terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Desafios contemporâneos para a gestão do patrimônio*


19/02/2015
Artigo Jurema
Nas últimas décadas, a ideia de Cultura, antes entendida como algo que servia para distinguir as pessoas por suas origens e classes sociais, volta-se para o reconhecimento e a valorização dos traços comuns de nossa humanidade, que é essencialmente diversa, criativa e fonte dos mais diversos protagonismos. As políticas de patrimônio antecedem em pelo menos dois séculos a esse debate, ocorrido sobretudo na segunda metade do século XX e tendo a Unesco do pós guerra como principal palco de convergências. Na Europa Ocidental, o patrimônio está presente nas políticas de estado desde o final do século XVIII, quando veio dar materialidade aos conceitos de nação e nacionalidade trazidos pela Revolução Francesa.
No Brasil, a atenção para com os museus e a memória nacional data do final do século XIX, mas uma efetiva política de patrimônio, contendo a base daquilo que praticamos até hoje, vem do governo Vargas, mais precisamente de 1937, quando se edita o Decreto Lei 25 e é criado o Iphan. Vigente até hoje, o Decreto Lei 25/37 tornou-se um campeão de longevidade, sobrevivente a três Constituições Federais, certamente por ter se antecipado à visão dominante na legislação brasileira de então, ao fazer prevalecer o interesse coletivo sobre o individual no que se refere à propriedade privada. Esse princípio basilar, a solidez e a contemporaneidade de seus criadores, ao lado de circunstâncias políticas que vigoravam nesses anos originais, deram ao Iphan a sustentação necessária para se afirmar e percorrer uma trajetória muito peculiar na administração pública brasileira, tornando-se uma instituição que é devota fervorosa - e praticante reconhecida - do interesse público, da abordagem técnica especializada e de políticas e programas pouco suscetíveis à descontinuidade administrativa.
Ao longo desses anos, o alargamento do sentido do patrimônio, na mesma direção do ocorrido com a política cultural como um todo, passou a requerer que a proteção do estado se estenda desde um sítio urbano complexo e dinâmico como o Plano Piloto de Brasilia, ate à pequena casa de madeira povoada de objetos de uso cotidiano do seringueiro Chico Mendes, em Xapuri, no interior do Acre. Ou à salvaguarda dos modos de fazer tradicionais relacionados ao manejo de alimentos ou recursos naturais; de celebrações como o Círio de Nazaré ou a Festa do Bonfim; ou de expressões como o Frevo e a Roda de Capoeira, considerada pela Unesco, no último dia 26 de novembro, como Patrimônio Imaterial da Humanidade, ao lado do Frevo, do Círio, do Samba de Roda e da Arte Kusiwa dos índios Wajãpi, que já haviam sido reconhecidos em sessões anteriores. Tudo isso ao abrigo de um decreto (o Decreto 3551/2000), que cria a política e o Registro do Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, o qual, mais do que conferir títulos, implica em responsabilidade do ente público para com esses bens. Na sequência da política do patrimônio imaterial, cuja transversalidade e forte embasamento social irrigam e oxigenam a politica de patrimônio como um todo, agregou-se recentemente a valorização da diversidade linguística de um país que, durante toda sua história recente, ostentou seu orgulho por falar uma única língua, o Português, mas que, ao contrário, ainda preserva a riqueza inestimável de possuir falantes de mais de 180 línguas indígenas, algumas línguas de imigração hoje desaparecidas nos seus países de origem e remanescentes de línguas africanas.
Esse amplo espectro impõe que a política de patrimônio se relacione com os campos mais diversos, como a gestão urbana, a gestão ambiental, os direitos humanos e culturais, atuando desde o poder de polícia até a educação, a formação profissional e a pesquisa, sem falar de uma crescente interface com o ambiente internacional. Como decorrência, resultam números impressionantes. Se, por um lado, esses números representam um bom indicador – o da afirmação da política de patrimônio – por outro lado preocupam, ao denotar o pouco compartilhamento de responsabilidades com outros entes. Vejamos alguns exemplos: cerca de 40 mil imóveis estão localizados em conjuntos urbanos tombados, o que implica acompanhamento, autorização de intervenções e fiscalização; o licenciamento ambiental prevê a participação do Iphan visando minimizar impactos sobre o patrimônio cultural, o que representa mais de mil processos de licenciamento por ano, envolvendo desde as grandes obras de infraestutura até intervenções urbanas de menor porte; a cada ano, são analisados cerca de 50 mil bens em processo de transferência, permanente ou temporária, para o exterior, visando o combate ao tráfico ilícito de objetos de bens de valor cultural; com a extição da Rede Ferroviária Federal, o Iphan, após 2007, tornou-se responsável pelo patrimônio ferroviário, presente em mais de 1200 municípios, incluindo edificios, bens móveis e acervos documentais. Embora quantitativamente menos numerosa, é de grande complexidade a salvaguarda do patrimônio imaterial e a relação com o chamado “patrimônio vivo”, justamente pela natureza diversa e pela dinâmica dessas manifestações.
Toda essa amplitude, somada ao grande volume de investimentos públicos e privados que vem sendo aplicados nos últimos anos, especialmente em infraestrutura, fazem com que estejamos vivenciando um dos períodos mais desafiadores da história da preservação no Brasil. Não é exagero dizer que quase todos os locais emblemáticos do nosso patrimônio urbano estão passando por algum tipo de transformação, seja material, seja social, envolvendo tipos ou intensidades de uso do solo ou de apropriação pela população. O patrimônio arqueológico é também objeto de permanente atenção, o que se traduz em quantidades inéditas de pesquisas arqueológicas financiadas pelos próprios empreendedores das obras em processo de licenciamento. Essas pesquisas, por sua vez, levaram a um crescimento exponencial de cursos de formação em arqueologia, ainda assim insuficientes para a demanda atual do mercado de trabalho.
No entanto, é tambem verdade que condições mais favoráveis quanto aos investimentos na preservação tem sido possíveis, especialmente no âmbito federal. Mais do que recursos orçamentários, é emblemático o fato de o patrimônio ter tido acesso ao núcleo central de financiamento da política de desenvolvimento do país, ou seja, ao seu programa de infraestrutura, o PAC. Para o seguimento Cidades Históricas foi disponibilizado orçamento que representa, se considerada sua distribuição anual, mais de cinco vezes a média do que se investia anualmente em conservação. Esse aporte, no entanto, põe em evidência o grande desafio que é lidar com o mercado de produção das obras de restauração, ainda formatado para uma demanda muito inferior, com poucos profissionais e poucas empresas especializadas e, principalmente, requer enfrentar a reduzida capacidade instalada nos municípios, que são os executores prioritários do programa sob a coordenação do Iphan.
Vale dizer que, mais do que financiamento para a preservação, o país como um todo enfrenta hoje desafios de gestão. Concretamente, esses desafios se traduzem, por exemplo, em reestabelecer a vitalidade de centros históricos esvaziados de população residente e apartados da dinâmica urbana, como acontece em São Luis ou em Salvador; ou em reutilizar, de forma sustentável, um vasto conjunto de imóveis de valor cultural, cujo exemplo mais notável é o do grande acervo da antiga RFFSA; ou, ainda, em dialogar com os mais diversos atores para alcançar os pactos necessários à salvaguarda dos bens imateriais.
É necessário procurar o equilíbrio entre os papéis da União, dos Estados, dos Municipios, da comunidade e do setor privado, investindo fortemente na ampliação de uma rede de proteção e valorização do patrimônio, não só para desonerar o órgão federal de tantas responsabilidades, mas para alcançar a verdadeira razão de existir do patrimônio, que é fazer sentido no universo e na vida cotidiana dos cidadãos.
É preciso olhar para o patrimônio como um recurso mobilizador, como ele de fato é, não apenas da economia dos serviços do turismo ou da reabilitação urbana, mas como força capaz de nos apresentar contrapontos para olhar com mais senso crítico e lucidez à nossa volta. Visualizar nossa trajetória histórica representada pelos sítios e monumentos nos fará perguntar sobre a arquitetura, as cidades e os espaços públicos que estamos produzindo, observar para onde caminham as nossas formas de sociabilidade e a nossa relação com o ambiente; a comparação entre reaproveitamento e descarte de materiais e de energia nos fará indagar sobre o uso sustentável de recursos, criatividade e inovação; diante de práticas, ritos e saberes tradicionais, podemos aprender a reconhecer seus aportes de conhecimentos e de visões de mundo e respeitar seu desejo de resistência a um destino nivelador que vai se impondo a todos e a todas as coisas.
Na contramão do mundo em que vivemos, o patrimônio não está sob o domínio do efêmero e do imediato, mas resulta do acúmulo e da experiência. Nele se funde o nosso melhor como país e, se soubermos alcançar a amplitude dos seus significados, neles estarão muitas das nossas chaves para encontrar uma forma particular para o nosso projeto de desenvolvimento.
Jurema Machado
Arquiteta, Presidente do Iphan

* Artigo publicado originalmente no jornal Estado de Minas
Fonte: Iphan

Prefeito de São José de Ribamar Gil Cutrim Tem Bens Bloqueados pela Justiça Estadual.

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Foto - Prefeito Gil Cutrim.
Matéria originalmente publicada no http://silvanalves.blog.br.
A pedido do Ministério Público do Maranhão, o Poder Judiciário determinou, no dia 12 de fevereiro, o bloqueio dos bens do prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim. A decisão liminar atinge, ainda, o secretário municipal de Obras, Habitação e Serviços Públicos (Semosp), André Franklin Duailibe da Costa; os membros da Comissão Central de Licitação, Freud Norton Moreira dos Santos (presidente), Cláudia Regina Furtado Vieira e Gissele Chaves Baluz; além da Blume Engenharia LTDA e dos proprietários da empresa, Rafael Blume de Almeida e Antônio Blume de Almeida.
Os bens de cada um dos acusados foram bloqueados até atingir o valor de R$ 1.887.985,86. O montante é referente ao prejuízo causado aos cofres públicos pela fraude na contratação da construtora Blume Engenharia LTDA, em dezembro de 2013, para a execução das obras da arquibancada coberta e área de apoio do Estádio Dário Santos.
Segundo a promotora de justiça Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça, autora da Ação Civil Pública por atos de improbidade administrativa, o Município de São José de Ribamar firmou convênio com a Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel) visando à realização da obra.
O edital da concorrência foi publicado no dia 1º de novembro de 2013, por meio de um periódico de baixa circulação, o jornal A Tarde, e em letra com corpo 5, que é bastante reduzida e só pode ser lida com o uso de lupa.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Polícia Federal e Ibama prendem maior desmatador da Amazônia. Apenas o núcleo familiar do grileiro responde por quase R$ 47 milhões em multas junto ao Ibama.

Foto - Grileiro Ezequiel Antônio Castanha, preso pela Polícia Federal.

O Ibama e a Polícia Federal Ambiental do Pará prenderam no último sábado o grileiro Ezequiel Antônio Castanha, considerado o maior desmatador da Amazônia, segundo informou nesta segunda-feira a organização ambiental.
Castanha é acusado de dirigir uma quadrilha que se dedicava a apoderar-se ilegalmente de terras de titularidade pública na Amazônia para depois desmatá-las e vendê-las como pasto a um preço elevado.
A quadrilha operava nas proximidades da BR-163, no Pará, e segundo cálculos do Ministério Público estadual, era responsável por 20% do desmatamento ocorrido na Amazônia brasileira nos últimos dois anos.
A detenção de Castanha fez parte de uma operação contra desmatadores realizada em agosto do ano passado, na qual o líder da quadrilha não tinha sido detido.
Apenas o núcleo familiar do grileiro responde por quase R$ 47 milhões em multas junto ao Ibama, sem contar com os autos de infração em nome dos demais membros da quadrilha.


O maior desmatador da Amazônia será julgado pela Justiça Federal e poderá receber pena de mais de 46 anos de prisão pelos crimes de desmatamento ilegal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e uso de documentos falsos, entre outros.
O diretor de proteção ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, afirmou que a detenção de Castanha e o desmantelamento da quadrilha "contribuem significativamente para o controle do desmatamento na região", segundo um comunicado da organização ambiental.


Em entrevista ao blog do Robert Lobato, deputado Zé Carlos admite disputar a Prefeitura de São Luis

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Dep. Zé Carlos.
Dep. Zé Carlos.

Blog do Robert Lobato segue entrevistando alguns dos nossos representantes na Câmara dos Deputados. E o entrevistado de hoje é deputado federal Zé Carlos (PT).
Eleito com mais de 90 mil votos, o parlamentar petista falou sobre as perspectivas para o primeiro ano de mandato, destaca as pautas do PT no parlamento, em especial a reforma política, criticou a organização do PT/MA, considerada “débil” pelo deputado, e admitiu a possibilidade de disputar a Prefeitura de São Luis em 2016 como formar de garantir que o PT dispute a “hegemonia social”.
Ex-superintende estadual da Caixa Econômica no Maranhão, Zé Carlos elegeu-se deputado estadual em 2010 e fez um bom mandato na Assembleia Legislativa, o que pavimentou o seu caminho para a Câmara Federal em 2104. Agora o parlamentar do PT pode dar voos mais altos na política maranhense.
Fiquem a com a íntegra da entrevista com o deputado federal Zé Carlos:
“Não é correto colocar o lava jato só na direção do PT, se tem erro aqui, a gente assume e pune, aliás, tem sido assim contra os petistas, até para os que não se comprovou irregularidades. Mas também tem desvios de conduta do lado de lá, e não são poucos, é deles toda essa tecnologia de corrupção”.
Como está sendo a experiência de Deputado Federal após a estreia na política como deputado federal?
A política em si é um desafio inusitado em minha vida. Há seis anos se você me perguntasse sobre as possibilidades de ingressar na política, na vida partidária, certamente iria te dizer que: Nem em camisa de força. Contudo, o fato de ter gerido a Caixa Econômica durante os oito anos no governo Lula, me identificou com o projeto apontado para o país pelo PT.
Um projeto que aponta da direção da inclusão social, desenvolvimento nacional e inversão das prioridades históricas. Isso me motivou, me fez filiar ao PT, me fez candidato, e me fez Deputado Estadual eleito em 2010.
A passagem pela Assembleia Legislativa do Estado, além de motivo de orgulho, como cidadão maranhense que sou, me deu as condições de estar hoje na Câmara Federal apto e preparado para este novo desafio. Estou muito motivado para fazer aqui, o que conseguimos executar na Assembleia sob as mesmas premissas: mandato lincado aos movimentos sociais e populares; na construção e defesa do projeto petista, para dentro e para fora do partido; mandato combativo, quando for preciso; e propositivo sempre, afinal essa é minha marca, a de gestor. Sou essencialmente um gestor a serviço do parlamento.
Na Câmara o ritmo tem sido intenso, chego às 9h da manhã para as reuniões de bancada do partido. Em seguida reunimos com a base de apoio ao governo, trabalhamos nas comissões. Na parte da tarde, a partir das 14h, plenário, quando se inicia o pequeno e grande expediente. Invariavelmente com uma ou outra alteração, de segunda a quinta, essa é a rotina. Como eu sou fominha, participo de quase tudo. É meu estilo.
Não raro tenho encerrado os trabalhos no Congresso às 23h. Esse tem sido o ritmo, não só meu, mas da Câmara, o que tem me feito ressentir do contato de antes que dedicava à base partidária e social. Para compensar, o nosso gabinete no Maranhão será maior que o de Brasília, pois meu compromisso primeiro é com quem me enviou pra lá: o povo do Maranhão, os movimentos sociais e a base do PT.
Quais serão as principais bandeiras do mandato?
Sem sobra de dúvida as que o PT aponta: A reforma política e a reforma tributária. O PT tem dado grandes contribuições ao país, e não falo aqui das experiências exitosas de governo do Lula e da Presidenta Dilma, falo das mudanças que os petistas de parlamento tem feito pelo Brasil. Mais uma vez estamos sendo chamados pelo povo brasileiro, para apontarmos o caminho. É isso que se espera de nós, e não frustraremos a população. Vamos enfrentar o debate. O país não pode ficar a mercê desse sistema eleitoral que cada dia mais, segue na direção do poder econômico. A minha eleição, por exemplo, é um milagre, fruto do reconhecimento do nosso trabalho na Assembleia e seus resultados, mas acima de tudo, da determinação, tenacidade e lealdade do militante petista. Enfrentei um abuso de poder político e econômico inimaginável. Não dá mais. Precisamos de eleições com financiamento público, sem reeleição, realizadas a cada cinco anos, com uma legislação que valorize o partido e a participação popular.
Não mudo meu foco também. A exemplo do estadual exercido, vou dedicar este mandato ao movimento social: fui votado por companheiros da FETAEMA e do MST, que representam trabalhadores e trabalhadoras rurais; pela ABRAÇO – MA, movimento de rádios comunitárias; pelo movimento Sindical: Policiais, Ecetistas (Correios), Servidores do judiciário (SindJUS), servidores estaduais (Sindicato dos Agentes de Fiscalização Agropecuária) e municipais (Fetran), Sindicato dos Técnicos em Radiologia, Sindicato dos Panificadores e Sindicato dos Taxistas; Por setores do movimento negro (ACONERUQ), pela Cooperativa de Transporte Alternativo e pela Educação no campo: ARCAFAR e UEFAMA. É nesta direção que vou me mover. É na defesa desses interesses. Além disso, serei um Deputado obstinado para criação de leis que endureçam ainda mais no combate à corrupção, a meu ver, a raiz de todos os males deste país. Os mecanismos e leis que contribuam no combate à corrupção será uma obsessão deste Deputado.
Quais as comissões que o senhor integrará na condição de titular e de suplente?
Como Deputado Federal, posso assumir e participar de até quatro comissões, duas delas permanentes e duas especiais. Coerente com tudo que disse antes, considerando os objetivos, metas e compromissos do mandato, me inscrevi nas comissões da reforma política, da agricultura, da lei orgânica de segurança pública e na de desenvolvimento urbano, onde são tratadas as questões relativas a habitação, urbana e rural, e mobilidade urbana, tema para o qual tenho me dedicado e tenho conhecimento de causa, em função de minha experiência como gestor da Caixa Econômica Federal.
Qual a sua expectativa quanto à gestão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha?
Creio que o PT e o governo erraram em não ter feito uma aliança com o PMDB para comandar a casa, ainda que o presidente fosse do PMDB. Fomos para a disputa e perdemos. Mas isso acabou, cabe ao governo e a liderança do partido no Congresso reagrupar a base. Claro que o presidente Eduardo Cunha, eleito como foi, em primeiro turno, tem muita legitimidade, e deve colocar na pauta da Câmara, temas pelos quais o governo, talvez, gostaria de adiar. Mas creio que estas dificuldades serão momentâneas, afinal o PMDB tem responsabilidades com o país e com o governo. Eles são governo, ocupam parte significativa da esplanada dos Ministérios e a Vice-presidência da República. Além do que, acho mesmo que nós temos que dar exemplo quanto a relação de independência entre os poderes. Hoje somos governo, mas amanhã poderemos não ser. O primeiro ano deve difícil, mas depois as coisas se ajeitam.
A oposição é que não desceu do palanque ainda. Se nega a aceitar o resultado da eleição. Contudo, estão no papel deles, nós é que teremos que ter competência para trabalhar o Congresso com a pauta que interessa ao país. Os adversários do PT, na cegueira dos seus interesses, no erro da dose, se comportam como adversários do Brasil. Isso o povo vai perceber, a sociedade, os movimentos sociais, os partidos de esquerda irão reagir, e como disse, a pauta terá que ser a que dialogue com os interesses do povo. Caso contrário, eles, os opositores, é que cairão no isolamento.
Como o senhor avalia essa crise envolvendo casos de corrupção e a tentativa de desestabilizar o governo Dilma?
A meu ver tem três verdades da qual não podemos fugir: uma que interessa aos opositores do governo e a outra que eles fazem questão de esconder, e nesses eles, eu incluo aqui a grande imprensa que adotou de que lado está. Ela está contra o governo, por isso, em muitos momentos, fica de costas para a verdade.
A primeira verdade é que houve erro sim. De gestão e de conduta e o PT não pode compactuar com desvios de quem quer que seja. Mesmo que seja do PT. A segunda verdade é que a presidenta Dilma não é leniente com a corrupção, ao contrário, apura as irregularidades, com os instrumentos democráticos que dispõe o estado brasileiro. Portanto, é um absurdo que ela, que se porta na perspectiva de punir os maus feitos, seja criminalizada.
A terceira verdade é que a corrupção é endêmica, não está presente só nesse governo, mas em qualquer governo. O sistema político e eleitoral foi preparado para a corrupção imperar e a matriz está no financiamento das eleições.
Quanto custa um mandato hoje? Uma fortuna. Quem paga e patrocina os mandatos, quer troco. Vá apurar o período dos que hoje mais nos acusam, não ficará pedra sobre pedra.
O caminho é apurar tudo, mas de maneira honesta. Não é correto colocar o lava jato só na direção do PT, se tem erro aqui, a gente assume e pune, aliás, tem sido assim contra os petistas, até para os que não se comprovou irregularidades. Mas também tem desvios de conduta do lado de lá, e não são poucos, é deles toda essa tecnologia de corrupção, ou alguém já esqueceu onde se originou o mensalão? A origem é lá em Minas, no governo tucano.
A justiça e a PF precisam ser republicanas nesta apuração. Quanto a grande imprensa não tem jeito, essa é problema da sociedade organizada empurra-la na direção da verdade. Ela também tem medo de povo, não é só político não.
Em relação ao Governo do Maranhão, no que o governador Flávio Dino pode contar com o deputado Zé Carlos?
Pra tudo. Tudo que for do interesse do estado, o governador pode contar comigo, já disse isso ao Secretário de Articulação política do Estado, Márcio Jerry, a Secretaria de Turismo do Estado, Delma Andrade, e direi ao governador em agenda oficial que faremos ainda este mês. Nesse momento precisamos apenas chancelar a participação do PT no governo, mas creio que isso está pacificado, pelo menos é o que eu entendo pelo posicionamento dos deputados petistas na assembleia, que simbolizam o posicionamento dos seus grupos. No meu caso, mais de 95% da base petista e não petista que me apoiou, votou em Flávio. Creio que posso ajudar na interlocução com o governo federal e nas articulações que envolvem a bancada. Agora acho que o governador precisa estreitar mais os laços com os parlamentares federais.
Como o senhor avalia a organização do PT no estado?
Nossa organização ainda é débil. A metáfora que costumo utilizar para definir a nossa situação é que somos um gigante, preso a um anão, por um barbante. Precisamos sentar as várias forças e tendências internas e definir qual o projeto do PT no estado.
No PT, o guarda chuva é amplo, cabem todos os projetos, não precisamos ficar nos digladiando internamente. Estamos há cinco anos sob-regime de intervenção do DN, por que temos uma direção que se deixa conduzir assim.
Para que se tenha uma ideia, se prefeitos do PT votassem integralmente nos Deputados Estaduais e Federais petistas, teríamos uma bancada de pelo menos quatro estaduais e dois federais; não se discutiria em nenhuma hipótese coligação para ameaçar os mandatos do PT, como foi o meu caso.
O PT estava na periferia no governo estadual passado, com uma posição rebaixada, e hoje não é sócio do condomínio político do atual governo. Não pode, somos o partido que ocupa a presidência da República, podemos contribuir mais com o estado.
Após 35 anos de nossa fundação, ainda existem cidades do estado que não estamos organizados. Não estou aqui acusando que é problema de uma única gestão, mas do conjunto da obra. Mas não quero ficar olhando para trás. Para trás só devemos olhar para aquilo que nos orgulha, como o Manoel da Conceição, lendário líder camponês que foi um dos fundadores em do PT em 1980. Devemos olhar para frente, planejar o futuro de nossa inserção política no Maranhão. Quantos prefeitos queremos eleger em 2016? Quantos vereadores? Como estão nossos mandatos atuais? Quais mandatários refletem o pensamento e o ideário petista? Quais nossas bandeiras programáticas a serem cumpridas pelo governo do estado? Qual nosso papel na eleição da capital? São questões que o PT precisa responder a luz de um amplo entendimento interno.
O senhor defende a imediata oficialização da participação do PT no governo do estado?
Uma coisa é fato, a candidatura do governador eleito foi a opção da grande maioria dos petistas, portanto, nada mais natural que a participação do PT se imponha, como aliás já está posta, pois alguns petistas assumiram secretarias.
A decisão de participar é do partido, contudo, creio que há algumas premissas que devem ser observadas, premissas que já externei ao Secretario de Articulação Política do governo e presidente do PC do B Marcio Jerry, e não tem nada de extraordinário. Uma delas é que o governo externasse o interesse em ter o PT participe do governo e fizesse oficialmente o pedido, o que já foi feito. Neste momento estamos apenas no aguardo da manifestação da instancia; a outra premissa é que alinhássemos os interesses políticos do PT no estado, considerando 2016; e por fim o estabelecimento de uma pauta programática. É isso.
Quais as demandas do PT/MA em relação aos cargos federais no estado?
Fizemos algumas tentativas de alinhamento. Eu particularmente tenho feito ponderações a todos, de não haver exclusão de nenhum campo político do partido, no que tange as pretensões e os movimentos em curso. Há o movimento da bancada federal; há os de tendências internas ao PT; há o do governo do estado e naturalmente há o do nosso mandato, como único federal eleito pelo PT no Maranhão. Defendo que todo esforço deva ser empenhado na pactuação de todos esses interesses.
Comenta-se que o senhor pode ser apresentar o seu nome para prefeito de São Luis em 2016. Há realmente esta possibilidade?
Há. Não exatamente por um gesto isolado, mas como referencia de alguns companheiros e grupos do PT no plano municipal. Defendo que o PT precisa protagonizar politicamente a disputa e se oportunizar diante da sociedade. Isso não quer dizer que não estejamos abertos às composições. As coligações também servem de opção, mas não como tem sido, como uma espécie de obrigação. 
É preciso reposicionar o partido na direção de maior protagonismo. Um partido com a história, a importância e o tamanho do PT, sempre tem que disputar hegemonia social. Neste sentido, se não houver outras pretensões, e se meu nome representar consenso, e se o partido julgar procedente, estranguladas as alternativas de composições, o nome está posto. O mais importante é definir como o PT pode contribuir para melhorar a qualidade de vida do povo de São Luís e da gestão pública na capital.

Rio de Janeiro - Em menos de 24 horas, Três Policiais de folga são mortos.

Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
Dois policiais civis e um militar que estavam de folga morreram entre a tarde de ontem (21) e a manhã de hoje (22) na região metropolitana do Rio de Janeiro. 

Segundo a Polícia Militar (PM), hoje, o policial civil Thiago Thome de Deus, lotado na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, estava em seu carro, no bairro do Cubango, em Niterói, quando foi abordado por homens armados.

Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Estadual Azevedo Lima, no município, mas morreu em seguida. Segundo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói. A perícia foi feita no local e agentes buscam testemunhas e imagens que possam ajudar na elucidação do crime.

Também de manhã, três policiais militares de folga saíam de uma padaria quando foram abordados por homens armados, no centro de Nova Iguaçu. Houve um tiroteio e dois policiais foram baleados. Segundo a Polícia Militar, eles foram encaminhados para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, mas Pedro Gabriel Ferreira morreu. O terceiro policial também foi atendido porque ficou em estado de choque. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga o caso.

Na tarde de ontem (21), o policial civil Cida Jackson Silva, lotado na Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis, morreu durante um assalto na Vila Emil, em Mesquita. Ele chegou a ser levado para o Hospital de Clínicas de Nova Iguaçu, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a Polícia Civil, uma perícia foi feita no local e testemunhas estão sendo ouvidas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Paraná - ‘Pacote de maldades do governador Beto Richa matou o primeiro professor’, acusa deputado Professor Lemos do PT.

Foto - Morte do Professor de Juranda.
O deputado estadual Professor Lemos (PT), neste domingo (22), indignado, acusou o ‘pacote de maldades’ do governador Beto Richa (PSDB) de matar oficialmente o primeiro professor da rede pública em 2015.
Segundo o parlamentar, o professor Luís Carlos da Silva, diretor do Colégio Estadual João Maffei Rosa, do município de Juranda, na região Oeste, tombou lutando contra o pacotaço do governo tucano.

Foto - Morte do Professor de Juranda.
Neste domingo (22), centenas de professores, alunos e lideranças políticas da região se despediram do professor Luís em emocionado velório.
“Mais uma vítima fatal do pacotaço de maldades do governador Beto Richa. O colégio dele foi impedido de fazer matrículas do ensino médio noturno. A vice-diretora foi exonerada. Duas pedagogas foram tiradas da escola. O governo ainda fechou várias turmas. Tem alunos tendo que ir estudar nos municípios de Ubiratã e Rancho Alegre”, disse, às lágrimas, o deputado Lemos.
Foto - Morte do Professor de Juranda.
No último dia 12, emocionado, ele teria sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) depois do confronto entre seus colegas professores, em Curitiba, com a PM, durante a ocupação da Assembleia Legislativa. O educador veio a falecer ontem à noite.
Professor Luís morreu prematuramente aos 46 anos e causou comoção na região Oeste. Ele era uma das expressões da APP-Sindicato na região Oeste.
Foto - Morte do Professor de Juranda.
“Juranda está de luto pela morte prematura de um grande batalhador da educação”, lamenta ou professor e vereador Molina (PT).
O enterro da primeira vítima do pacotaço de maldades de Beto Richa foi às 17 horas deste domingo.
“Poderia ter sido você, seu irmão, mãe, pai, avô, avó… Pode ter sido um amigo ou seu ex-professor”, dizia-se hoje à tarde no velório.

Rio de Janeiro - Tiroteio deixa três policiais feridos no Complexo da Penha.

Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
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Foto - Ilustração.
Três policiais militares ficaram feridos durante um tiroteio na comunidade da Chatuba, no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. 

A informação é da assessoria de imprensa da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP).

De acordo com a CPP, os agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Chatuba faziam um patrulhamento na noite de ontem (21) quando encontraram criminosos, na localidade da Favelinha, e começou a troca de tiros.

Os policiais foram atingidos e levados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Eles foram medicados e liberados em seguida.  O policiamento foi reforçado na região e buscas estão sendo feitas para localizar os responsáveis pelos disparos.