quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PT filia até ex-integrantes do DEM e do PSDB

O Partido dos Trabalhadores abandona as restrições históricas e filia, em São Paulo, prefeitos que deixam partidos opositores

Por Agência Estado - 29 de Setembro de 2011 às 16:18
 


Agência Estado

O Partido dos Trabalhadores (PT) abandonou as restrições históricas para a inclusão de novos membros e anunciou um pacote de filiações que inclui até mesmo políticos remanescentes de siglas rivais, como PSDB e DEM. 

Nesta reta final do prazo estipulado pela justiça eleitoral para a filiação em partidos políticos dos interessados em se candidatar nas eleições municipais de 2012 - a data limite é 7 de outubro - pelo menos 57 lideranças de vários partidos, ou mesmo sem legenda, estão a caminho do PT no Estado de São Paulo.

De acordo com uma lista obtida com exclusividade pela Agência Estado, entre os novos filiados estarão o prefeito de Santa Lúcia, cidade na região de Araraquara, o tucano Antonio Carlos Abuabud Júnior. "Claro que aceitamos tucanos; o cara fez campanha para o Lula e o Mercadante e já tinha se convencido do nosso projeto", disse Edinho Silva presidente estadual do PT, sobre Abuabud Júnior.

"O namoro faz tempo que existe, minha ficha já foi levada ao PT, mas por problemas particulares, com o falecimento do meu pai, ainda não fechei essa questão", afirmou o prefeito, que foi convocado pela executiva do PSDB para prestar esclarecimentos sobre o assunto. "Acho que até o mês que vem resolvo isso, mas não estou tão preocupado, porque não sou candidato à reeleição", completou Abuabud Júnior.

Ao ser indagado sobre o fato de ter recebido ao menos seis integrantes ou ex-filiados do arquirrival DEM, Edinho rebateu: "o objetivo é ter lideranças que estão saindo de outros partidos para fortalecer o PT no Estado; são pessoas que fizeram a opção, apoiaram Dilma, ou defendem nossos projetos nas cidades", disse. Entre os ex-Democratas ou em processo de desfiliação do partido, estão o prefeito de Álvares Machado, Juliano Ribeiro Garcia e o vice-prefeito de Guarantã, Élio Piccello.

Aliados
Até mesmo aliados do PMDB foram alvos da investida petista. Entre eles o ex-candidato a prefeito de Praia Grande em 2008 e ex-presidente do PMDB local Alexandre Cunha, o qual tentará novamente comandar a cidade do litoral paulista, mas pelo PT, no próximo ano. O PMDB paulista agiu rápido à saída de Cunha, dissolveu o diretório do partido na cidade e trouxe o ex-tucano e ex-deputado estadual Cássio Navarro para comandá-lo interinamente. "O Cunha foi correto conosco, nos comunicou que estava saindo do PMDB rumo ao PT e trouxemos o Cássio para ou ser candidato a prefeito ou a vice do PSDB em 2012", disse o deputado estadual Baleia Rossi, presidente do PMDB paulista.

Edinho Silva rechaçou as informações de que existe um movimento dentro do PT para isolar apoiadores da pré-candidata à prefeitura de São Paulo, a senadora Marta Suplicy, em prol da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad. "Isso não é verdade, pois derrotar a Marta é derrotar o PT, já que ela é nossa maior liderança na capital", afirmou.

Ucrânia garante US$ 250 milhões para base de lançamento em Alcântara.

Brasília. Ucrânia garante US$ 250 milhões para base de lançamento em Alcântara. Em visita ao Ministério da Defesa brasileiro, Mykhailo Bronislavovych Yezhel propõe ampliação da cooperação tecnológico-militar, o ministro da Defesa da Ucrânia, disse hoje que a Ucrânia integralizará sua parte da sociedade na Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional criada para comercializar serviços comerciais de foguetes e satélite a partir do Maranhão. “Já temos os recursos, da ordem de US$ 250 milhões, que serão investidos a partir de outubro próximo. 

Também estamos abertos a transferir tecnologia para um novo lançador de satélites, o Cyclone 5, que será produzido em conjunto com o Brasil”, garantiu.

O ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, afirmou que a ACS é um projeto estratégico para o Brasil. “A maior parte do programa está sob controle da Agência Espacial Brasileira, o Ministério da Defesa tem apenas uma pequena participação, mas o aporte prometido é uma excelente notícia, que abre boas perspectivas de cooperação tecnológica entre os dois países”, comemorou.

Mykhailo Bronislavovych Yezhel chegou ao prédio do Ministério da Defesa brasileiro às 11h30. O ministro Celso Amorim recebeu-o na entrada. Em seguida, no Salão Nobre, apresentou-o ao chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general-de-exército José Carlos De Nardi, e aos comandantes da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, e do Exército, general-de-exército Enzo Martins Peri.

A comitiva ucraniana incluiu representantes das maiores empresas de defesa do país, como a Antonov, fabricante de aviões de carga, e da Agência Ucraniana de Estaleiros, holding que controla a indústria naval, responsável pela construção de todos os porta-aviões e metade da esquadra de superfície da ex-União Soviética.

Durante a reunião bilateral, o ministro ucraniano propôs a fabricação de navios-patrulha de 500 toneladas e destacou o interesse de seu país em participar da concorrência para a construção, no Brasil, de cinco navios escolta de 6.200 toneladas e de cinco navios-patrulha de 1.800 toneladas. Também levantou possibilidades de cooperação no desenvolvimento de mísseis terra-terra de 300 quilômetros de alcance e de mísseis antiaéreos.

Yezhel fez amplo relato das potencialidades da indústria militar ucraniana na área de blindados e no campo aeronáutico. Ressaltou as qualidades do cargueiro Antonov An-70, capaz de carregar 38 toneladas e pousar em pistas não-preparadas e curtas, e do avião de patrulha Antonov An-168, com autonomia de 12 horas.

Depois de elogiar as oportunidades oferecidas pelo Cyclone 5, o ministro Amorim lembrou que o Brasil já investe em um avião cargueiro de projeto nacional, o KC-390, da Embraer; na produção de blindados sobre rodas, o Guarani, e de um navio-patrulha de 500 toneladas. 


Ao mesmo tempo, mostrou interesse no avião-patrulha e na possibilidade de cooperação com a Ucrânia para desenvolver um projeto de navio-aeródromo.

“Nosso maior interesse é obter tecnologia para desenvolver a indústria nacional e já desenvolvemos inúmeros projetos”, disse o ministro brasileiro. “Podemos verificar, com o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) e os comandos das Forças, onde existe complementaridade para que possamos desenvolver programas de cooperação.”

Acordos

Brasil e Ucrânia assinaram dois acordos-quadro, de cooperação tecnológico-militar e de segurança de informações, em outubro de 2010, ainda não ratificados pelo Congresso Nacional. Estão previstas várias áreas de atuação conjunta na área de preparação de pessoal e nos campos aeronáutico, espacial, de equipamentos terrestres e naval. Segundo Yezhel, o Ministério da Defesa do seu país já implantou os grupos de trabalho para estudar possíveis nichos de cooperação.

Celso Amorim prometeu agilizar a formação dos grupos no Ministério da Defesa brasileiro, mas disse que há total interesse na área de treinamento e intercâmbio de pessoal. “Podemos implementá-la antes mesmo da ratificação dos acordos pelo Congresso”, afirmou.

http://www.defesanet.com.br/space/noticia/2938/Ucrania-garante-US$-250-milhoes-para-base-de-lancamento-em-Alcantara

Acesso à informação gera democracia.

Lei pode garantir direitos humanos, qualidade de serviços, controle da corrupção. Mas ex-presidente afastado por crime de responsabilidade tenta descaracterizar o projeto.

Patrícia Cornils

ARede nº73 setembro de 2011 - O Brasil é um dos poucos países onde não existe uma Lei de Acesso à Informação Pública. Em todo o mundo, cerca de 90 nações já têm legislação sobre esse assunto. Entre as grandes democracias ocidentais, a única exceção é a Espanha. Uma lei desse tipo regulamenta a forma de tornar disponíveis, para a sociedade, as informações que o poder público detém. Abrir esses dados já é uma obrigação legal, porque o direito de acesso à informação é garantido pelos artigos 5º e 37º da Constituição Federal. Mas uma lei específica vai muito além disso.  Sem acesso a informações sobre como atuam governos de todas as instâncias, o Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, empresas públicas e o Judiciário, entre outros órgãos, é impossível consolidar uma democracia.

Como diz o especialista Fabiano Angélico, jornalista pós-graduado em estudos sobre transparência de dados e combate à corrupção, “compartilhar informação é compartilhar poder”. Não há como monitorar nossos representantes sem conhecimento das informações públicas. Não há como verificar se determinada política é eficaz sem saber seus resultados. Não há como garantir direitos como educação e saúde, sem saber quais recursos estão sendo usados para quê, como são definidos os orçamentos, os números de vagas em hospitais, em escolas, por exemplo.

Essas informações, recolhidas e consolidadas com recursos públicos, pertencem, na verdade, à sociedade. O Estado é apenas seu guardião. Por que, então, o Brasil ainda não conseguiu ter sua lei de acesso à informação? O Projeto de Lei 41/2010 entrou no Congresso em 2003. Foi aprovado pela Câmara só em 2010. E agora corre o risco de ser totalmente desfigurado, no Senado, caso seja aprovado um relatório substitutivo elaborado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Nesta entrevista, Fabiano fala sobre a importância do projeto, destaca os principais pontos e explica por que o Brasil não pode se tornar um país desenvolvido sem uma lei de acesso à informação.

Por que é importante ter uma Lei de Acesso à Informação Pública?
Fabiano Angélico – A lei de acesso é uma lei geral, uma espécie de marco regulatório no que diz respeito ao acesso dos cidadãos a informações que estão nas mãos dos governos. Isso é importante por muitos motivos, mas há três questões fundamentais. A primeira é uma questão de direitos humanos. E não me refiro somente a arquivos de ditaduras. A gente entende direitos humanos de uma maneira mais ampla, como direitos civis, sociais, políticos. O acesso à informação é fundamental, por exemplo, para garantir o acesso a creches. É uma obrigação legal do Estado oferecer educação infantil. Mas, se a Secretaria de Educação não informa quantas creches há na cidade, quantas crianças há em idade de ir à creche, fica difícil garantir esse direito. Essas informações estão em poder do Estado, dos governos. Para que a sociedade possa cobrar, monitorar, exigir seus direitos, precisa ter informação.

O acesso à informação pública é um direito 
do cidadão?
Angélico –
O direito à informação está inscrito no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse artigo fala sobre a liberdade de expressão. Tem um trecho em que fica bem claro que as pessoas têm direito de manifestar suas opiniões e de requisitar, recolher e difundir informações públicas. Nos últimos anos, foram feitas revisões nesse texto. E cada vez que um relator especial da ONU se debruça sobre o tema, ele reforça ainda mais o conceito de que essas informações estão sob custódia de governos e entes públicos, mas pertencem à sociedade. O direito à informação faz parte do direito à expressão. Quando o direito à informação é cerceado, sua livre expressão do pensamento também está sendo cerceada.

Por que é importante ter acesso aos arquivos da ditadura militar?
Angélico – A gente precisa resolver e punir as atrocidades cometidas durante a ditadura para interromper uma cultura de violência que está instalada no aparelho repressor do Estado. O Brasil fez uma transição política, mas as forças policiais e esses tipos de órgãos públicos não mudaram seus procedimentos porque nunca houve sanção ou qualquer espécie de punição. Em países vizinhos, como o Uruguai e o Chile, onde militares foram presos, a gente vê que a violência policial é menor. Claro que existe uma relação de causa e efeito entre uma coisa e outra. No Brasil, os policiais, os órgãos repressores se sentem como se estivéssemos em uma ditadura, porque nunca houve punição.

Você falou em três motivos importantes pra aprovar a lei. Qual é o segundo?
Angélico –
O combate à corrupção. Um dos grandes facilitadores da corrupção é a falta de transparência. Um economista estadunidense chegou a cunhar uma fórmula: corrupção = monopólio + arbitrariedade – transparência. Nesse caso, não se trata só do monopólio empresarial, sobre um mercado. Pode ser o monopólio de tomada de decisão, quando um gestor público, sozinho, monopoliza a tomada de decisão. Se isso é feito em um ambiente de arbitrariedade, por exemplo, sem critérios objetivos de por que se deve comprar determinado produto em vez de outro, e também em um ambiente sem transparência, haverá corrupção. A pessoa escolhe, sozinha, qual fornecedor, quanto vai pagar. Ninguém questiona aquela decisão, ninguém olha o que o executor faz. Uma das armas para combater a corrupção, embora não seja a única, é a transparência. Como assegurar a transparência, de uma forma legítima e institucionalizada? Com uma lei geral de acesso à informação pública, que detalhe quais informações as pessoas têm direito a receber, quais devem ser publicadas, como será o sistema de resposta a pedidos de informação, qual será a punição do funcionário público que negar a informação.

E o terceiro motivo?
Angélico –
É o mais importante: uma lei de acesso à informação pública tem como consequência maior efetividade (fazer a coisa bem feita) e eficácia (fazer a coisa certa) das políticas públicas. Primeiro porque, com uma lei assim, o Estado vai precisar criar a cultura do registro, de catalogar as informações. Muitas vezes a gente pede a informação e o órgão público diz que não tem. E muitas vezes é verdade, não é má-fé do gestor público. Há pouca profissionalização e às vezes as informações não são registradas. Com uma lei de acesso, os órgãos públicos passam a ser obrigados a registrar suas informações. A segunda coisa é o seguinte: quando o funcionalismo público perceber que todos os seus atos, todas as suas decisões, todos os seus gastos, as suas despesas estarão sob escrutínio público, vai andar mais na linha. Não só em termos de não desviar recursos, mas no sentido de cumprir com suas obrigações. Quando o Estado estiver mais visível, a gente vai conseguir detectar, com mais clareza, qual setor está funcionando ou não, qual funcionário público falta mais, não cumpre suas obrigações,  não faz seu trabalho direito. Uma lei geral de acesso, indiretamente, melhora a gestão pública.

Por que o Brasil não tem uma Lei de Acesso à Informação Pública?
Angélico –
Há várias hipóteses, mas a principal é que o Brasil ainda não tem uma sociedade civil forte, atuante, embora nossa tendência seja pensar o contrário. Episodicamente as pessoas, as organizações, se unem em torno de um tema. Mas não há uma sociedade civil que realmente demanda do Estado. Não há uma imprensa forte e independente. Nos países onde foi aprovada uma lei de acesso à informação a sociedade civil teve papel crucial. O sociólogo Betinho, fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), dizia que no Brasil as pessoas não procuram direitos, procuram privilégios. Muitas vezes as pessoas olham para o Estado, para o governo, querendo um cargo, um emprego, vender determinado produto ou serviço. As pessoas lidam com o governo para tentar receber privilégios.

O segundo motivo é uma crítica bem pessoal. 
A sociedade civil discute muito qualitativamente as ideias, as ideologias, mas não faz análises mais duras, mais quantitativas dos fatos. Por exemplo, o projeto Ficha Limpa. Foi uma coisa interessante, demonstrou uma certa coesão, certa força da sociedade civil, mas a gente acabou se frustrando porque a  Ficha Limpa não entrou em vigor na última eleição. E não entrou em vigor porque foi mal elaborada, mal redigida. Uma das razões pelas quais eu acho que o Brasil não tem instituições fortes e leis boas é porque nos raros momentos em que a sociedade civil se mobiliza tem muito voluntarismo, muita paixão, muita ideologia, no sentido negativo da palavra. Com esses assuntos, a gente tem que ser muito pontual, exato.

Muitas vezes a sociedade e mesmo os líderes dos movimentos não acompanham as coisas com a precisão científica necessária. Os textos chegam ao Congresso e a acordos de líderes juntando cinco ou seis lideranças de partidos. Eles mudam uma coisa aqui, colocam uma vírgula ali, para tornar o projeto aceitável para todos e vão esvaziando o sentido. Colocam um monte de adjetivos, advérbios de modo... “no que couber, vamos...”. Como, “no que couber”? O que significa isso? No relatório do ex-presidente Collor sobre a lei de acesso, essas mudanças nem foram sutis. Ele deu uma pancada no projeto de lei. Alterou pontos cruciais (ver  página 22). Se o substitutivo for aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, onde Collor é o relator, suas modificações podem ser retiradas no Senado. Mas é preciso que as pessoas acompanhem esse processo, sob pena de termos uma lei para inglês ver.

O projeto que está no Senado, sem as modificações recomendadas por Collor, é um bom projeto?
Angélico –
A lei de acesso é complicada para pegar. Porque se refere mais a processos. E as pessoas estão mais preocupadas com resultados do que com processos. O que uma lei de acesso discute é como ter acesso à informação, quem vai dar, qual a sanção. Isso é técnico demais. Até por conta disso, como a mídia não deu o destaque que deveria e a população não acompanhou o tema, os políticos acabaram sentindo menos a pressão e por um lado foi até bom. O texto passou na Câmara de modo satisfatório. Tem buracos, questões que em outros países estão mais bem resolvidas, mas não é uma proposta ruim. Vai ficar, se o substitutivo do Collor for aprovado.

Quais são os pontos bons?
Angélico –
Do jeito que chegou ao Senado, o que tem de interessante e inovador é a amplitude do escopo. Em muitos países, a lei rege os atos do Poder Executivo. No Brasil, vai se aplicar ao Executivo, ao Legislativo, ao Judiciário, aos estados e municípios, às empresas estatais. É bem ampla, isso é muito bom. O segundo aspecto é que a lei incorporou aspectos de tecnologia. Determina que as informações devem ser publicadas na internet em formato aberto, legível por máquina, para que possa ser reprocessado. E esse é exatamente um dos pontos que Collor propõe eliminar.

E as lacunas?
Angélico –
A principal lacuna é a falta de um órgão centralizador. Nos principais países onde há legislação elogiada foi criado um órgão que centraliza essas questões. É importante porque informação é poder. Essa é uma frase do Francis Bacon, de 1506. Veja há quanto tempo já se sabe disso... Então, quando alguém compartilha informação, está compartilhando poder. Daí a tendência de recusar esse compartilhamento. Se as pessoas têm seus pedidos de informação negados, vão recorrer a quem? Por isso esse órgão responsável é importante, porque é o órgão revisor dos pedidos. Do jeito que está a proposta de lei, a gente vai ter de recorrer ao superior imediato de quem negou a informação. Se não der, vai ao Ministério Público. E à Justiça. É um caminho tortuoso. Além disso, um órgão centralizador funciona como propagador da lei. A lei de acesso à informação é um meio. A finalidade é a transparência, é as pessoas usarem as informações para melhorar o serviço público e a qualidade de vida. É preciso que esse direito seja difundido, que as pessoas saibam que têm esse direito. Um órgão centralizador tem a função de fazer seminários, debates.

E há ainda o tempo em que as informações ficam em sigilo, não é?
Angélico –
Toda boa lei de acesso considera a transparência, a divulgação das informações, como a regra. O segredo é a exceção. Informações sensíveis, como as informações privadas (nomes, endereços, dados da vida privada) têm de ser protegidas. Informações que podem colocar em risco a segurança nacional, também. Esse é um escopo reduzido em relação ao total de informações em posse do poder público. Nas legislações mais avançadas, o prazo máximo de ocultação é de 10, 12 anos. No México são 12 anos. 
Na proposta de lei brasileira, é de 25 anos, prorrogáveis por mais 25. Na prática, 50 anos. 
É muito tempo!

Antes da divulgação do relatório do senador Collor a lei estava parada no Senado?
Angélico –
A primeira vez que essa lei entrou no Congresso foi pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), em 2003. Ficou parada até 2009, quando o governo Lula encampou o projeto por pressão dos setores que se organizam em torno do tema e se formou uma comissão especial para examiná-lo. O PL 41/2010 foi aprovado na Câmara em abril de 2010, com um texto razoavelmente bom, e foi para o Senado. Desde então estava parado. Por que? O Senado é o órgão que reúne os oligarcas estaduais. Quando eles se deram conta da amplitude desse negócio, ficaram assustados. Os senadores Collor e Sarney se colocaram contra o projeto..

Como ajudar a pressionar pela aprovação da lei?
Angélico –
Existe o Fórum de Direito de Acesso (www.informacaopublica.org.br), coordenado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne vários órgãos de classe, como a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público Democrático. Mais recentemente, no começo do ano, criamos o Movimento Brasil Aberto, que é mais amplo, tem o apoio da Transparência Hacker e da ONG Artigo 19, um ator importante nessa discussão.

Você pode dar exemplos de uso efetivo do direito de acesso à informação?
Angélico –
A Índia aprovou uma lei recentemente. Lá houve uma inovação, porque nos países de língua inglesa a lei se chama, geralmente, Freedom of Information Act (Ato da Liberdade de Informação). A Índia tem inglês como língua oficial, mas lá a lei se chama Right of Information Act (Ato do Direito à Informação). É um detalhe, mas  inscreve a lei em outra ordem de coisas. Não diz respeito àquela noção um pouco liberal de que o Estado é um mal necessário, que não pode interferir muito na vida das pessoas e tem de ser vigiado. De um tempo para cá, a ideia se ampliou, diz respeito a um direito do cidadão. Na Índia teve um caso recente, que virou reportagem do jornal The New York Times. Em uma região mais pobre do país, o governo local iniciou um programa de habitação, em que dava recursos, dinheiro mesmo, aos cidadãos, para comprarem suas casas. Uma idosa reparou que todos os vizinhos estavam recebendo, e ela não. Com o apoio de uma ONG local, pediu informações, de acordo com a legislação. Pediu a lista de beneficiados e os critérios de seleção. E foi contemplada na semana seguinte, porque ficou claro que ela atendia esses critérios.

A ideia é que qualquer cidadão possa pedir a informação.
Angélico –
Qualquer cidadão, é um direito. O projeto original, sem as modificações do senador Collor, prevê que você não precisa se identificar, dizer por quê ou para quê. O custo de armazenar, manter e localizar a informação é do Estado. O que pode ser cobrado do cidadão é o valor da cópia.

Dá para ser um país desenvolvido sem ter uma boa Lei de Acesso à Informação?
Angélico –
Não. Porque a questão da informação está ligada ao poder. Quando a informação não é compartilhada, o poder não é compartilhado. Quando o poder não é compartilhado, a gente não tem democracia. Há uma correlação entre direito à informação e desenvolvimento econômico. Os três primeiros países a ter leis de acesso à informação, no mundo, foram a Finlândia, a Suécia e os Estados Unidos. Entre as grandes democracias ocidentais, a Espanha é o único país que não tem lei de acesso. Não foi só por isso que os espanhóis saíram às ruas este ano, mas a ausência de uma Lei de Acesso à Informação demonstra que o poder está concentrado, que não há canais para fiscalizar, pressionar, se expressar.


Collor estropiou o projeto
Este é o resumo de um post de Fabiano Angélico no seu blog, Algumas Notas Soltas, sobre o relatório do ex-presidente Fernando Collor ao Projeto de Lei 41/2010, a Lei de Acesso à Informação Pública.

1 – Collor suprimiu a expressão “independentemente de solicitações”. Ele argumenta que o princípio da publicidade já está expresso na Constituição e escreve: “(c)laro que essas informações têm que ser solicitadas sob pena de se fazer com que a Administração venha a despender grandes recursos materiais, pessoais e temporais na divulgação de todas as informações que possam ser consideradas de interesse público”. Com essa alteração, o relatório destrói um dos princípios basilares das boas leis de acesso: o princípio da Obrigação de Publicar.

2 – O ex-presidente suprimiu três parágrafos do art 7º que visam a garantia da veracidade dos dados e a evitar a manipulação de informações por parte dos governantes.

Aparentemente, o ex-presidente quer deixar espaço para que os governantes possam definir enquadramentos para as informações. Aqui, o ex-presidente atinge outro princípio basilar de um governo aberto: a Divulgação Máxima.

3 – O ex-presidente retirou a obrigação de se publicar na internet
“Assim, buscamos aperfeiçoar o art. 8º, § 2º, do Projeto (…), retirando a obrigatoriedade de divulgação de informações na rede mundial de computadores (internet), transformado-a em possibilidade” . Ele também suprimiu uma das inovações mais interessantes do PLC 41: a publicação de informações em formato eletrônico aberto, legível por máquinas. Também suprimiu a obrigação de publicar os dados brutos, sem tratamento.

4 – O senador Collor também suprimiu o termo “controle social”
“Ali suprimimos o inciso V, uma vez que não há clareza no significado do ‘desenvolvimento do controle social da Administração Pública’. O que viria a ser esse controle? Como ele é exercido?”

5 – O ex-presidente também retirou a obrigação negativa dos governos sobre a exigência de motivação para pedidos de informação. Pelo PLC 41, qualquer pessoa pode pedir informações governamentais sem a necessidade de apresentar justificativa. As melhores leis de acesso preveem essa garantia. Afinal, as informações que estão na mão dos governos pertencem a todos os cidadãos, que pagam os impostos que, por sua vez, financiam a Administração Pública. Portanto, os verdadeiros detentores das informações somos todos nós. Não precisamos justificar a razão para pedir uma informação que é nossa.

http://www.arede.inf.br/inclusao/edicoes-anteriores/183-edicao-no-73-setembro2011/4703-entrevista
http://algumasnotassoltas.wordpress.com

O outro lado da foto do estudante que “atacou” Lula na Bahia

por Conceição Lemes.

Terça-feira, 27 de setembro, do meio da tarde ao  início da noite. Durante todo esse período o Estadão on-line  não destacou  na capa nenhuma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebendo   o título de doutor honoris causa do respeitadíssimo Instituto de Estudos Políticos de Paris – o Sciences-po. É a primeira vez que a instituição pela qual passou parte da elite francesa concede o título a um latino-americano. É sua sétima condecoração.

Diferentemente de terceira-feira passada, 20 de setembro, quando Lula recebeu o honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Estadão on-line manteve na capa, do início da tarde ao final da noite, esta foto:



Afinal de contas, o que aconteceu? Estudantes ligados ao Diretório Central dos Estudos (DCE) da UFBA resolveram “brigar” com Lula? Ele até fechou os olhos com “medo de apanhar” de um mais “exaltado?

Nada disso. Mais uma demonstração de que a mídia corporativa está mais ligada em fazer política do que em noticiar e a escolha das fotos e manchetes “faz parte”.

O competente jornalista Fernando Brito, conhecedor profundo dos desejos mais sombrios da imprensa brasileira (foi por 20 anos assessor de Leonel Brizola e hoje está com Brizola Neto), denunciou a foto no excelente Tijolaço:

A capa do Estadão on-line é uma incrível expressão de um desejo mal contido de nossa grande imprensa. Olhem aí ao lado, como Lula sofre o “ataque” de um manifestante que participava do “protesto” que “tumultou” a cerimônia de entrega do título de “Doutor Honoris Causa” ao ex-presidente na Universidade Federal da Bahia.
O jornal transforma reivindicação – 10% do PIB para a Educação, algo mais do que justo que se peça numa Universidade – em protesto e o sucesso do ato em tumulto. É só ler como são descritos o “protesto” e o “tumulto” pelo próprio jornal, lá na matéria:

Como não havia espaço no salão onde ocorria o evento, os estudantes tiveram de ficar do lado de fora. Depois, conseguiram entrar no salão, onde acompanharam o fim das homenagens a Lula e voltaram a gritar palavras de ordem – enquanto pegavam autógrafos do ex-presidente nos próprios cartazes nos quais estavam escritas as reivindicações.

Afinal, quem era o “agressor”? Depois de uma porção de ligações para Salvador acabei chegando a Tâmara Terso, estudante de Comunicação e coordenadora-geral  do DCE da UFBA.

 Tâmara Terso, a chefa da “turba”

– Tâmara, você sabe quem é o aluno que queria “bater” no Lula?

– kkkkkkkkk É o Maltez, o Fernando Maltez, do setor de comunicação do DCE.

– Vocês foram à reitoria protestar contra o Lula?

– Nãããããããããããããããããããããããããããããããão! O que aconteceu foi o seguinte. Nós estávamos fazendo uma manifestação na UFBA, pedindo mais dinheiro para a saúde, para a educação… 

Aí ficamos sabendo que Lula estava na reitoria, recebendo o honoris causa. Fomos pra lá. Além de conhecer o Lula pessoalmente,  queríamos que ele posasse com o nosso cartaz, pedindo 10% do PIB para Educação.

– E a foto com Fernando “partindo pra cima” do Lula?             

–  Na hora, o Maltez correu, agarrou a mão de Lula. Todos nós caímos na risada.

Fernando Maltez tem 24 anos, é torcedor do Bahia (como Tâmara) e está no último semestre do curso de Direito.

– Fernando, conta a verdade, você queria “descer o braço” no Lula?

– De jeito nenhum. Sou o maior fã. Admiro a história de vida de Lula, tenho consciência do bem que ele fez para o Brasil. É um exemplo para nós brasileiros, é um exemplo para o mundo.

–  E o que aconteceu?

– Na hora, todo mundo queria autógrafo de Lula. Teve aluno que pediu pra Lula autografar até no cartaz que carregava.

– Ele autografou?

– Claro. Só que eu não tinha caneta, papel, nada na mão. Aí, disse: “Lula, não tenho, papel, caneta, então me dá um abraço?!”

– Ele deu?

– Claro! Foi o dia mais emocionante da minha vida.

– E a foto do Estadão?

– Já ri muito. Estou famoso (rsr). Agora, pense bem, companheira: “Eu sou da Juventude do PT, você acha que eu iria bater em Lula? Nunca! Pode perguntar pro próprio Lula, se não foi isso o que aconteceu.

Em tempo. Finalmente, há pouco, o Estadão on-line colocou na capa a foto de Lula com o honoris causa do Sciences-po.  Só diferentemente da semana passada, quando a foto do “ataque” na  Bahia foi inserida no texto, ficando numa posição fixa, a dessa terça estava no slide show com mais cinco imagens, que se alternavam na tela.



















Fernando Maltez, o “agressor”: “Lula, não tenho, papel, caneta, então me dá um abraço?!”

http://www.viomundo.com.br/humor/o-outro-lado-da-foto-do-estudante-que-atacou-lula-na-bahia.html 

Eles merecem o reconhecimento.

 
Nesta quinta-feira (29), às 10h, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana (Cohafuna), em São Luís, a governadora Roseana Sarney estará reunindo prefeitos dos 217 municípios maranhenses para apresentação dos resultados dos 11 Seminários Regionais de Lideranças, cujas demandas da sociedade integrarão o Plano Plurianual (PPA 2012/2015) do Governo do Estado.

Entretanto, é importante fazer o reconhecimento aos secretários Hildo Rocha (Articulação Política) e Luís Fernando Silva (Casa Civil), pois foram eles que conduziram e acreditaram em todo o processo para a realização de todos os Seminários Regionais de Lideranças.

Durante cada um dos 11 Seminários, foram os dois secretários que estavam à frente e fizeram com que o projeto inovador, idealizado pela governadora Roseana, fosse de fato possível e viável.

“O levantamento foi feito com a participação de quem vive a realidade do dia a dia dos municípios e ninguém conhece melhor os municípios do que quem lá vive. Por isso, todos devem saber dos encaminhamentos que serão dados às demandas apresentadas nos seminários”, declarou Rocha.

As cidades de Rosário, Santa Inês, Presidente Dutra, São João dos Patos, Pedreiras, Timon, São Bento, Balsas, Imperatriz, Itapecuru-Mirim e São Luís, foram os municípios que sediaram os Seminários Regionais que sempre contaram com o apoio tiveram o apoio da Federação dos Municípios do Maranhão (FAMEM), Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Em quatro meses, os secretários Hildo Rocha; Luís Fernando Silva e Fábio Gondim (Planejamento, Orçamento e Gestão) levantaram informações, a partir de apresentação de demandas e sugestões das lideranças dos municípios (prefeitos, vereadores, comunidades), que subsidiarão o governo na elaboração do PPA 2012/2015.

“Pela primeira vez teremos um quadro de metas de governo regionalizado, em que escolas, hospitais e estradas construídas como resultado das reivindicações apresentadas nos seminários. O PPA terá a cara do cidadão”, ressaltou Luís Fernando.

Sendo assim, Hildo Rocha e Luís Fernando, irão para o encontro da próxima quinta-feira com o sentimento de dever cumprido e com a consciência de que fizeram o melhor e conseguiram transformar algo teórico em verdadeiramente prático.
Do blog de Jorge Aragão
 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Prostituta mineira dá palestras sobre empreendedorismo

Ana Claudia Silvestre, 23 anos, 4 apartamentos em áreas nobres de Belo Horizonte e R$ 780 mil investidos em fundos de renda fixa. Com um patrimônio estimado em 2 milhões de reais a ex-funcionária da C & A hoje se tornou uma das mais bem sucedidas jovens empreendedoras do país.

Hoje suas palestras são disputadas pelo mercado corporativo e estão orçadas em cachês semelhantes ao do técnico Bernardinho (seleção brasileira de vôlei) aproximadamente R$ 45 mil por 50 minutos de lições de vida.

Ana Claudia nos sites de prostituição era conhecida Bárbara, e os clientes a apelidavam carinhosamente de ‘filhinha’. Trabalhou dos 16 aos 19 anos como embaladora na C & A e decidiu ingressar na prostituição para pagar a faculdade. Estudante de pós-graduação em Bussiness Law ela transformou sua experiência na cama em cases de sucesso que são temas de artigos científicos em sua extensa bibliografia.

A criação de diferenciais competitivos foi a receita do sucesso de Ana Claudia neste mercado extremamente competitivo. Compilamos algumas de suas principais dicas de como enriquecer com prazer:

01. Homem gosta de demonstrar poder por meio de suas realizações financeiras. Não aceite lembrancinhas, quem gosta de lembrança é vítima de mal de Alzheimer.

02. Cerveja não é bebida de vencedores. Se não tiver dinheiro para um espumante peça água com gás. Glamour agrega valor a sua marca.

03. Foco na satisfação do cliente. Esposa pode ter pudores, mas a mulher de aluguel jamais. Encantar o cliente antecipando suas demandas é fundamental.

04. Lustre o ego do cliente. Elogie os pontos positivos de sua performance ou do corpo. Se ele não tiver nenhum ponto a ser elogiado invente. O prazer sexual do homem não reside no orgasmo e sim na satisfação de ter ‘dominado’ uma fêmea.

05. A incompletude é a maior virtude de um empreendedor. O cliente precisa ter no imaginário que nunca conseguiu esgotar suas possibilidades e ficar a desejar o que estar por vir.

Ana Claudia em três anos acumulou um patrimônio de R$ 2 milhões e vive uma vida de muito conforto e elegância. Atualmente fixou seu cachê para encontros sexuais em R$ 15 mil para reduzir o fluxo de atendimentos e se dedicar a conclusão de sua monografia e as palestras em todo Brasil.

Ela atribui seu sucesso ao fato de ter levado para a vida profissional os conhecimentos acadêmicos oferecidos pelo curso de Administração de Empresas.

Mais uma vez a Educação fazendo a diferença na vida das pessoas…
 

 Autor:
Por Gunter Zibell - SP
Atualizado às 23:52
A matéria é uma paródia, de gozação [Nota : polêmica da boa, que pode unir feministas contrárias à exploração aos macho-moralistas de plantão. Ou não!!!]

O Furo II. Alessio Rastani: Quem governa o mundo é a Goldman Sachs.

Alessio Rastani: Quem governa o mundo é a Goldman Sachs

A sinceridade que deixou o mundo estupefato (na BBC). Obrigado ao Daniel, que nos indicou o vídeo já traduzido (português de Portugal):



comenta´rios postado no viomundo.com.br - Houve várias teorias conspiratórias, como se ele fosse da Yes Man, só que foi negado pelo grupo. A Forbes o entrevistou e confirmou que ele é apenas um investidor da bolsa, mas não é nenhum gênio das finanças, como revelado pelo Telegraph. Mas nada disso mancha sua sinceridade, o Kid Dynamite (um ex-investidor) até escreveu sobre o ocorrido, e segundo ele, não conseguiu entender por que de tanto alvoroço. 

O que Alessio fala no vídeo é o que pensa quase todo investidor da bolsa de valores. O que isso nos mostra é como boa parte das pessoas não fazem a mínima idéia de como funciona o mercado financeiro e se chocam quando alguém aponta o óbvio. Destaca também a fraude que são os "think tanks", "pundits" e outras aberrações levadas à tv pelos donos do poder. "O rei está de cuecas! Apontou o menino, e a platéia ficou em choque!"

links relevantes:

http://www.forbes.com/sites/emilylambert/2011/09/27/trader-or-prankster-we-called-alessio-rastani-and-asked/

http://www.telegraph.co.uk/finance/economics/8792829/BBC-financial-expert-Alessio-Rastani-Im-an-attention-seeker-not-a-trader.html

http://kiddynamitesworld.com/why-are-you-making-such-a-big-deal-about-alesso-rastani/

PT rejeita filiações de companheiros sarneístas


O Diretório Municipal do PT vetou a filiação do técnico de futebol Sandow Feques, de  Fauzy Beydoun, líder da banda Tribo de Jah, do professor Dimas Salustiano e de Chico Barros. Eles podem recorrer agora ao Diretório Estadual do partido. Os quatro estão engajados no “Novo PT”, nova corrente criada com apoio do vice-governador Washington Luiz. 

O “novo” aí quer dizer: nada de radicalismos. E radicalismo significa não aceitar acordos com os Sarney. Em palavras de boteco: novo=oportunismo.

Pesou contra os quatro o argumento de que eles não têm militância e estavam buscando o PT apenas para disputar as eleições do próximo ano. A decisão mais apertada foi a de Sandow Feques. A filiação dele foi rejeitada por 5 votos a 4.

Contra Dimas  Salustiano (ex-PT, ex-PCdoB e agora querendo retornar ao PT)  e Chico Barros pesou ainda outro argumento: postura política indefinida. A rejeição das filiações confirma que no PT nada é mais velho do que o “novo”.

http://www.robertokenard.com/politica/2011/09/28/pt-rejeita-filiacoes-de-companheiros-sarneistas/

Íntegra do discurso de Lula na Sciences Po


 
Minhas amigas e meus amigos,
É uma grande honra, para mim, receber o título de Doutor Honoris Causa do Instituto de Ciências Políticas de Paris. Honra que se torna ainda maior por eu ser o primeiro latino-americano a recebê-lo.
Estou profundamente grato à direção da Sciences Po e a todos os seus professores, funcionários e alunos por me conferirem uma láurea tão prestigiosa.
Esta casa, a um só tempo humanística e científica, é reconhecida e admirada no mundo todo por seus elevados propósitos e pela excelência do seu corpo docente e discente.
É uma instituição que representa de modo exemplar o compromisso da França com a liberdade intelectual, a dignidade da política e o aperfeiçoamento permanente da democracia.
Representa essa França consciente de suas conquistas materiais e espirituais, ciosa de seus valores civilizatórios, mas nem por isso menos aberta a povos e mentalidades diferentes, à compreensão do outro.
Essa França insubmissa e libertária que, durante séculos, inspirou – e continua, de alguma forma, inspirando – a trajetória de muitos países, entre eles o Brasil.
Essa França que, desde o século 18  até os dias atuais, é tão relevante para o Brasil, seja no terreno das ideias políticas e sociais, seja na esfera da educação e da cultura, seja no que se refere às parcerias produtivas e tecnológicas.
Minhas amigas e meus amigos,
Mais do que um reconhecimento pessoal, acredito que este título de Doutor Honoris Causa é uma homenagem ao povo brasileiro que nos últimos anos vem realizando, de modo pacífico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social, dando um enorme salto histórico rumo à prosperidade e à justiça. Depois de prolongada estagnação, o Brasil voltou a crescer de modo vigoroso e continuado, gerando empregos, distribuindo renda e promovendo inclusão social.
Deixamos para trás um passado de frustrações e ceticismo. Os brasileiros e as brasileiras voltaram a acreditar em si mesmos e na sua capacidade de resolver problemas e superar obstáculos, por mais difíceis que sejam.
Graças a um novo projeto de desenvolvimento nacional, com forte envolvimento da sociedade e intensa participação popular, conseguimos tirar 28 milhões de pessoas da miséria e levamos 39 milhões de pessoas para a classe média, no maior processo de mobilidade social da nossa história.
Em oito anos e meio foram criados 16 milhões de novos empregos formais. O salário mínimo teve um aumento real de 62%, e todas as categorias de trabalhadores fizeram acordos salariais com ganhos acima da inflação.
Além disso, implantamos vários programas de transferência direta de renda, dos quais se destaca o Bolsa Família, que é o principal instrumento do Fome Zero e, no final do ano passado, beneficiava 52 milhões de pessoas.
Dessa forma, a desigualdade entre os brasileiros atingiu o menor patamar em 50 anos. Nos últimos dez anos, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 10%, enquanto a dos 50% brasileiros mais pobres teve um ganho real de 68%.
O consumo se ampliou em todas as classes, mas no segmento popular cresceu sete vezes.
Os pobres passaram a ser tratados como cidadãos. Governamos para todos os brasileiros e não apenas para um terço da população, como habitualmente acontecia.
Acreditamos firmemente que o desenvolvimento econômico precisa estar a serviço da redução das desigualdades sociais, sem paternalismo, promovendo a inclusão das pessoas mais pobres à plena cidadania.
Acreditamos, igualmente, que isso pode, deve e será feito sem que se descuide do equilíbrio macroeconômico, combatendo com firmeza a inflação.
Minhas amigas e meus amigos,
Ao mesmo tempo em que resgatávamos grande parte de nossa dívida social, trabalhamos para modernizar o país, preparando-o para os desafios produtivos e tecnológicos do século 21.
Investimos fortemente em educação, pesquisa e desenvolvimento. Orgulho-me de ter criado 14 novas universidades federais e 126 extensões universitárias, democratizando e interiorizando o acesso ao ensino público.
Também lançamos o Reuni, um programa para fortalecer o ensino público universitário, com a valorização dos docentes.
Ele contribuiu para que dobrássemos o número de matrículas nas instituições federais.
Mas não ficamos restritos a isso e instituímos o Prouni, um sistema inovador de bolsas de estudo em universidades particulares. Com ele, garantimos que 912 mil jovens de baixa renda pudessem cursar o ensino superior.
E a oportunidade não foi desperdiçada: os jovens com bolsas do Prouni têm-se destacado em todas as áreas, liderando em muitos casos os exames nacionais de avaliação feitos pelo Ministério da Educação. Ou seja, bastou uma chance e a juventude brasileira deu firme resposta ao mito elitista segundo o qual a qualidade é incompatível com a ampliação das oportunidades.
Também me orgulho muito de termos inaugurado 214 novas escolas técnicas federais, que criaram possibilidades inéditas de formação profissional para a juventude.
A boa qualidade do ensino na rede de escolas técnicas federais também abre as portas para as universidades, mesmo para quem trabalha durante o dia inteiro, porque durante o meu governo aumentamos o número de vagas nos cursos universitários noturnos.
Esses jovens têm que continuar sonhando, têm que lutar para conquistar o doutoramento, para trabalhar nos diversos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que existem no Brasil.
Deixamos de considerar a educação como um gasto para tratá-la como investimento que muda a vida das pessoas e do país. Por isso, em meus dois mandatos, triplicamos o orçamento do Ministério da Educação, que saltou de 17 bilhões de reais para 65 bilhões de reais em 2010.
Essas mudanças eram imprescindíveis, pois a garantia de acesso à educação de qualidade, da pré-escola aos cursos de pós-graduação, é um dos principais instrumentos para promover a igualdade social, combater a pobreza e assegurar um desenvolvimento econômico, científico e tecnológico sustentável em longo prazo.
A educação foi colocada como prioridade estratégica para o país. O investimento público direto em educação passou de 3,9% do Produto Interno Bruto em 2000  para 5% em 2009. E, agora, a presidenta Dilma Rousseff assumiu o compromisso de ampliar o investimento em educação progressivamente até atingir 7% do Produto Interno Bruto.
Minhas amigas e meus amigos,
O Brasil já tem muito a mostrar no segmento de pesquisa e desenvolvimento. A Lei da Inovação, aprovada em dezembro de 2004, incentivou as universidades a compartilhar seus projetos de pesquisa e desenvolvimento com as empresas públicas e privadas, para alavancar a inovação tecnológica no ambiente produtivo.
O número de cientistas envolvidos em pesquisa e desenvolvimento passou de 126 mil em 2000 para 211 mil em 2008. E o número de patentes depositadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) cresceu de 21 mil em 2000 para 280 mil em 2009.
Além disso, o governo federal destinou 41 bilhões de reais ao setor de pesquisa e inovação no período de 2007 a 2010, através do Programa de Aceleração do Crescimento.
Minhas amigas e meus amigos,
Uma das preocupações do meu governo – e que continua a ser um firme compromisso da presidenta Dilma – foi garantir que o crescimento econômico e os investimentos estruturantes fossem sustentáveis do ponto de vista ambiental.
Nos últimos anos, o Brasil superou a falsa contradição que opunha o desenvolvimento à sustentabilidade ambiental.  Nesse período, a taxa de desmatamento caiu 75%.
Em nosso governo, fixamos como meta reduzir as emissões de CO2 entre 36% e 39% até 2020. Esse compromisso foi incorporado à Política Nacional de Mudanças Climáticas, apresentada em Copenhague, em dezembro de 2009, e posteriormente transformada em lei pelo Congresso Nacional.
O Brasil é uma referência no enfrentamento dos desafios ambientais do século 21, pois é responsável por 74% das unidades de conservação criadas no mundo desde 2003. Também alcançamos recentemente o menor nível de desmatamento dos últimos 22 anos.
Minhas amigas e meus amigos, os avanços que conquistamos nos últimos anos foram possíveis porque praticamos intensamente a democracia. Não nos limitamos a respeitá-la – o que é um dever –, mas levamos suas possibilidades ao limite, promovendo um amplo processo de participação social na definição das políticas públicas.
Estabelecemos uma nova relação do Estado com a sociedade, na qual todos os setores sociais foram ouvidos, mobilizados, e puderam discutir não somente com o governo, mas também entre eles próprios. Multiplicaram-se os canais de interlocução da sociedade com o Estado, o que contribuiu de modo decisivo para que crescimento econômico e desenvolvimento social caminhassem juntos.
Para tanto, realizamos 74 conferências nacionais entre 2003 e 2010, precedidas por reuniões em níveis municipal e estadual, que contaram com a presença de cerca de 5 milhões de pessoas.
Discutimos e aprofundamos nessas conferências temas importantes: do meio ambiente à segurança pública; dos transportes à diversidade sexual; dos direitos dos indígenas às políticas de telecomunicações; da igualdade racial à política nacional de saúde, dentre muitos outros.
Conselhos de políticas públicas, com ampla representação popular, foram criados junto a todos os ministérios.
Em outras palavras, apostamos decididamente na política. Porque sempre acreditamos na força da política como promotora da emancipação individual e coletiva.
A participação política é o melhor antídoto contra a alienação e as tentações autoritárias.
Eu próprio sou produto da política. A luta sindical me deu a convicção de que era necessário incorporar os trabalhadores às decisões políticas.
Foi por isso que, em 1980, criamos o Partido dos Trabalhadores, que em menos de 20 anos tornou-se o maior partido de esquerda da América Latina e chegou à Presidência da República. Também construímos a maior a central sindical da América Latina, a Confederação Única dos Trabalhadores.
Tenho a plena convicção de que os problemas da sociedade só podem ser resolvidos com mais democracia e mais envolvimento da sociedade no exercício do poder.
Minhas amigas e meus amigos,
O Brasil não está sozinho nessa trajetória virtuosa, que reuniu democracia, desenvolvimento econômico e justiça social.
A esperança progressista do mundo, hoje, navega no vento que sopra do Sul.
A América do Sul não é mais o estuário dos problemas do mundo, e sim a mais promissora fronteira da luta pela justiça social em nosso tempo.
Sem os países em desenvolvimento, não será possível abrir um novo ciclo de expansão que combine crescimento, combate à fome e à pobreza, redução das desigualdades sociais e preservação ambiental.
No momento em que se está constituindo um mundo multipolar, a América do Sul afirma a sua presença no plano internacional, renovando a confiança em si e na capacidade de seus povos de construir um destino comum de democracia e crescimento econômico com inclusão social.
Vivemos numa região de paz. Não há ódio religioso entre nós. Os governantes de todos  os nossos países foram eleitos em pleitos democráticos e com ampla participação popular. A democracia é o nosso idioma comum.
Minhas amigas e meus amigos,
Avançamos muito no Brasil nos últimos anos. Ampliamos a inclusão social e a democracia se fortalece cada vez mais. Elegemos, pela primeira vez na nossa história, uma mulher para a Presidência da República.
Fizemos muito, mas ainda há muito por ser feito. E o governo da presidenta Dilma Rousseff assume esta responsabilidade.
Lançou o programa Brasil sem Miséria para erradicar totalmente a extrema pobreza.
Fortaleceu a área da educação, ao ampliar o programa e ensino técnico e aumentar o número de bolsas de estudos no exterior.
O lançamento de uma nova política industrial, com o programa Brasil Maior, fortalecerá a inovação e a competitividade.
Por último, quero enfatizar que o conhecimento e a informação são cada vez mais importantes para o aprimoramento espiritual da Humanidade e também para viabilizar o progresso econômico e o bem-estar dos povos.
O governante que não enxerga isso, não está preparado para governar uma Nação. Governante que não sonha não transmite esperança. Agradeço novamente à Science Po por ter sido agraciado o título de Doutor Honoris Causa e estou honrado por fazer parte do seleto grupo de pessoas que mereceram esta honra.
Muito obrigado.