segunda-feira, 27 de março de 2017

Como as raízes do Cerrado levam água a torneiras de todas as regiões do Brasil.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39391161
O rio São Francisco está secando, haverá cada vez menos água em Brasília e a cidade de São Paulo terá de aprender a conviver com racionamentos.
João Fellet – BBC.
O alerta é do arqueólogo e antropólogo baiano Altair Sales Barbosa, que há quase 50 anos estuda o papel do Cerrado na regulação de grandes rios da América do Sul.
Ele diz à BBC Brasil que a rápida destruição do bioma está golpeando um dos pilares do sistema: a gigantesca rede de raízes que atua como uma esponja, ajudando a recarregar os aquíferos que levam água a torneiras de todas as regiões do Brasil.
Formado em antropologia pela Universidade Católica do Chile, doutor em arqueologia pré-histórica pelo Museu de História Natural de Washington e professor aposentado da PUC-Goiás, Barbosa conta que a água que alimenta o São Francisco e as represas de São Paulo e Brasília vem de três grandes depósitos subterrâneos no Cerrado: os aquíferos Guarani, Urucuia e Bambuí.
Os aquíferos são reabastecidos pela chuva, mas dependem da vegetação para que a água chegue lá embaixo.
Barbosa afirma que muitas plantas do Cerrado têm só um terço de sua estrutura acima da superfície e, para sobreviver num ambiente com solo oligotrófico (pobre em nutrientes), desenvolveram raízes profundas e bastante ramificadas.
“Se você arrancar uma dessas plantas, vai contar milhares ou até milhões de raízes, e quando cortar uma raiz e levá-la ao microscópio, verá inúmeras outras minirraízes que se entrelaçam com as de outras plantas, formando uma espécie de esponja.”
Esse complexo sistema radicular retém água e alimenta as plantas na estação seca. Graças a ele, as árvores do Cerrado não perdem as folhas mesmo nem mesmo no auge da estiagem – diferentemente do que ocorre entre as espécies do Semiárido, por exemplo.
Barbosa conta que, quando há excesso de água, as raízes agem como esponjas encharcadas, vertendo o líquido não absorvido para lençóis freáticos no fundo. Dos lençóis freáticos a água passa para os aquíferos.
O professor diz que essa dinâmica começou a ser afetada radicalmente nos anos 1970, com a expansão da pecuária e de grandes plantações de grãos e algodão pelo Cerrado.
A nova vegetação tem raízes curtas e não consegue transportar a água para o fundo.
Pior: entre a colheita e o replantio, as terras ficam nuas, fazendo com que a água da chuva evapore antes de penetrar o solo. Em alguns pontos do Cerrado, como no entorno de Brasília, o uso de água subterrânea para a irrigação prejudica ainda mais a recarga dos aquíferos.
Em fevereiro, Brasília começou a racionar água pela primeira vez na história – e meses antes do início da temporada seca.

Migração de nascentes

Conforme os aquíferos deixaram de ser plenamente recarregados, Barbosa diz que se acelerou na região um fenômeno conhecido como migração de nascentes.
Para explicar o processo, ele recorre à imagem de uma caixa d’água com vários furos. Quando diminui o nível da caixa d’água, o líquido deixa de jorrar dos furos superiores.
Com os aquíferos ocorre o mesmo: se o nível de água cai, nascentes em áreas mais elevadas secam.
Ele diz ter presenciado o fenômeno num dos principais afluentes do São Francisco, o rio Grande, cuja nascente teria migrado quase 100 quilômetros a jusante desde 1970.
O mesmo se deu, segundo Barbosa, nos chapadões no oeste da Bahia e de Minas Gerais: com a retirada da cobertura vegetal, vários rios que vertiam água para o São Francisco e o Tocantins sumiram.
O professor diz que a perda de afluentes reduziu o fluxo dos rios e baixou o nível de reservatórios que abastecem cidades do Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Em 2017, segundo a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), o número de municípios brasileiros em situação de emergência causada por longa estiagem chegou a 872, a maioria no Nordeste.
Já em São Paulo as chuvas de verão aumentaram os níveis das represas e afastaram no curto prazo o risco de racionamento. Mas Barbosa afirma que a maioria dos rios que cruza o Estado é alimentada pelo aquífero Guarani, cujo nível também vem baixando.
O aquífero abastece toda a Bacia do Paraná, que se estende do Mato Grosso ao Rio Grande do Sul, englobando ainda partes da Argentina, Paraguai e Uruguai.

Fotografia do passado

Bastaria então replantar o Cerrado para garantir a recarga dos aquíferos?
A solução não é tão simples, diz o professor. Ele conta que o Cerrado é o mais antigo dos biomas atuais do planeta, tendo se originado há pelo menos 40 milhões de anos.
Segundo ele, olhar para o Cerrado é como olhar para uma fotografia do passado.
“O Cerrado já atingiu seu clímax evolutivo e precisa, para o seu desenvolvimento, de uma série de fatores que já não existem mais.”
Ele exemplifica: há plantas do Cerrado que só são polinizadas por um ou outro tipo de abelhas ou vespas nativas, várias das quais foram extintas pelo uso de agrotóxicos nas lavouras. Essas plantas poderão sobreviver, mas não serão mais capazes de se reproduzir.
O Cerrado também é uma espécie de museu porque muitas de suas plantas levam séculos para se desenvolver e desempenhar plenamente suas funções ecológicas. É o caso dos buritis, uma das árvores mais famosas do bioma, que costuma brotar em brejos e cursos d’água.
Barbosa costuma dizer que, quando Cabral chegou ao Brasil, os buritis que vemos hoje estavam nascendo.
Mesmo plantas de pequeno porte costumam crescer bem lentamente. O capim barba-de-bode, por exemplo, leva mais de mil anos para atingir sua maturidade. Barbosa diz ter medido as idades das espécies com processos de datação em laboratório.

Parceria com animais

Sabe-se hoje da existência de cerca de 13 mil tipos de plantas no Cerrado, número que o torna um dos biomas mais ricos do mundo. Dessas espécies, segundo o professor, não mais que 200 podem ser produzidas em viveiros.
Ele conta que a ciência ainda não consegue reproduzir em laboratório as complexas interações entre os elementos do bioma, moldadas desde a era Cenozoica.
Barbosa diz, por exemplo, que muitas plantas do Cerrado têm sementes que são ativadas apenas em situações bem específicas. Algumas delas só têm a dormência quebrada quando engolidas por certos mamíferos e expostas a substâncias presentes em seus intestinos.
Há ainda sementes que precisam do fogo para germinar. Contrariando o senso comum, Barbosa diz que incêndios naturais são essenciais para a sobrevivência do Cerrado e podem ocorrer de duas formas.
Uma delas se dá quando blocos de quartzo hialino, um tipo de cristal, agem como lentes que concentram a luz do sol, superaquecendo a vegetação.
A outra ocorre pela interação entre algumas plantas e animais do Cerrado, entre os quais a raposa, o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e o cachorro-do-mato-vinagre.
Segundo Barbosa, esses mamíferos carregam no pelo uma carga eletromagnética que, em contato com gramíneas secas, provoca faíscas.
O professor diz que o fogo é necessário não só para ativar sementes, mas para permitir que gramíneas secas, que não têm qualquer função ecológica, sejam substituídas por plantas novas.
“Se a gramínea seca fica ali, não tem como rebrotar, então é preciso dessa lambida de fogo natural pra limpar aquele tufo.”
Os incêndios também são importantes, segundo ele, para que o solo do Cerrado continue pobre – afinal, foi nesse solo que o bioma se desenvolveu.
“O fogo é paradigma para quem pensa na preservação. Se você pensa como agrônomo, o fogo é nocivo, porque acentua o oligotrofismo do solo.”

Estancar os danos

Quando deixa de haver incêndios naturais, os animais e insetos nativos desaparecem e as plantas do Cerrado são derrubadas, é quase impossível reverter o estrago, diz Barbosa.
Mesmo assim, ele defende preservar toda a vegetação remanescente para estancar os danos.
Barbosa diz torcer para que, um dia, a ciência encontre formas de recuperar o bioma.
“Claro que você não vai reocupar toda a área que está produzindo [alimentos], mas você pode pelo menos tentar amenizar a situação nas áreas de recarga de aquíferos.”
Sua preocupação maior é com a fronteira agrícola conhecida como Matopiba, que engloba os últimos trechos de Cerrado no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos anos, a região tem experimentado uma forte expansão na produção de grãos e fibras.
“Se esse projeto continuar avançando, será o fim: aí podemos desacreditar qualquer possibilidade, porque não teremos nem matriz para experiências em laboratório.”
Nesse cenário, diz Barbosa, os aquíferos do Cerrado rapidamente se esgotarão.
“Os rios vão desaparecer e, consequentemente, vai desaparecer toda a atividade humana da região, a começar das atividades agropastoris.”
“Teremos uma convulsão social”, ele prevê.
Foto: Plantas do cerrado atuam como uma imensa esponja, recarregando aquíferos que abastecem rios e reservatórios
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.

Link: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39391161

Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF manifesta preocupação com reestruturação da Funai.

Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF manifesta preocupação com reestruturação da Funai


Leia a íntegra da nota pública divulgada pelo órgão.
A Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR/MPF) divulgou nota pública em que alerta para o risco de fragilização da política indigenista nacional a partir da modificação da estrutura da Funai, com "cortes radicais de cargos e funções", prevista no Decreto Presidencial 9010, publicado na última sexta-feira, 24 de março.
Confira a íntegra:
“Pelo fortalecimento e não precarização da Funai.
A 6ª Câmara de Coordenação e Revisão (6ª CCR) do Ministério Público Federal manifesta profunda preocupação com o conteúdo do Decreto 9.010, publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira, dia 24 de março, pelo qual realiza modificação na estrutura da Fundação Nacional do Índio – Funai, com cortes radicais de cargos e funções.

A decisão do Presidente da República e do Ministro da Justiça, tomada sem qualquer consulta prévia aos povos indígenas, fragiliza ainda mais a política indigenista no Brasil, com encolhimento da instituição responsável pela proteção e pela promoção dos direitos dos índios. 
O governo federal é diretamente responsável pela precarização do licenciamento ambiental e da demarcação de terras indígenas, questões estratégicas para sobrevivência dos povos indígenas.
O Ministério da Justiça, bem assim outras relevantes esferas do governo federal, tem conhecimento pessoal e direto das recomendações contidas na comunicação da Relatora Especial para os Povos Indígenas, da ONU, Victoria Tauli-Corpuz, que constatou que a situação dos povos indígenas no Brasil é a mais grave desde 1988, recomendando ao final, o fortalecimento da FUNAI e a efetiva demarcação e proteção das terras indígenas.
Impõe-se a imediata revogação do decreto de reestruturação como forma de evitar o retrocesso social. A permanência do ato sujeita a União a ações judiciais, e o Brasil a sério risco de responsabilização internacional por violações a direitos humanos.

Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF"
Secretaria de Comunicação Social - Procuradoria-Geral da República
(61) 3405-6406 / 6415 - pgr-imprensa@mpf.mp.br - facebook.com/MPFederal
twitter.com/mpf_pgr.


Leia o texto integral do Decreto N° 9.010 de 24 de março de 2017. no link abaixo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/ D9010.htm

Israel e a falência moral das Nações Unidas.



Enquanto as Nações Unidas hesitam, covardemente submissas a Estados Unidos e Israel, o Estado judeu continua com a prática de atividades criminosas contra a Palestina.

por Lawrence Davidson, tradução de btpsilveira.

24 de março de 2017 - "Information Clearing House" Em 15 de março de 2017 a Comissão Econômica e Social para a Ásia ocidental (ESCWA na sigla em inglês – NT) das Nações Unidas, publicou um relatório  sobre o comportamento e as políticas de Israel relacionadas à Palestina. Usando como parâmetro Lei Internacional o relatório chega à “conclusão definitiva de que o Estado de Israel é culpado de praticar o Apartheid.”O termo “apartheid” usado no relatório não tem um sentido meramente “pejorativo”. Foi usado para descrever a realidade de um comportamento, escorado em fatos e evidências que fazem aceitável o significado legal do termo.

O tumulto que o relatório causou imediatamente nos Estados Unidos e em Israel foi tão grande que o Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, em um momento de decadência moral, ordenou que o relatório fosse retirado. O presidente da ESCWA, o diplomata jardaniano Rima Khalaf, decidiu que não poderia fazer isso e ficar em paz com sua consciência, e preferiu apresentar sua renúncia.

Reportagem - A cobertura inicial do jornal New York Times sobre o incidente não chamou atenção, embora a acurácia da reportagem que, se lida atentamente, poderia ao menos ter mostrado aos leitores do jornal as reais condições dos palestinos sob a dominação de Israel. Em vez disso, o New York Times chamou a atenção dos envolvidos na produção da reportagem. Por exemplo: o jornal informou a seguir que “o relatório provocou indignação de Israel e Estados Unidos”. A embaixadora dos EUA para a ONU, Nikki R. Haley, foi citada como tendo declarado que “quando alguém produz relatórios falsos e difamatórios em nome da ONU, deve mesmo renunciar.” Em nenhum lugar do relato, o NYT informa que o que é falso são as declarações de Haley, não o relatório da ESCWA. O New York Times tentou consertar os danos com outra cobertura sem conseguir muito.

NYT deveria prestar atenção o fato de que, entre os autores do relatório, está o antigo investigador para direitos humanos Richard Falk Ele serviu seis anos como relator especial das Nações Unidas nos territórios ocupados. De acordo com o New York Times sua presença deixou muitos israelenses “irritados” já que consideram que Falk é “anti semita”. Há algo de errado com um jornal que, mesmo pensando ser o parâmetro universal do jornalismo profissional, dá voz a essas calúnias sem avaliá-las apropriadamente. Richard Falk, que por sinal é judeu, tem um histórico acadêmico e profissional impecável obtido no serviço púbico. Sua reputação de honestidade e dedicação à causa dos direitos humanos exemplifica de forma admirável a prática dos valores judeus. Assim ele tem razão ao afirmar que “fui vilipendiado no esforço feito para desclassificar o relatório” – um estudo que “tentou fazer as coisas da melhor forma possível com as evidência encontradas e com a análise legal em nível profissional”.

O comportamento israelense

Através de uma consideração objetiva, é difícil escapar da realidade brutal das atitudes israelenses, apoiada oficialmente pelo Estado.

Em 17 de março de 2017, ao mesmo tempo em que se forçava a retirada do relatório da ESCWA, o Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou um relatório sobre “as graves violações contra crianças palestinas” que vivem sob ocupação israelense. Trata-se do “relatório do país sobre condutas relacionadas aos direitos humanos” que é divulgado anualmente pelo Departamento. Entre os problemas citados estão condutas israelenses como detenção à revelia da lei, confissões forçadas e uso excessivo da força, como a tortura e assassinato.

Normalmente, todo ano o Departamento de Estado torna público o relatório. Este ano, Rex Tillerson, Secretário de Estado de Trump, ainda não deu as caras. Claro que Trump também não publicou nenhum de seus característicos tweets sobre a questão do comportamento bárbaro de Israel.

No início do ano, em 08 de fevereiro, foi relatado que “Israel proibiu a entrada de gás anestésico na Faixa de Gaza.   Neste momento já se acumulam em 200 os pacientes em Gaza que necessitam de cuidados médicos impossibilitados pela proibição israelense.

Uma semana mais tarde, em 14 de fevereiro de 2017, relatou-se que oficiais israelenses estavam chantageando pacientes palestinos que pedem permissão para entrar em Israel para tratamento médico urgente. Para um jovem de 17 anos de idade, Gazan, que sofre de doença cardíaca congênita e necessitava do implante de uma válvula no coração, foi dito explicitamente que para que ele deixasse Gaza e tivesse sua operação, deveria forçosamente que cooperar com as forças de segurança e fazer trabalho de espionagem para Israel. Ele se recusou e morreu a seguir. Ocorre que essa tática não é nova e sempre foi usada pelos israelenses.

Chantagear tudo e todos

A falência moral das Nações Unidas, desnudada pela chantagem que obrigou à retirada do relatório da ESCWA, é resultado da negação da realidade pelo Secretário Geral Guterres – a realidade de que Israel pratica sim, o Apartheid.

Por outro lado, a aceitação canina de Guterres das ordens (norte)americanas e israelenses pode vir da dependência financeira que as Nações Unidas têm em relação a Washington ao lado da, aparente ameaça da  falência financeira da ONU. Isto, por sua vez, é uma forma de chantagem (financeira). Ironicamente, a dependência financeira da ONU em relação aos Estados Unidos imita o que o lobby sionista faz nos corredores do Congresso dos EUA.

Claro que a ONU, para enfrentar os políticos dos EUA, necessitariam de uma fonte alternativa de renda, da mesma forma que os políticos do Congresso dos EUA. Minha esposa Janet certa vez sugeriu que a ONU deveria ter o direito de explorar financeiramente todos os seus recursos submarinos. Não se trata de uma má ideia. Da mesma forma, os políticos (norte)americanos deveriam receber para o financiamento de campanha apenas os recursos provenientes do governo e não ser forçados a se colocar à venda como fazem.

No entanto essas mudanças não estão à vista. A realidade como a percebemos agora na Palestina vêm do fato de que os líderes políticos (norte)americanos e israelenses dizem que não se podem dar ao luxo de mudar seus pontos de vista corrompidos até a medula.

Lawrence Davidson é um professor de história aposentado pela Universidade West Chester. Suas pesquisas acadêmicas estão centradas na história das relações exteriores dos Estados Unidos com o Oriente Médio.  Ele lecionava em cursos de História do Oriente Médio, História da Ciência e História da Intelectualidade Europeia Moderna http://www.tothepointanalyses.com


Fotos de crianças palestinas mortas ou ameaçadas por Israel. Sei que as imagens são chocantes, mas até quando esse povo, que se diz escolhido por Deus continuará impunemente a matar crianças? Onde está o Deus desse povo? Ele é CEGO??? Tudo isso por um pedaço de terra? Por orgulho, desejo de dominação? Por que podem? Por que o mundo não reage?

Resultado de imagem para palestinians children murdered
Foto 1 - Criancas Palestinas mortas por Israel.

Link: http://mberublue.blogspot.com.br/2017/03/israel-e-falencia-moral-das-nacoes.html#more

Maranhão. Sarney Filho sugere “pacto” da oposição para 2018.


Ao comentar, em entrevista ao Blog do Gilberto Léda, a sua recente proximidade com o senador Roberto Rocha (PSB), o ministro do Meio Ambiente e pré-candidato a senador Sarney Filho (PV) negou interesse político-eleitoral na relação com o socialista, mas não descartou a possibilidade de apoio mútuo em 2018.
Num eventual segundo turno…
“Eu ao mesmo tempo em que faço isso [parceria com o senador Roberto Rocha], como ministro a minha atuação é institucional. Eu inclusive participaria à tarde de um evento no Palácio dos Leões, infelizmente o presidente Temer me chamou. Eu não faço essas distinções. Política tem sua hora de ser discutida. Mas enquanto eu puder ajudar todo mundo, independentemente da região e de lado, eu ajudo”, disse o parlamentar verde, referindo-se a um seminário promovido por Rocha e a um encontro havido no Palácio dos Leões na sexta-feira (24).
Para ele, é natural que os candidatos de oposição ao governador Flávio Dino (PCdoB) conversem e, eventualmente, marchem juntos na possibilidade de a eleição do ano que vem chegar ao segundo turno.
“Eu sou do campo da oposição ao governo Dino, então o campo da oposição deve conversar e no momento apropriado a gente vê uma estratégia. A oposição, pode fazer um pacto para o segundo turno, por exemplo. Não há um acerto, mas é lógico que se nós somos oposição ao governo, quem for candidato é para tirar o governador. Então, qualquer um que vá para o segundo turno tem o apoio do outro da oposição, isso é normal. Não existe outra hipótese numa eleição de segundo turno”, completou.
Sarney Filho também comentou a possibilidade de deixar o PV para disputar o Senado – como revelado aqui há algumas semanas (reveja).
“A candidatura ao Senado se sobrepõe a minha filiação partidária. Eu não cogito deixar o PV, mas a candidatura ao Senado é que vai ditar esse meu comportamento no momento apropriado”, concluiu.

Governo Temer (PMDB) reduz em 61% verba para atendimento à mulher em situação de violência.


Da Redação
Temer parece disposto a eliminar todas as conquistas não apenas dos trabalhadores, mas também das minorias. Embora as denúncias a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) tenham aumentado 13% no ano passado, o governo federal reduziu em 61% os recursos destinados ao combate à violência contra as mulheres no mesmo período. O Executivo utilizou R$ 42,8 milhões para a rubrica “Política para as Mulheres: Promoção da Igualdade e Enfrentamento à Violência” em 2016, mas autorizou apenas 16,7 milhões para este ano.
O governo federal é fortemente criticado por movimentos ligados aos direitos das mulheres. Quando começou a gestão Temer, os cargos do 1º escalão do governo eram ocupados apenas por homens. Hoje, duas das 28 pastas da Esplanada são comandadas por mulheres. Mais recentemente, em discurso em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, Temer exaltou as mulheres por cumprirem tarefas domésticas. A declaração causou desconforto entre os ouvintes.
Com informações do Poder360.

domingo, 26 de março de 2017

Eixo de Resistência triunfa no Oriente Médio.

Resultado de imagem para  Hezbollah, Hassan Nasrallah,
Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em 18 de março de 2017, por ocasião do dia da mulher, aniversário do nascimento de Fatima al-Zahra (a.s.).
Hoje, ou melhor dizendo, estes dias, são na realidade uma oportunidade (especial), principalmente quando os eventos na Síria e a guerra lançada contra o país entram no sétimo ano. Seis anos se passaram, com todo o seu conteúdo em termos de sofrimento, guerras, conspirações, confrontos e sacrifícios de vidas humanas. Com o final do sexto ano e o início do sétimo, faremos uma breve pausa nesta ocasião, pois estes fatos estão na origem de nossas preocupações.

Seis anos atrás, ali estavam todos aqueles que se encontraram nos primeiros meses de conflito, as forças estatais, grandes potências, países regionais, 140, 130 ou 120 países que se reuniram sob o codinome de “Amigos da Síria”, que conspiraram, fazendo tudo o que podiam (contra a Síria). Eles apostaram que seriam capazes de conquistar a Síria em 2 ou 3 meses em 2011. Hoje, ao final do sexto ano, são obrigados a encarar a verdade dolorosa e sangrenta da derrota e do fracasso.  Depois de seis anos, aqueles imensos poderes, aqueles países poderosos e importantes do mundo e da região fracassaram, um fracasso amargo na conquista de seus objetivos.

Por seis anos, dezenas de bilhões de dólares de dinheiro árabe – a Turquia não gastou seu dinheiro, a França e o Reino Unido também não. Todo o dinheiro que financiou a guerra da Síria é dinheiro árabe. Este dinheiro poderia ter eliminado a pobreza em todo o mundo árabe. Poderia livrar a Somália e o Iêmen da fome. Poderia ter (re)construído as casas dos palestinos em Gaza. Poderia ter fortalecido os palestinos em Bayt-al-Maqdis em Al-Quds (Casa do Refúgio/Jerusalém – Bayt-al-Maqdis, localizada em Jerusalém, é a mesquita que ocupa o terceiro lugar em importância sagrada os muçulmanos, atrás apenas das mesquitas de Meca e de Medina – NT). 

Esse dinheiro poderia ter garantido centenas de milhares de oportunidades de trabalho para a juventude árabe desempregada. Poderia ter tirado da ignorância dezenas de milhões de homens e mulheres árabes, pois é sabido que infelizmente dezenas de milhões de homens e mulheres árabes são iletrados. Mas nem um só dólar foi gasto para resolver estes problemas, mas dezenas de bilhões de dólares de dinheiro árabe foi gasto na guerra da Síria, contra a Síria, seu regime, seu estado, seu exército e seu povo e contra o Eixo de Resistência dentro do país (o Eixo de Resistência a que alude o orador é a união entre Irã/Síria/Hezbollah, formado para lutar contra a expansão dos EUA e de Israel no mundo árabe – NT).

Dezenas, centenas de milhares de toneladas de armas e munição (foram mandadas para lá). Elas vieram com dezenas de milhares de combatentes do mundo inteiro, brancos, negros, morenos, vermelhos, amarelos, o que vocês quiserem. Não deixaram fora nenhuma cor, linguagem, tendência, raça, eles trouxeram combatentes de todos os pontos do mundo. Os (norte)americanos e seus aliados, conspiradores e financiadores ajudaram (mandando combatentes) e assim colocaram dentro da Síria milhares de lutadores para lutar contra a Síria na busca de um objetivo preciso: derrubar a Síria, expulsar dali o Eixo de Resistência e tomar controle do país. Tomar controle de sua decisões, sua soberania, seu povo e suas escolhas, dentro de seu próprio território, com sua posição estratégica no Mar Mediterrâneo (entre a Ásia) e Europa, e sua posição também estratégica na luta contra o inimigo israelense.

Hoje, o resultado é claro: fracasso, derrota e retirada.
Bem, permitam-me lembrá-los de algumas coisas no início deste sétimo ano de conflito, sobre início de tudo no primeiro ano. Não se pode negar que uma parte da população realmente queria reformas e a mudança de algumas realidades na Síria. Mas o que surgiu (em cena) com força e mudou tudo subitamente, foram as tropas takfiri, oriundas do mundo inteiro, e que se recusaram, já nas primeiras semanas, a travar qualquer diálogo político. Rejeitaram qualquer resultado político, não quiseram discutir nada, e suas escolhas foram definitivas: queriam e partiram para uma confrontação militar total e sangrenta. Formularam slogans sectários e reviveram querelas educacionais (religiosas), e já nas primeiras semanas, levantaram o véu de suas intenções hostis para com a resistência.

Bem, quem trouxe a organização Al Qaeda? Quando eles chegaram à Síria, qual era seu nome? O Estado Islâmico no Iraque. Acrescentaram então “e no Levante” (Síria). Daí houve uma divisão, os membros do Estado Islâmico no Iraque e no Levante se dividiram. Havia agora duas facções: o Daesh (Estado Islâmico) e a Frente Al Nusra. Mas na verdade eles todos são Al Qaeda, a qual está na lista dos (norte)americanos como entidade terrorista, assim como para o Conselho de Segurança da ONU, Arábia Saudita e Europa. E eles trouxeram dezenas de milhares de combatentes, aos quais eles mesmos chamavam de terroristas, lhes deram dinheiro e armas, abriram as fronteiras e os colocaram na Síria. Eles reconhecem que eles mesmos criaram (estes grupos), que eles criaram o Daesh (Estado Islâmico) para lutar contra a Resistência e contra o Eixo de Resistência. Hoje a situação está muito diferente e não quero mais me deter neste ponto. Quero focar em elementos novos.

Antes de qualquer coisa, quero lembrar a vocês que no primeiro ano, a questão nem requeria tanta compreensão política assim, e que não havia então a necessidade real de fazer previsões e esperar (para ver). Qualquer um que tivesse estudado experiências contemporâneas no Afeganistão e em outros lugares poderia chegar às mesmas conclusões lógicas, como disse então nos primeiros meses, quando me dirigi à organização Al Qaeda e ao Estado Islâmico no Iraque e no Levante (Daesh), à Frente Al Nusra que se separara deles. Na ocasião, disse a eles: “Vocês todos, de inúmeras nacionalidades, foram trazidos para a Síria onde foram reunidos. Vocês foram introduzidos na Síria – qualquer um pode agora checar isso, que aconteceu seis anos atrás – vocês foram trazidos para a Síria e serão usados como combatentes para atingir os objetivos almejados pelos (norte)americanos e israelenses na região e serão pressionados o tempo todo. 

Não importa se vão vencer ou perder. No final, vocês serão liquidados. Vocês serão coletados (como gado) para serem liquidados depois de usados. Vocês estão sendo usados… e é por isso que avisei vocês logo no início para terem cuidado e ficarem alertas, e não servir de madeira e combustível para o incêndio iniciado pelos Estados Unidos e Israel, assim como por alguns países regionais, contra os quais EUA e Israel também conspiram e que pagarão o preço no devido tempo. Mas o sectarismo, a burrice, a ignorância e a estupidez não lhes deram oportunidade (de lucidez).

Mas eles pensaram que eram muito espertos e que tinham instrumentalizado os Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita e todos os países do mundo, em particular o ocidente, que lhes permitiriam implementar seu próprio projeto na Síria. Colocaram no papel todos os seus projetos estratégicos. Isso foi o ápice de sua estupidez.

Qual é o cenário atual? Depois que, para o projeto (norte)americano na Síria o Daesh se tornou objeto de escândalo no ocidente, o Daesh vê seu fim chegar no Iraque – (é questão de) semanas, meses (mas), acabou. O Daesh não tem qualquer futuro político ou militar no Iraque. Da mesma forma na Síria, esse futuro também não existe mais. No máximo deixarão algumas células dormentes que levarão a cabo bombardeios suicidas, porque em última análise bombardeios suicidas alvejando civis em Bagdá, Tikrit, Damasco, Homs e seja onde for, reflete o fracasso militar e estratégico. Quando alguém decide mandar homens bombas para matar crianças, mulheres, para atingir restaurantes, transeuntes, escolas de crianças e estudantes, isso reflete fracasso estratégico e fracasso militar. São atos de vingança, não de combate. Este é o futuro do Daesh. Este também é o futuro da Al Nusra.

Agora, o Daesh está sendo bombardeado pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, Inglaterra, Turquia, Jordânia, bem como pela Rússia e enfrentam ainda as forças que lhes dão combate na Síria. E a Al Nusra, que foi trazida (e apoiada) pelos (norte)americanos, pelos Turcos e por seus aliados no Golfo, essa mesma Al Nusra está agora sendo bombardeada em Idlib e a oeste de Alepo. Não foi isso que eu disse seis anos atrás? Agora, as vozes se levantam, de Idlib e oeste de Alepo contra os Estados Unidos, contra sua traição e hipocrisia. Você está dormindo tranquilo? Depois de ter destruído a Síria, depois de destruir o Iraque e o Iêmen, será que você finalmente acordou e entendeu? (Você percebeu a natureza da) traiçoeira e hipócrita América do Norte, que depois de ter usado vocês agora os massacra? Esta é a verdade.

E com isso, claro, Israel interfere a cada dia, sob vários pretextos. O pretexto de destruir armas que seriam endereçadas ao Hezbollah, como afirmaram ontem, por qualquer pretexto: que um morteiro atingiu o Golã (ocupado), etc., Israel intervém e bombardeia posições do exército sírio para proteger e ajudar ao Daesh e (outros) grupos terroristas. Hoje, quanto a esse projeto arrogante de ocupação, hegemonia e controle da Síria, declaro francamente a vocês que tem fracassado, e que a Síria está vencendo, mas ainda esperando pela grande e decisiva vitória. Como o resto das diversas facções, o Daesh desaparecerá. A Al Nusra desaparecerá. E o terrorismo takfiri também desaparecerá. É apenas uma questão de tempo.

Foram abandonados até pelo mundo que os apoiou, financiou, ajudou e assistiu e agora os despreza e bombardeia. Porque o feitiço virou contra o feiticeiro. Porque o mundo descobriu que a serpente que criou e alimentou em seu próprio seio (e lançou contra a Síria) tornou-se um perigo e um veneno contra seu criador, atacando Paris, Londres, Alemanha, Bélgica, a Turquia, os Estados Unidos, a Arábia Saudita, etc.

Qual é a situação atual do restante das facções da oposição síria? Não têm líder, não têm liderança, não têm uma frente unida, não têm projeto nacional, sequer sabem o que querem, estão divididos, perdidos e vagando entre embaixadas (estrangeiras) e serviços de segurança. Claro que ainda existe a aposta em personalidades patrióticas ou quadros da oposição que poderiam participar de uma solução política e de um diálogo para a reconstrução da Síria.

Hoje, na comemoração do nascimento da filha do Profeta de Deus (Fatima al-Zahra), a qual foi mandada ao mundo como uma bênção, permitam que eu me dirija aos que ainda lutam na Síria como inimigos, e que acreditam que estão lutando em nome do Islã, no front da comunidade (islâmica) e no front da pátria e que estão 100% errados. Permitam que eu apele a eles, que me dirija a eles e diga o seguinte: este projeto fracassou. Sua luta é vã e não levará a nada além de mais mortes, batalhas e destruição, massacres de ambos os lados, apenas para beneficiar os Estados Unidos e Israel.

Olhem, Netanyahu foi até Moscou para implorar. Por que? Ele foi até o presidente Putin para pedir, porque ele tem medo da derrota do Estado Islâmico (Daesh) na Síria. Para Putin – perdão, para Netanyahu, a derrota do Estado Islâmico representa uma vitória da Resistência e do Eixo de Resistência. Porque para Netanyahu, a derrota do Estado Islâmico (Daesh) na Síria é a derrota de um projeto que Israel apoia há seis anos. Daí, ele foi implorar a (Putin). Oh, o que você está fazendo com o Estado Islâmico (Daesh) vá mais devagar com ele! Se você destruir o Estado Islâmico, o que vai fazer a respeito do Irã, do Hezbollah, do Presidente Assad e o resto do Eixo de Resistência?

Vocês (lutadores do Estado Islâmico) não devem acreditar que vocês estão lutando para o Islã, pela comunidade ou pela mãe pátria. Entenda vocês ou não, estão lutando há seis anos pelos Estrados Unidos, por Israel e por aqueles que planejam matar vocês, prendê-los ou massacrá-los. Será que nem todo o sangue já derramado na Síria serviu para torna-los conscientes? Não foi o suficiente para que repensem as coisas? Peço a vocês que deponham suas armas, que parem de lutar, que aceitem um cessar fogo real, que cheguem a uma solução verdadeiramente humanitária e política, que deixem o lado da hipocrisia e fiquem ao lado do Islã, deixem Estados Unidos e Israel pelo lado da comunidade e deixem o lado do inimigo e passem para o lado da Resistência. Isso ainda é possível. Ainda é possível. (Peço a vocês) parem com a destruição. Seu projeto não tem futuro.

O Eixo de Resistência, e dissemos isso desde os primeiros dias, há seis anos, desde o início, nós declaramos que o Eixo de Resistência não seria derrotado na Síria, nem no Iraque nem no Iêmen, e não seria quebrado.  Agora, depois de seis anos, o Eixo de Resistência triunfa na Síria, e está triunfando no Iraque, enquanto no Iêmen continua inabalável e também triunfará, se Deus quiser, uma grande e decisiva vitória. Mas estas pessoas que lutam contra ele devem estar conscientes do que estão fazendo com suas vidas, seu sangue, seu futuro e sua vida após a morte, devem reconsiderar todas as suas ações sangrentas que ainda persistem, no Iraque, na Síria, no Iêmen e em outros lugares.

Excerto da seção política do discurso – transcrição para o inglês feita por Sayed Hasan http://sayed7hasan.blogspot.fr ) –
Tradução para o português por btpsilveira.

Mostra apresenta bordados de artesãs de Minas Gerais; governo quer mapear setor.

Trabalho apresentado na exposição Bordado Reinventado, em Belo Horizonte
 Léo Rodrigues/Agência Brasil.

Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil.
Os primeiros bordados de Marilene Alair da Silva sugiram ainda na infância. A habilidade com as mãos começou a se desenvolver em uma brincadeira. Vendo sua mãe trabalhar na máquina de costura, ela tentava imitar usando agulha e linhas. Hoje, aos 49 anos, seu prazer é sua fonte de renda.
Nascida em Sabará (MG) e residindo em Lagoa Dourada (MG) há seis anos, a bordadeira lembra que as encomendas começaram a surgir com frequência ainda na cidade natal após ter feito o enxoval de seu próprio casamento. "Muitas pessoas acharam bonito e vieram me procurar para saber se poderia fazer para elas. Aos poucos, eu fui diversificando minha produção", conta.
Constantemente se renovando, Marilene fez cursos de cerâmica e outras técnicas e atualmente trabalha também com esculturas. Em uma delas, retrata três beija-flores cujos corpos de argila sustentam asas bordadas. Ao centro da obra, há um pequeno tronco de madeira.
Este trabalho é um dos 100 que estão expostos no Centro de Arte Popular da Cemig, em Belo Horizonte, até o dia 28 de abril. São peças produzidas por profissionais de diferentes gerações e de diversos municípios mineiros. A exposição Bordado Reinventado foi motivada pelo Dia do Artesão, celebrado no último domingo (19).
A mostra é organizada pela Secretaria de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Seedif) de Minas Gerais e a entrada é franca. "É uma forma de aproximar a população da atividade e ampliar o acesso a uma arte e uma tradição. 
O bordado é uma manifestação que corre riscos em função da modernização tecnológica, da expansão da indústria têxtil e dessa globalização que traz produtos similares de outros países como a China", diz o titular da pasta, Wadson Ribeiro.
As palavras do secretário encontram eco na experiência de Marilene. A ideia de inovar e passar a utilizar bordados em esculturas junto com outras técnicas foi também uma resposta aos desafios que o mercado apresentou. "Algumas peças tiveram redução nas vendas. Cada vez menos noivos buscam essa confecção manual de enxoval, por exemplo. Então eu procurei me renovar para atingir novos públicos", explica.
Por outro lado, a bordadeira garante que a atividade está bem viva e atraindo novas gerações. Sua filha de 26 anos, que também participa da produção, é um exemplo. Mas não só ela. Marilene conta que também ministrou cursos e oficinas nestas duas cidades e em outras também. "Já ensinei grupos nos quais 80% dos participantes eram jovens".

Mutirão
O artesanato mineiro dominou, no ano passado, o 4º Prêmio Sebrae Top 100, um dos mais cobiçados do setor. Foram 13 premiados, superando Pernambuco, com dez agraciados, e Pará e Santa Catarina, com sete cada um. Segundo estimativas da Seedif, o estado de Minas Gerais reúne ao todo 300 mil artesões fomenta uma cadeia produtiva responsável por movimentar cerca de R$ 2,2 bilhões por ano.
"Estamos falando de uma profissão ainda não regulamentada em lei, mas que desenvolve uma atividade cultural de grande impacto econômico. E quando falamos de Minas Gerais, estamos falando de algo em torno de 10% do artesanato brasileiro", afirma o secretário Wadson Ribeiro.
A Seedif, porém, busca estratégias para mapear com mais precisão o setor. Criada em 2012 como desdobramento do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), a Carteira Nacional do Artesão é o principal mecanismo para este mapeamento. Ela é fornecida gratuitamente e funciona como uma identificação nacional do trabalhador. Entre os benefícios de possuí-la estão facilidades para participar em feiras de artesanato no país e no exterior e para realizar oficinas e cursos na área.
No último domingo (19), houve um mutirão para cadastro em Belo Horizonte. O desafio ainda é grande. Até o momento, apenas 2,9 mil carteiras foram entregues em Minas Gerais, o que significa que menos de 1% dos artesãos do estado foram alcançados.
Por esta razão, a Seedif dará início a uma caravana para atender artesãos de regiões mineiras onde a atividade tem mais força. "Quanto maior o alcance do cadastramento, maior será o poder de pressão deste segmento. Daí os artesãos poderão reivindicar políticas públicas que criem novas oportunidades de negócio, potencializem as atividades e organizem melhor a cadeia produtiva. Eles podem, por exemplo, obter crédito para aquisição de matéria-prima, mais reconhecimento, participação em feiras internacional", diz o secretário Wadson Ribeiro.

Edição: Carolina Pimentel