quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A reforma de Dilma no segundo escalão.


1 Fev 2012

Seja por denúncias de corrupção ou para dar um novo impulso em áreas estratégicas da Esplanada, presidente realiza mexidas em cargos-chaves de estatais, bancos e autarquias.

PAULO DE TARSO LYRA

A presidente Dilma Rousseff ampliou nos últimos dias o leque de mudanças no governo e passou a agir no segundo escalão da administração federal. Seja promovendo trocas por denúncias de corrupção — saída do presidente do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) e da Casa da Moeda — ou por vontade de dar um novo impulso ao governo — troca na Presidência da Petrobras e nas diretorias do Banco do Brasil —, ela tem implementado a filosofia da meritocracia e eficiência na máquina pública em todos os setores da máquina pública.

Segundo avaliação de especialistas em gestão, a presidente tem estilos próprios de mudanças. Um deles é aplicado nas áreas ligadas a ministérios cujos titulares permanecerão no governo. É o caso, por exemplo, das alterações promovidas nas 13 diretorias do Banco do Brasil ou da Petrobras. Nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem de Minas e Energia, Edison Lobão, estão ameaçados pela degola da reforma ministerial.

Por isso, a presidente aproveita para promover mudanças nos bancos e nas estatais a eles ligados. No caso dos ministérios que passarão pela reforma, a presidente deve esperar para definir os titulares da pasta e, só assim, mexer nos escalões inferiores.

Dilma já havia promovido, no ano passado, mudanças importantes na Caixa Econômica Federal, com a troca de Maria Fernanda Ramos Coelho por Jorge Hereda na presidência, um petista mais próximo a ela. Recentemente, a presidente também deu mais poder para a Caixa na execução dos recursos e administração dos contratos do Minha Casa, Minha Vida.

A decisão partiu da constatação, mostrada pelo Correio há duas semanas, de que o Ministério das Cidadas era ineficiente na gestão de um dos principais programas do governo. "Ela tem um modelo de administração muito próprio e impaciente. Se percebe que uma área está emperrada, ela procura caminhos alternativos para que as coisas funcionem", admitiu um parlamentar da oposição, reconhecendo as dificuldades que enfrentará para criticar a atual gestão.

Favorecimento

As trocas no Banco do Brasil e na Petrobras passaram pela mesma premissa. No primeiro caso, as mexidas nas diretorias antecederam uma perspectiva de resultado inferior ao esperado. Na Petrobras, a presidente claramente quis indicar um nome — Maria das Graças Foster — mais próximo a ela, para ter uma autonomia maior no orçamento de investimentos da estatal.

O caso do Dnocs também é emblemático. Dilma queria, desde o ano passado, promover mudanças na autarquia. A troca era bem vista pelo titular do Ministério da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Mas este quase foi tragado pelo turbilhão de denúncias de favorecimento ao seu estado natal, Pernambuco, com recursos destinados ao combate e prevenção contra enchentes. Bezerra sobreviveu à enxurrada e, quando conseguiu respirar, acertou com o Palácio do Planalto a exoneração de Elias Fernandes Neto do comando do Dnocs.

Já a troca na Casa do Moeda ocorreu por acusações de corrupção. Luiz Felipe Denucci deixou o cargo no sábado por suspeita de receber propina de fornecedores do órgão via duas empresas no exterior em nome dele e da filha. As "offshores" teriam recebido US$ 25 milhões de operações financeiras nos últimos três anos, como mostrou ontem o jornal Folha de S.Paulo.
 

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