da OTAN nos Bálcãs, mas também conclamou a comunidade internacional a rejeitar a mentalidade de Guerra Fria consubstanciada na OTAN, quando a China protestou contra o possível acesso de Montenegro à OTAN em dezembro passado. A porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China disse naquele momento, em reunião com jornalistas: “Acreditamos que a OTAN é produto da Guerra Fria (…) Estamos convencidos de que a comunidade internacional precisa distanciar-se da mentalidade da Guerra Fria.”

A cooperação sino-russa no campo da Defesa indica que os dois países estão formulando mecanismos para garantir a segurança global. Com apoio da Rússia, a China demarcou uma linha vermelha diante do establishment norte-americano e japonês, contra qualquer projeto de algum tipo ‘OTAN asiática’. A Rússia não só está utilizando a própria influência na Ásia para dirimir disputas territoriais entre China e nações asiáticas, mas, também, já adotou contramedidas a favor da China, por exemplo, quando a Rússia manifestou preocupações ante a instalação do sistema do Terminal de Área de Defesa de Alta Altitude dos EUA [ing. Terminal High Altitude Area DefenseTHAAD] em território da Coreia do Sul, movimento que a China recebeu como ato de guerra contra ela. Apesar de os EUA argumentarem que o sistema seria indispensável para conter eventual ataque de mísseis da República Popular Democrática da Coreia (“Coreia do Norte”), China e Rússia consideraram o movimento como ameaça declarada à segurança na região do Pacífico asiático.

71 depois de ter derrotado o nazismo na 2ª Guerra Mundial, agora a Rússia moveu-se na direção da Ásia para ajudar a China contra o fascismo japonês, cenário que se repete em todo o mundo, por causa da mentalidade de Guerra Fria que os EUA impõem ao mundo. Ambas, Rússia e China estão forjando um escudo de defesa coletiva para o mundo multipolar, a partir da Estrutura Regional Antiterrorismo [ing. Regional Anti-Terrorist Structure] da Organização de Cooperação de Xangai [ing.RATS SCO], para proteger a Rota da Seda e a Grande Eurásia, em resposta ao jogo sujo dos EUA, de empurrar o mundo, traiçoeiramente, para guerra total.

De fato, a OCX é considerada como a salvaguarda da Rota da Seda Chinesa e do grande projeto russo para a Eurásia. Já se observou que um dos principais objetivos da OCX era servir de contrapeso à OTAN e, especialmente, constituir um mecanismo multipolar para repelir os conflitos provocados ou mantidos pelos EUA em áreas próximas de Rússia e China.

Como já observou um especialista, a Rússia combateu contra o ISIS na Síria no interesse da OCX, porque os terroristas eram ameaça potencial contra a região toda. Estados como Afeganistão, Paquistão e estados da Ásia Central eram alvos do ISIS. Na literatura do ISIS, esses territórios, inclusive a província chinesa de Xinjiang, são considerados o “Curassão”, um ramo do ‘Estado Islâmico’. As forças da ordem unipolar criaram o ISIS no Oriente Médio, beneficiando-se da intervenção dos EUA. O objetivo oculto dessa nova modalidade de ação militar sempre foi conter a grande estratégia chinesa que visa a estabelecer o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota Marítima da Seda (“Um Cinturão, Uma Rota”, como dizem os chineses) atravessando a Eurásia.

Agora, com a Rússia já derrotando o terrorismo na Síria, a China une-se à Rússia para reconstruir a Síria. Os dois países unem-se agora, para dar proteção e segurança aos ramos da Rota da Seca no Oriente Médio, oferecendo apoio ao nacionalismo secular árabe e desestimulando o sectarismo. Com a OCX, engajarão Síria, Turquia, Irã, Egito e Israel, uma vez que todas essas nações já solicitaram incorporação no grupo de Xangai. Mais importante que isso, todas as nações do sul da Ásia são parte da OCX, e Paquistão e Índia receberão grau de membro pleno em 2017. Além disso, Rússia e China trabalham para interligar a OCX e as nações da ASEAN e querem ampliar as estruturas antiterrorismo da organização para que incluam estados-membros e estados observadores, movimento que visa, mais uma vez, a resistir contra a política de ‘contenção’ chefiada pelos EUA.

Aqui é preciso lembrar que a OCX está pronta a assumir qualquer responsabilidade na segurança do mundo, nos termos da Carta da ONU. Manobras militares conjuntas e as missões de mantenedores da paz indicam que a OCX já é bloco alternativo para garantir a segurança global, e a Rússia trabalha também para conectar a Organização do Tratado de Segurança Coletiva [ing. CSTO], a poderosa aliança militar da Ásia Central, também à OCX.*****



terça-feira, 30 de agosto de 2016

STF - Voto do ministro Celso de Mello garante acesso de pequenos partidos a debates eleitorais.

O ministro Celso de Mello, ao julgar inconstitucionais certas regras legais constantes da "Minirreforma Eleitoral", profere voto, nas ADIs 5491, 5487, 5423, 5488 e 5577, cujo fundamento principal, apoiando-se no princípio constitucional da "igualdade de chances ou de oportunidades", ampara candidatos filiados a pequenos partidos, afasta o tratamento legal injusto e discriminatório a eles imposto pelo Congresso Nacional e defende o direito autônomo (e essencial) de acesso de grupos minoritários aos debates eleitorais nas emissoras de rádio e TV, garantindo-lhes plena liberdade de veiculação e divulgação de suas ideias, convicções e programas de trabalho, ainda que frontalmente contrários ao pensamento e às posições dominantes no cenário político e no meio social.


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domingo, 28 de agosto de 2016

Embaixada da Rússia no Brasil comenta sobre a situação na Síria.

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Nos últimos dias os meios de comunicações ocidentais e no Oriente Médio, em grande parte, pelo que parece, sob influência dos parceiros estadunidenses, tem vindo a aumentar a retórica de pressão dirigida à Rússia devido às ações da nossa Força Aérea na Síria. São pronunciadas as acusações sem fundamento, de acordo as quais a Rússia alegadamente seja responsável pela violência em andamento naquele país, que, dizem eles, os russos interferiram de modo desajeitado no curso do conflito civil, que as suas bombas matam dezenas de mulheres e crianças, destroem hospitais, escolas e creches.

É claro que esta histeria nos meios de comunicação distante da realidade persegue objectivos políticos específicos. Vamos tentar entender quais são.

É que para nós, e, com certeza, não só para nós, o curso americano nos assuntos sírios não parece muito lógico e consistente. De um lado, Washington diz compartilhar a visão sobre a necessidade de esforços coletivos mais intensos a fim de eliminar o foco da ameaça terrorista global na Síria. 

De outro lado – a possibilidade de aumentar a sua própria contribuição para o combate ao terrorismo até o nível correspondente ao potencial dos Estados Unidos – os americanos continuam a condicionar por garantias de certas trocas pessoais nas autoridades da República Árabe da Síria. 

Washington concorda com que “Jabhat al-Nusra”, recentemente renomeado para “Jabhat Fateh al-Sham”, é uma organização terrorista, mas não aplica ataques aéreos contra este agrupamento, além disso, há quase um ano que se recusa a compartilhar conosco as informações sobre a localização dos membros da “Jabhat al-Nusra” e se tolera o fato de que os grupos da oposição armada síria, “supervisionados” por eles, interagem com terroristas no âmbito de sedes operacionais comuns. 

Verbalmente, as autoridades dos EUA repetidamente prometeram-nos conseguir a demarcação entre aqueles que eles consideram os participantes do regime da cessação das hostilidades, e os membros da “Jabhat al-Nusra” e estabelecer, deste modo, as condições para o fortalecimento do regime da cessação das hostilidades, a transição para um cessar-fogo em todo o país, mas as coisas, como se costuma dizer, não estão mudando. Ao invés de tomar medidas práticas nesse sentido, os americanos estão colocando cada vez mais novas condições, que de fato são destinadas a permitir aos membros da “Jabhat al-Nusra” e aos seus aliados de combate recuperarem o fôlego para eles continuarem o confronto coercivo com as tropas de governo da República Árabe da Síria.

Não há mais clareza quanto à posição dos Estados Unidos sobre a promoção de solução política do conflito sírio. Os alicerces de tal solução, como é sabido, foram acordados e aprovados nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, nas decisões do Grupo Internacional de Apoio à Síria, registrados no Comunicado de Genebra de 2012, e a Parte Americana fez uma contribuição significativa para a elaboração desses documentos.

Ao mesmo tempo, obviamente não está dando certo na área da implementação prática das disposições acordadas, inclusive do “roteiro” da regularização, principalmente devido à abordagem não construtiva daquela parte da oposição síria que está orientada, em particular, para os Estados Unidos. Entretanto, os americanos referem-se ao fato de que esta oposição é, primeiro, alegadamente independente e, segundo, escuta não só Washington, mas também algumas capitais regionais. 

Mas para trabalhar com tais oposicionistas e com aqueles que podem influenciá-los foi criado o assim chamado “Grupo de Amigos do Povo Sírio”. Qual é o resultado das suas atividades no que se refere ao estabelecimento de diálogo inter-sírio inclusivo, em conformidade com Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, não está claro.

Surge uma pergunta (e, provavelmente, não só entre nós): o que é isso – a impotência dos Estados Unidos ou uma postura consciente de alguém para que o conflito sírio demore a ser resolvido? A tentativa de flertar com os membros da “Jabhat al-Nusra” tem perigo de criar mais um monstro terrorista.

Oferecendo aos Estados Unidos e a outros parceiros abandonarem a retórica destrutiva, reafirmamos a disposição para a interação bona fide e eficiente no combate à ameaça universal de terrorismo na Síria e na região. Estamos prontos para continuar a fazer tudo o que pudermos, inclusive no âmbito dos formatos coletivos, a fim de ajudar os sírios a conseguirem a solução mais breve possível da crise prolongada na República Árabe da Síria, partindo da base jurídica internacional acordada.
Fonte: Embaixada da Rússia no Brasil.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Eleições 2016. Candidata Rose Sales propõe limitar acesso de grandes veículos a São Luís.

Do Repórter Maranhão - TV Brasil
Repórter Maranhão, telejornal local da TV Brasil, entrevistou hoje (26) a candidata à prefeitura de São Luís, Rose Sales, do Partido da Mulher Brasileira (PMB). Ela respondeu perguntas sobre tema livre, infraestrutura, mobilidade urbana e saúde. Ela é a quinta, de nove candidatos, que estão sendo entrevistados pelo telejornal. 


Confira abaixo a entrevista:
  
Pergunta do internauta Jorge Assunção: São Luís é cidade patrimônio da humanidade que não preserva o seu patrimônio arquitetônico. Temos um caso polêmico: o da estátua da Iara, retirada da base da praça do largo da Sé e hoje está em um museu. Colocaram um obelisco no lugar. Temos outros bustos na mesma situação. Como essa situação seria resolvida?

Rose Sales: Eu quero dizer para o Jorge, e para todo o nosso povo de São Luís, que o compromisso do governo Rose Sales, do governo do Partido da Mulher Brasileira (PMB), é também revitalizar e restaurar o nosso Centro Histórico, respeitar a nossa geração sociocultural e fortalecer nosso patrimônio, que hoje está muito abandonado. Faremos isso de uma forma bastante certa, com investimento focado para a revitalização, para devolver a garantia do uso fruto do Centro Histórico para todo o nosso povo. Para isso pensamos na garantia, não só da restauração do acervo arquitetônico da estrutura física dos nossos casarões, mas na garantia de um repensar da mobilidade urbana do Centro Histórico, da garantia de investimentos governamentais. Buscaremos não só a esfera do governo federal, mas também organismos internacionais.

Repórter Maranhão: Desde 2001, o Ministério Público tenta obrigar o município a restaurar as quase 30 feiras em São Luís. Sabemos que elas enfrentam diversas dificuldades de infraestrutura, saúde, higienização e outros. O que a senhora fará para resolver esses problemas?

Rose Sales: Nós temos 28 feiras e mercados, 36 feiras livres. Cheguei a apresentar com os feirantes e com os sindicatos de classes justamente uma prioridade do governo federal. Nós abrimos esse diálogo com o governo federal, pedindo que tivesse, durante o atual governo, uma remessa de recursos para a revitalização das feiras, mercados e feiras livres. Já tive oportunidade de fazer a reconstrução da Feira do Anil, que há 40 anos ninguém comercializava nada e adentrava. Faremos um plano de gestão compartilhada para as feiras, que eu construí junto com os feirantes e sindicatos, eu irei implementar. Nós iremos garantir a gestão compartilhada com a responsabilidade bem demarcada da prefeitura.

Repórter Maranhão: No Centro Histórico, você citou anteriormente que entre os problemas está a circulação de veículos naquela área. Muito já se fez para resolver o problema, inclusive estacionamento rotativo, mas a população não obedeceu essa legislação. De que forma pode-se resolver esse problema na mobilidade no Centro Histórico?

Rose Sales: Nós iremos fazer um trabalho de interligação, integração das políticas públicas. Não se faz garantia de direito, prestação de serviço ao cidadão, sem essa integração. Para haver o respeito e preciso ter educação do trânsito, nas escolas e campanha junto à população. Em relação ao Centro Histórico, nosso pensamento é garantir que não haja essa ampla circulação dos veículos pesados. Nós vamos instituir um Centro de Distribuição e Logística na zona rural de São Luís. Vamos limitar o acesso dos grandes veículos na cidade, isso vai influir no aspecto da pavimentação urbana e no Centro Histórico. Iremos construir uma nova cultura em relação ao trânsito no Centro Histórico, voltando ao estímulo de circulação de micro-ônibus para diminuir o impacto dos veículos de grande porte na área. Vamos constituir o plano cicloviário de São Luís, iremos investir em veículos de massa para que tenhamos uma qualidade e eficiência na garantia da mobilidade urbana.

Repórter Maranhão: Muito se fala na construção de novos hospitais, urgência e emergência e outros. Só que o problema de saúde é bem mais amplo, principalmente com a coleta de esgoto, que é bastante precária e isso faz com que doenças apareçam. Como será resolvida a questão da saúde da população?

Rose Sales: Iremos fazer um plano municipal de resíduo sólido, o plano municipal de gestão integrada de resíduo solido, uma perspectiva de olhar para toda ilha de São Luís. Há políticas estratégicas que iremos estimular, um processo de gestão através da interligação das várias prefeituras. A saúde, nós iremos estruturar a concepção dessa política, onde faremos um plano de gestão hospitalar. Faremos a restruturação dos Hospitais Socorrões I e II, das unidades mistas e lutaremos pela municipalizaçõo das nossas UPAs, buscando compactuar com o governo do estado uma gestão integrada.

Repórter Marnhão: Candidata, suas considerações finais.

Rose Sales: Quero dizer a toda São Luís, agradecendo à TV Brasil pelo espaço democrático, que a nossa candidatura é compromissada com o cidadão. Quero fomentar o asseguramento das políticas públicas e o funcionamento delas na forma real. Fazer investimento e crescimento dos setores produtivos, gerar novos postos de trabalho, abertura de novos negócios e fazer com que a política de geração de renda seja real no nosso governo. Como também da mulher, da pessoa com deficiência, da negritude, da juventude, de toda política de afirmação de direitos. Para isso que sou candidata a prefeita de São Luís, do Partido da Mulher Brasileira. Quero dizer que nossa candidatura representa um ganho para nossa cidade.

Edição: Carolina Pimentel

Eleições 2016 - STF autoriza emissoras a convidarem Candidatos de menor representatividade para debates eleitorais.

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Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na sessão desta quinta-feira (25) dar interpretação conforme a Constituição Federal a dispositivo da Lei 9.504/1997 para definir que os candidatos que têm participação garantida pela norma em debates eleitorais não podem vetar a presença de candidatos convidados pela emissora organizadora, mesmo que esse convidado não atenda ao requisito legal que garante a participação no evento.
A lei diz que a participação em debates está assegurada para candidatos de partidos que possuam mais de nove deputados na Câmara dos Deputados, facultada a participação dos demais pretendentes. Os ministros mantiveram, no entanto, as regras de distribuição de tempo da propaganda eleitoral.
A decisão foi tomada no julgamento conjunto das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 5423, 5487, 5488, 5491 e 5577, ajuizadas por partidos políticos e pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) para questionar pontos da chamada minirreforma eleitoral referentes à propaganda eleitoral gratuita e aos debates eleitorais no rádio e na TV.
O julgamento teve início nesta quarta-feira (24) com os votos dos relatores das ações, ministros Dias Toffoli e Rosa Weber, e dos ministros Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.
Propaganda eleitoral
A maioria do Plenário, a respeito das modificações legislativas referentes à propaganda eleitoral gratuita, acompanhou o voto do ministro Dias Toffoli, relator, pela improcedência da ADI 5491.
Para o STF, as regras estabelecidas pela Lei Eleitoral (artigo 47 da Lei 9.504/1997) quanto à distribuição do tempo de propaganda eleitoral de maneira proporcional ao número de representantes na Câmara dos Deputados respeitam os princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade.
Divergiram, neste ponto, os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Para o ministro Marco Aurélio, a lei, ao prever para os maiores partidos da coligação tempo maior de propaganda eleitoral, impõe barreira aos partidos menores. Segundo o ministro, sem o respeito do Estado pelas minorias, “é impossível cogitar-se de estado democrático”. O ministro Celso de Mello também defendeu que às minorias não pode ser vetado o direito de oposição. “A regra legal rompe a igualdade de participação dos que atuam no processo eleitoral”, disse.
Debate eleitoral
Quanto aos questionamentos das ADIs 5423, 5487, 5557 e 5488, nas quais os partidos atacavam as regras que restringem a participação das agremiações com menos de 10 parlamentares nos debates eleitorais, os ministros, por maioria, decidiram que as emissoras podem convidar candidatos de partidos de representatividade mínima no Congresso, sem que os candidatos aptos possam vetar essa participação. A proposta foi levantada no início do julgamento no voto do ministro Roberto Barroso pela parcial procedência da ADI 5487, para conferir interpretação conforme a Constituição ao parágrafo 5º, artigo 46, da Lei 9.504/1997.
Nesse ponto, o ministro Dias Toffoli reajustou seu voto e concordou com a proposta do ministro Barroso. Para Toffoli, a possibilidade de a emissora convidar para debate eleitoral candidato não apto pela lei, sem a necessidade da concordância dos demais candidatos, “pode sim trazer maior densidade democrática ao processo eleitoral”. Votaram nesse sentido também os ministros Edson Fachin, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia.
Pela procedência total da ação, votaram os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Neste ponto, para Celso de Mello, a regulação normativa não pode comprometer o debate público, sob pena de transgredir a democracia deliberativa, “o que culminaria por aniquilar o direito básico que impõe ao Estado respeito ao princípio de igualdade de oportunidades”.
O ministro Teori Zavascki divergiu e votou pela improcedência desta ação. Para o ministro, “incluir uma categoria de participante que não está na lei trata-se de inovação no sistema escolhido pelo legislador”. Zavascki foi acompanhado pela ministra Rosa Weber e, no mesmo sentido, já havia votado o ministro presidente, Ricardo Lewandowski, no início do julgamento da ação.
Resultado
No julgamento conjunto desta tarde, o Plenário decidiu, por maioria, pela improcedência das ADIs 5423, 5491 e 5577. Também por maioria, pela parcial procedência da ADI 5487, para dar interpretação conforme a Constituição Federal ao parágrafo 5º do artigo 46 da Lei 9.504/1997.
Ficou suspensa a proclamação do resultado do julgamento da ADI 5488 para aguardar a manifestação do ministro Luís Roberto Barroso, ausente justificadamente na sessão de hoje.
SP/FB
Processos relacionados
ADI 5487
ADI 5423
ADI 5488
ADI 5491
ADI 5577

Link: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=323850

Eleições 2016 - Candidato Eduardo Braide defende que São Luís protagonize a metropolização.

Do Repórter Maranhão - TV Brasil

O Repórter Maranhão, telejornal local da TV Brasil, entrevistou hoje (25) o deputado Eduardo Braide (PMN), candidato a prefeito de São Luís. Ele respondeu perguntas sobre cultura, mobilidade urbana, educação, cidadania, infraestrutura e ao tema livre. Ele é o quarto, de nove candidatos, que estão sendo entrevistados. 
 

Confira abaixo a entrevista:


Pergunta da telespectadora Vitória, produtora cultural: Gostaria de saber quais as propostas de políticas públicas para melhorar o acesso à cultura: música, cinema, teatro e tudo o que envolve a cultura popular do Maranhão e de forma gratuita.

Eduardo Braide: Em nosso plano de governo tem a instituição do programa municipal de cultura. É importante destacar que a cultura de São Luís não pode ficar resumida em dois períodos, que é o período de Carnaval e o período de São João, e esse programa municipal de cultura prevê a execução de ações e atividades culturais ao longo de todo ano com a participação de artistas locais tanto na parte de formação como na parte de finalização dos eventos culturais. Ao lado disso, nós temos a firme missão de implementar e ampliar o programa Pontos de Cultura do governo federal. Sabemos que o governo federal tem um trabalho belíssimo nessa área, mas que a atual administração não soube aproveitar como deveria. Nós ampliaremos esse programa, principalmente nas comunidades mais vulneráveis.

Repórter Maranhão: Como priorizar o transporte coletivo público diante de uma licitação [a licitação para o setor de transporte público foi realizada em junho] cujos vencedores foram as mesmas empresas que há décadas monopolizam o transporte público e diante de uma cidade que cresceu desordenadamente?

Eduardo Braide: Vamos começar pela questão do transporte público dos ônibus. Na prática, nós tivemos três aumentos de passagem, tivemos a retirada da domingueira [todos os usuários pagavam meia passagem aos domingos] e tivemos a implantação da biometria facial, que segundo a SMTT [Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte] reduziu em 20% as fraudes no sistema operacional de transporte. Mas, se por um lado, tivemos o lado econômico dos empresários, por outro lado não tivemos a melhoria da qualidade dos ônibus. Aí o que eu sugiro ao atual prefeito: que não assine nenhum contrato de concessão antes de termos os resultados das eleições. Não é justo ele como prefeito agora assinar um contrato que poderá ser revisto por um novo gestor. E em relação à mobilidade urbana, eu entendo que São Luís precise de um transporte de massa, primeiro para a área Itaqui Bacanga [área onde fica localizado o Distrito Industrial] e para a zona rural de São Luís. O grande problema do transporte de massa são as desapropriações. O traçado por onde o transporte vai gera muitas desapropriações e com isso um volume muito alto. Qual a solução que eu apresento para São Luís? Um tipo de transporte que foi implantado em Porto Alegre que é uma espécie de VLT na via terrestre e passa por elevações de concreto e essa elevação serve para reduzir os custos com desapropriação, fazer com que as pessoas permaneçam no seu local e tenham benefício no sistema de transporte.

Repórter Maranhão: São Luís vive em uma crise educacional com relação à infraestrutura das escolas, greves, atrasos no ano letivo e isso influencia negativamente o aprendizado. Qual a sua proposta político pedagógica para reverter essa situação?

Eduardo Braide: Nós precisamos, antes de falar em um plano pedagógico, é falar em ter a educação de forma normal, que é a educação regular, que não está sendo feita em São Luís. Daí eu proponho, em um primeiro momento, investimentos para haver melhorias na qualidade do nosso ensino. Nossa primeira proposta é a criação da guarda municipal escolar, porque primeiro, nosso maior patrimônio, são as nossas crianças, as nossas escolas. Aí você corta gastos com o serviço de terceirização de segurança e é exatamente com esses recursos que nós pretendemos reformar as escolas e ampliar, evidentemente, discutindo com a categoria, de que forma poderemos melhorar o sistema pedagógico em São Luís.

Repórter Maranhão: Qual o seu projeto para intensificar a rede de proteção à mulher e LGBT.

Eduardo Braide: No meu programa de governo tem um item específico que é o Cuidar das Pessoas. Na política voltada para a mulher, tem uma lei como deputado estadual [o candidato está em seu segundo mandato] que garante emprego e renda às mulheres que foram vítimas de violência doméstica. Basta ela apresentar o boletim de ocorrência ou o laudo de uma assistente social que será encaminhada junto à Secretaria de Estado do Trabalho e Economia Solidária para uma oportunidade de emprego e geração de renda. E em relação à política LGBT, é um grupo que precisa de atenção, precisa da mão do estado, no caso a prefeitura para que junto com eles discutam ideias para que possam ter a atenção necessária, seja na área da secretaria de saúde, seja na área da secretaria de educação. É uma política transversal que terá que ter a atenção de todas as secretarias do município.

Repórter Maranhão: A cidade sofre há décadas com o problema de abastecimento de água, de falta de coleta de esgoto. O senhor foi presidente da Caema [Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão] e não conseguiu resolver esse problema. Qual a sua proposta para resolver esse problema no âmbito municipal?

Eduardo Braide: Como presidente da Caema, fiquei um ano e três meses à frente da Caema, onde realizei o maior concurso público da história da Caema; criei o programa Água em Minha Casa, que foi levar água para os 100 municípios mais pobres do Maranhão e isso fez com que, de acordo com a Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios], o Maranhão tivesse aumentado o Índice de Desenvolvimento Humano. A solução para o abastecimento de água é a implantação do Sistema Italuís 2. Mas não adianta cobrar só da Caema se a prefeitura de São Luís não faz a sua parte. a prefeitura de São Luís nunca aprovou o seu plano de saneamento básico e, se até 2017, não implantar o plano municipal de saneamento básico, todos os recursos do governo federal, inclusive a duplicação do Italuís serão suspensos por uma omissão, uma ausência. Então, como prefeito, iremos debater o plano municipal de saneamento básico, e com a experiência que tenho de ter sido presidente da Caema, vamos buscar recursos tanto no âmbito federal, do Bird para que possamos tornar realidade a implantação do Italuís 2.

Repórter Maranhão: São Luís é um polo de atração populacional dentro da área metropolitana, influenciando o crescimento dos outros municípios. Como o senhor pretende trabalhar essa gestão metropolitana com os outros municípios?

Eduardo Braide: Fui o relator que instituiu a região metropolitana de São Luís, no ano passado. Fui relator da lei que prevê a criação da Agência Metropolitana, do Conselho Metropolitano, do Fundo Metropolitano, onde existe a previsão de recursos. Quero dar uma informação a você que nos assiste: São Luís hoje já não é composta apenas pelos quatro municípios [São Luís, Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar], mas por 13 municípios: Alcântara, os municípios da Região do Munim e até o município de Santa rita. A nossa ideia é que o prefeito de São Luís precisa ser o protagonista da metropolização e existem, inclusive, linhas de créditos exclusivas tanto do Banco Mundial, tanto do Bird para investir em regiões metropolitanas. No Congresso, discute-se até as formas de destinação de recursos do governo federal e um dos critérios será estabelecido o da destinação de recursos para as regiões metropolitanas, porque você resolve o problema de um grande contingente populacional, de problemas crônicos e você acaba tendo um impacto muito positivo no que diz respeito à vida dessas pessoas. Outra vantagem da região metropolitana é acabar com essa discussão estéril de dizer onde é Paço do Lumiar, onde é Ribamar, onde é Raposa. Isso é desculpa de quem não quer trabalhar. O verdadeiro gestor tem que trabalhar e a metropolização vai acabar com essa discussão dos limites.

Repórter Maranhão: Suas considerações finais.

Eduardo Braide: Quero agradecer a você que nos assiste, quero dizer que tenho um plano de governo para São Luís, para que São Luís seja uma cidade muito melhor. E é por isso que sou candidato a prefeito, com a experiência de ter sido gestor do Poder Executivo como presidente da Caema, como secretário municipal do orçamento participativo e por estar no meu segundo ano de mandato como deputado estadual e você pode ter certeza que com um plano de governo concreto é possível fazer de São Luís uma cidade muito melhor, uma cidade que você se orgulhe de morar. E eu quero também que São Luís se desenvolva e não pode ficar só nessa de esperar recursos estaduais e federais. É preciso criar seus próprios mecanismos de crescimento. Em nosso plano de governo existe a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico de São Luís para captar recursos de organismos internacionais e da iniciativa privada para que você more em uma cidade com ruas e avenidas melhores, com saúde melhor.

Nesta sexta-feira (26), a entrevistada no estúdio do Repórter Maranhão será Rose Sales (PMB).

Entrevistas


Os nove candidatos à prefeitura responderão a perguntas nas áreas de educação, saúde, esporte, mobilidade urbana, cidadania, infraestrutura e cultura. Os temas são sorteados ao vivo.

A participação do eleitor durante o programa está garantida. Perguntas poderão ser enviadas previamente por meio do telefone (98) 3334-3706, Whatsapp (98) 98506-1296, pelo e-mailjornalismo.ma@ebc.com.br e ou pela página do Repórter Maranhão no Facebook.

As entrevistas tem duração de 14 minutos. Os candidatos ainda tem 2 minutos para as considerações finais.

A ordem dos entrevistados foi definida por sorteio. As entrevistas são conduzidas pelas jornalistas Ely Coelho e Luanda Belo e transmitidas ao vivo pelo Facebook. A íntegra estará disponível na página do Repórter Maranhão na rede social.


Edição: Carolina Pimentel.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Para Londres, a propaganda é uma arte. Por Thierry Meyssan.

Foto - Voltairenet
Thierry Meyssan, faz aqui uma revisão quanto ao uso de crianças pela Coligação Internacional durante a guerra contra a Síria. Como em todas as guerras, esta contra a Síria dá lugar a uma avalanche de propaganda. E o argumento das crianças dá sempre resultado.
Assim, no início da guerra, o Catar queria demonstrar que a República, longe de servir o interesse geral, desprezava o Povo. A petro-ditadura difundiu, então, através do seu canal de televisão Al-Jazeera, a lenda das crianças de Deraa, torturadas pela polícia. Para ilustrar a crueldade do seu adversário, o Catar precisou que lhes haviam arrancado as unhas. É claro, apesar das suas pesquisas, nenhum jornalista encontrou o mínimo traço destas crianças. A BBC bem difundiu a entrevista de duas, mas elas tinham as unhas intactas.
Como a mistificação não era verificável, o Catar lançou uma nova história: a de uma criança, de Hamza, Ali Al-Khateeb (13 anos), que teria sido torturado e castrado pela polícia do «regime». Desta vez, dispunham de uma imagem de prova. Toda a gente podia observar nela um corpo sem sexo. Azar! A autópsia demonstrou que o corpo tinha sido mal preservado, que tinha fermentado e inchado. O ventre deformado escondia o sexo da criança, mais um falhanço.
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Neste jornal, Sir Arthur Conan Doyle imagina a captura de um espião alemão por Sherlock Holmes. O escritor trabalhava para o Gabinete da Propaganda de guerra.
No final de 2013, os Britânicos tomaram a cargo a propaganda de guerra. Eles dispõem de uma longa experiência na matéria, e são considerados como os inventores da moderna propaganda com o Gabinete de Propaganda de Guerra, criado na Primeira Guerra mundial. Uma das características dos seus métodos é sempre o de ter recorrido a artistas, já que a estética neutraliza o espírito crítico. Em 1914, eles recrutaram os grandes escritores da época –-como Arthur Conan Doyle, H.G. Wells ou Rudyard Kipling--- para publicar textos atribuindo crimes imaginários ao inimigo alemão. Depois, eles recrutaram os grandes jornais para espalhar as informações imaginárias dos seus escritores.
Assim que os norte-americanos assumiram o método britânico, em 1917, com o Comité de Informação Público, eles estudaram com mais profundidade os mecanismos de persuasão com a ajuda do jornalista vedeta Walter Lippmann e do inventor da publicidade moderna, Edward Bernays (o sobrinho de Sigmund Freud). Mas, convencidos do poder da ciência, eles esqueceram a estética quanto a este assunto.
No início de 2014, o MI6 britânico criou a empresa Innovative Communications & Strategies (InCoStrat) [Comunicações Inovadoras e Estratégias] à qual se deve, por exemplo, os magníficos logos dos grupos armados, do mais «moderado» ao mais «extremista». Esta empresa, que dispõe de escritórios em Washington e em Istambul, organizou a campanha destinada a convencer os Europeus a acolher 1 milhão de refugiados. Ela realizou a fotografia de Aylan Kurdi, afogado numa praia turca, e conseguiu em dois dias fazê-la publicar, como manchete, nos principais jornais atlantistas, em todos os países da OTAN e do Conselho de Cooperação do Golfo.
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A cada ano, antes da guerra, uma centena de pessoas morria afogada nas praias turcas mas ninguém falava sobre isso. E, acima de tudo, apenas os jornais sensacionalistas mostravam os cadáveres. Bom, mas esta fotografia estava tão bem enquadrada...
Como eu tinha salientado que um corpo não pode ser rejeitado pelo mar perpendicularmente às ondas, o fotógrafo explicou, depois do golpe, ter deslocado o cadáver devido às exigências da foto.
Esta foto do menino Omran Daqneesh (de 5 anos), numa ambulância em Alepo Oriental, é, além disso, acompanhada de um vídeo. Os dois meios permitem atingir tanto a imprensa escrita como as televisões. A cena é tão dramática que uma apresentadora da CNN não resistiu a chorar, ao vivo, ao vê-la. É claro, quando se reflete a propósito, observa-se que a criança não é cuidada por socorristas, que lhe providenciem os primeiros socorros, mas, sim, por figurantes (os «White Helmets») que o sentam em frente das objetivas.
Os realizadores britânicos não se importam com a criança que só lhes interessa para realizar as suas imagens. De acordo com a Associated Press, a fotografia foi tirada por Mahmoud Raslan, o qual vemos também no vídeo. Ora, segundo a sua conta do Facebook este homem é um membro de Harakat Nour al-Din al-Zenki (grupo apoiado pela CIA, que lhe forneceu mísseis anti-tanque BGM-71 TOW). Sempre segundo a sua conta do Facebook, e confirmado por um outro vídeo, foi ele pessoalmente quem, a 19 de julho de 2016, degolou uma criança Palestiniana, Abdullah Tayseer Al Issa (de 12 anos).
As leis europeias enquadram de forma estrita o papel de crianças na publicidade. Manifestamente, estas não se aplicam à propaganda de guerra.
Tradução - Alva