segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Conheça as DEZ Cidades Mais Violentas do Mundo.

Das cinquenta cidades que ocupam o ranking das mais perigosas do mundo, quinze são brasileiras. Entre as dez mais violentas, duas são do Brasil. Confira abaixo

O perigo pode morar bem perto de casa. Pelo menos, é o que indica o relatório elaborado pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal do México, que levantou dados de homicídios ocorridos em municípios com mais de 300 mil habitantes para determinar as cinquenta cidades mais violentas do mundo.

“Elaboramos esse ranking com o objetivo de chamar a atenção para a crescente violência nas cidades, particularmente no México e na América Latina, de modo que os governos se vejam pressionados a cumprir o dever de proteger os cidadãos e garantir o direito à segurança pública”, explicam no relatório.

Pelo segundo ano consecutivo, a cidade de San Pedro Sula, em Honduras, ocupa o primeiro lugar do ranking, com uma taxa de 169 homicídios dolosos registrados a cada 100 mil habitantes. Acapulco, um dos principais destinos turísticos do mundo, localizada no México, ocupa o segundo lugar com a taxa de 143 homicídios.

Segundo o relatório da instituição, o Brasil não anda bem. Das 50 cidades que ocupam o ranking completo feito pela instituição, 15 são brasileiras: Brasília (50º), Belo Horizonte (48º), Macapá (45º), Curitiba (42º), Goiânia (34º), Recife (30º), Cuiabá (28º), Belém (26), São Luís (23º), Vitória (16º), Salvador e Região Metropolitana (14º), Fortaleza (13º), Manaus (11º), João Pessoa (10º) e Maceió (6º).

Apesar de presença massiva de cidades latino-americanas, municípios de outras regiões do globo também aparecem na lista. Ao todo, são cinco representantes dos Estados Unidos – Oakland (43º), Baltimore (41º), Saint-Louis (40º), Detroit (21º) e Nova Orleans (17º) -, e três da África do Sul – Durban (46º), Nelson Mandela Bay (38º) e Cidade do Cabo (27º).

Confira a lista das 10 cidades mais perigosas do mundo segundo o ranking da instituição:

10. João Pessoa (Brasil)
joão pessoa violenta mundo
Homicídios: 518
Habitantes: 723.515
Média de 71,59 homicídios por cada 100 mil habitantes

9. Barquisimeto (Venezuela)
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Homicídios: 804
Habitantes: 1.120.718
Média de 71,74 homicídios por cada 100 mil habitantes

8. Nuevo Laredo (México)
8-Nuovo-Laredo
Homicídios: 288
Habitantes: 395.315
Média de 72,85 homicídios por cada 100 mil habitantes

7. Cali (Colômbia)
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Homicídios: 1.819
Habitantes: 2.294.653
Média de 79,27 homicídios por cada 100 mil habitantes

6. Maceió (Brasil)
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Homicídios: 801
Habitantes: 932.748
Média de 85,88 homicídios por cada 100 mil habitantes

5. Torreón (México)
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4. Distrito Central (Honduras)

                                               (sem imagem)

Homicídios: 1.149
Habitantes: 1.126.534
Média de 101,99 homicídios por cada 100 mil habitantes

3. Caracas (Venezuela)
3-caracas
Homicídios: 3.862
Habitantes: 3.247.971
Média de 118,89 homicídios por cada 100 mil habitantes

2. Acapulco (México)
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Homicídios: 1.170
Habitantes: 818.853
Média de 142,88 homicídios por cada 100 mil habitantes

1. San Pedro Sula (Honduras)
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Homicídios: 1.218
Habitantes: 719.447
Média de 169, 33 homicídios por cada 100 mil habitantes

Fonte: Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y la Justicia Penal
 

Jessica Soares, SuperInteressante

Link desta Matéria:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/10-cidades-mais-violentas-mundo.html

domingo, 17 de novembro de 2013

Por que tentam ferir letalmente o PT? por Leonardo Boff.

Leonardo Boff
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização  nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. 
Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em  que  este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. 
Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. 
Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará  todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto  apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soi a repetir Darcy Ribeiro. 
Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”. 
Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. 
Lula Presidente  representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas,  amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e  liquidar  com  seus líderes.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. 
Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos,  ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. 
Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. 
Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho  aberto pelo PT e pelos aliados de causa. 
Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. 
Essa utopia mínima é factível. O PT  se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores  superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
 
Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e doutor honoris causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.
 
Postado há por
 

Jeremy Hammond - Declaração ao Tribunal, New York, EUA.

16/11/2013, Jeremy Hammond, OEN – OpEdNews - Anonymous Hacktivist Jeremy Hammond's Court Statement Upon Being Sentenced to 10 Years In Jail - Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu.
Foto: Jeremy Hammond, OEN – OpEdNews.
16/11/2013

Bom dia. Obrigado por essa oportunidade. Meu nome é Jeremy Hammond e estou aqui para ser sentenciado por atividades de hacking que executei durante meu envolvimento com os Anonymous. Estou preso no Centro Correcional de Manhattan há 20 meses, e tive muito tempo para pensar sobre como explicaria minhas ações.

Antes de começar, quero usar parte desse tempo para reconhecer e agradecer o trabalho das pessoas que me apoiaram. Quero agradecer a todos os advogados que trabalharam no meu caso: Elizabeth Fink, Susan Kellman, Sarah Kunstler, Emily Kunstler, Margaret Kunstler e Grainne O'Neill. Agradeço também a National Lawyers Guild, à Comissão de Defesa e Rede de Apoio Jeremy Hammond, aos Free Anons, à Rede de Solidariedade com os Anonymous, ao Grupo Anarquista Black Cross e a todos os demais que ajudaram com uma carta de apoio, escrevendo para mim, assistindo às audiências do Tribunal e divulgando minha causa e meu caso.

Agradeço também aos meus irmãos e irmãs trancafiados em prisões e aos que estão fora das prisões, ainda lutando contra o poder.

Os atos de desobediência civil e ação direta pelos quais estou sendo hoje sentenciado alinham-se todos pelos princípios de comunalidade e igualdade que guiaram minha vida.

Invadi os computadores de dúzias de empresas gigantes e instituições do Estado, entendendo muito claramente que o que fazia era contra a lei, e que minhas ações podiam jogar-me diretamente numa prisão federal. Mas senti que tinha a obrigação de usar minhas habilidades e competências para expor e denunciar a injustiça – e para trazer à luz a verdade.

Poderia ter alcançado os mesmos objetivos por meios legais? Tentei de tudo, de abaixo-assinados e campanhas eleitorais a manifestações pacíficas, e descobri que os que estão no poder não querem que a verdade seja exposta. Quando dizemos a verdade ao poder, somos ignorados, no melhor dos casos; ou brutalmente reprimidos, no pior. Estamos em luta contra uma estrutura de poder que não respeita nem os seus próprios mecanismos de fiscalização e equilíbrio, imaginem se respeitam os direitos dos seus próprios cidadãos ou a comunidade internacional.

Minha iniciação política aconteceu quando George W. Bush roubou uma eleição presidencial em 2000 e, na sequência tirou vantagem das ondas de racismo e patriotismo depois do 11/9, para lançar guerras imperialistas, não provocadas, contra o Iraque e o Afeganistão. Saí às ruas para protestar, acreditando, ingenuamente, que nossas vozes seriam ouvidas em Washington e que conseguiríamos parar a guerra. Em vez disso, fomos rotulados como traidores, espancados e presos.

Fui preso por numerosos atos de desobediência civil nas ruas de Chicago, mas só em 2005 comecei a usar minhas habilidades com computadores para quebrar a lei, em ação de protesto político. 
Fui preso pelo FBI por invadir os computadores de um grupo de direita, pró-guerra, chamado “Protest Warrior” – organização que vendia camisetas racistas em sua página Internet e agredia grupos antiguerra. Fui acusado, nos termos da Lei de Fraudes e Abusos por Computadores, e o “dano visado” no meu caso foi arbitrariamente calculado, multiplicando por US$500, os 5.000 cartões de crédito com os quais operava a base de dados de “Protest Warrior”, o que resultou num total de $2,5 milhões.

Minha sentença foi calculada a partir desse “dano”, embora nenhum cartão de crédito tenha sido usado ou algum dado tenha sido divulgado – por mim ou por qualquer outra pessoa. Fui condenado a dois anos de cadeia.

Na prisão, vi com meus próprios olhos a feia realidade de como o sistema de justiça criminal destrói a vida de milhões de pessoas mantidas em prisões fechadas. A experiência reforçou minha oposição contra as formas repressivas de poder e a favor de agir na defesa daquilo em que cada um acredite.

Quando fui solto, estava ansioso para retomar meu envolvimento nas lutas por mudanças sociais. Não queria voltar à prisão. Então, me dediquei ao trabalho de organizar comunidades, trabalho de superfície. Mas, com o tempo, frustrei-me com as limitações das manifestações pacíficas, que me parecem reformistas e inefetivas. O governo Obama continuou as guerras no Iraque e no Afeganistão, aumentou o uso de drones e não fechou a prisão da Baía de Guantánamo.

Por essa época, eu acompanhava o trabalho de grupos como WikiLeaks e Anonymous. Era inspirador e estimulante ver as ideias do hack-ativismo afinal dando resultados. Fiquei particularmente motivado pela ação heroica de Chelsea Manning, que revelou ao mundo as atrocidades cometidas pelos militares norte-americanos no Iraque e no Afeganistão. Ela assumiu enorme risco pessoal para vazar essa informação – porque acredita que a opinião pública tem o direito de saber, e por esperar que suas revelações seriam passo positivo para pôr fim àqueles abusos. Fica-se com o coração apertado, só de ouvir contar sobre o tratamento cruel que ela recebeu numa prisão militar.

Refleti profunda e longamente sobre escolher outra vez esse caminho. Tive de perguntar a mim mesmo: se Chelsea Manning mergulhou no pesadelo abismal da prisão, porque lutava pela verdade, como poderia eu, de boa consciência, fazer menos que ela, já que eu era capaz? Concluí que o melhor modo de demonstrar solidariedade era dar continuidade ao trabalho de expor fatos e enfrentar a corrupção.

Aproximei-me dos Anonymous, porque acredito em ação direta, descentralizada e anônima. Naquele momento, os Anonymous estavam envolvidos em operações de apoio aos levantes da Primavera Árabe, contra a censura, e em defesa de WikiLeaks. Eu tinha muito a oferecer como contribuição, incluindo competências técnicas, e podia articular melhor ideias e objetivos. Foram tempos entusiasmantes – o nascimento de um movimento digital de resistência, quando os conceitos e as competências do hack-ativismo estavam ganhando forma.

Interessava-me especialmente o trabalho dos hackers de LulzSec, que estavam quebrando alguns alvos importantes e iam-se tornando cada vez mais políticos. Por essa época, falei pela primeira vez com Sabu, que era muito aberto sobre as ações de hacking que ele dizia ter cometido, e estimulava os hackers a unir-se para atacar sistemas de computadores de grandes unidades do governo e de megaempresas, sob a bandeira do movimento “Anti Security”. Mas logo no início do meu envolvimento, os outros hackers de Lulzsec foram presos; restei eu, para quebrar sistemas e escrever press releases.

Hector Xavier Monsegur,
o traidor Sabu
Adiante, eu descobriria que Sabu foi o primeiro a ser preso, e que, durante todo o tempo em que eu falava com ele, ele já era informante do FBI.

Os Anonymous também se envolveram nos estágios iniciais de Occupy Wall Street. Participei regularmente nas ruas, como militante de Occupy Chicago, e entusiasmei-me ao ver um movimento mundial de massa contra as injustiças do capitalismo e do racismo. Ao final de uns poucos meses, as “Occupations” chegaram ao fim, destruídas por ataques da Polícia e prisões em massa de manifestantes, arrancados de suas próprias praças públicas.

A repressão contra os Anonymous e o Movimento Occupy deu o tom da ação dos Antisec nos meses seguintes – a maior parte de nossas ações de hacking contra alvos da Polícia foram retaliações contra as prisões de nossos camaradas.

Eu, pessoalmente, tomei por alvo os sistemas policiais, por causa do racismo e da desigualdade com que se aplica a lei criminal. Tomei por alvo as indústrias e distribuidores de equipamentos militares e policiais, que lucram com a fabricação e a venda das armas que os EUA usam para impor seus interesses políticos e econômicos por todo o mundo, e para reprimir cidadãos norte-americanos aqui mesmo. Tomei por alvo empresas privadas de segurança da informação, porque trabalham secretamente para proteger interesses do governo e de empresas privadas, à custa de atacarem direitos civis individuais, minando e desacreditando ativistas, jornalistas e outros que trabalham para conhecer e divulgar a verdade; e porque vivem de disseminar a desinformação.

Nunca tinha ouvido falar de Stratfor, até que Sabu falou sobre eles. Sabu estava encorajando pessoas a invadir sistemas, e ajudando a facilitar e dar organização estratégica aos ataques. Chegou a fornecer-me pontos vulneráveis dos alvos, passados a ele por outros hackers. Por isso, foi grande surpresa quando soube que, durante todo o tempo, Sabu trabalhava com o FBI.

Dia 4/12/2011, Sabu foi contatado por outro hacker que já havia invadido a base de dados dos cartões de crédito de Stratfor. Sabu, então, sob o olhar atento dos agentes do governo que o estavam manipulando, levou o hack para o movimento Antisec, convidando aquele hacker para nossa sala privada de bate-papo, onde ele forneceu os links para baixar toda a base de dados dos cartões de crédito, além dos pontos iniciais de vulnerabilidade para acessar os sistemas de Stratfor.

Passei algum tempo pesquisando Stratfor e revisando a informação que nos fora fornecida, e decidi que suas atividades e a base de clientes tornavam a empresa alvo bem merecido. Achei curioso que os ricos e poderosos clientes da base de dados de Stratfor só usassem seus cartões de crédito para doar para organizações humanitárias, mas meu principal papel no ataque era obter as pastas dos e-mails privados de Stratfor, onde, tipicamente, estão os segredos mais sujos.

Demorei mais de uma semana para conseguir mais acesso aos sistemas internos de Stratfor, mas acabei entrando no servidor principal. Era tanta coisa, que precisamos de vários servidores nossos para transferir os e-mails. Sabu, que estava envolvido em todos os passos da operação, ofereceu um servidor – que ele recebera do FBI e era monitorado pelo FBI. Nas semanas seguintes, os e-mails foram transferidos, os cartões de crédito usados para doações, e os sistemas de Stratfor foram desconfigurados e destruídos.

Por que o FBI nos apresentou o hacker que descobrira a vulnerabilidade inicial e por que o FBI permitiu que ele continuasse o que havia começado são coisas que, para mim, continuam a ser mistério total.

Resultado da ação de hacking contra os sistemas de Stratfor, conhecem-se hoje alguns dos perigos de haver uma indústria privada de inteligência sem qualquer tipo de regulação. Revelou-se através de Wikileaks e do trabalho de outros jornalistas pelo mundo, que Stratfor mantinha uma rede de informantes pelo mundo, informantes que a empresa usava para todos os tipos de atividade ilegal de vigilância, sempre a serviço de grandes empresas multinacionais.

Depois de Stratfor, continuei a quebrar outros sistemas-alvos, usando uma poderosa “zero day exploit” que me permitia acesso de administrador a sistemas que rodavam a popular plataforma Plesk de hospedagem de rede. Várias vezes, Sabu me pediu que lhe desse acesso a essa exploração. Recusei sempre. Sem ter seu próprio acesso independente, Sabu continuou a me fornecer listas de alvos vulneráveis. Invadi inúmeras páginas que ele me sugeriu, descarreguei as contas de e-mails e bancos de dados roubados no servidor FBI de Sabu; e passei a ele senhas e backdoors que permitiram que Sabu (e, portanto, também o FBI que controlava Sabu) controlassem aqueles alvos.

Essas intrusões, as quais foram todas sugeridas por Sabu quando já cooperava com o FBI, afetaram milhares de nomes de domínio; na grande maioria eram páginas oficiais de governos estrangeiros, dentre os quais XXXXXXX, XXXXXXXX, XXXX, XXXXXX, XXXXX, XXXXXXXX, XXXXXXX e XXXXXX XXXXXXX. [1]

Num caso, Sabu e eu demos informação de acesso a hackers que trabalharam para desconfigurar e destruir muitas páginas oficiais de governo em XXXXXX [Síria (NTs)].

Não sei como outras informações que lhes forneci podem ter sido usadas, mas penso que a coleta e o uso desses dados, pelo FBI e, portanto, pelo governo dos EUA, têm de ser investigados.

O governo hoje está celebrando minha condenação e minha prisão, na esperança de que fechará a porta e encerrará a história para sempre. Eu assumi plena responsabilidade pelos meus atos, quando me declarei culpado. Quando o governo dos EUA será forçado a responder pelos seus crimes?

Os EUA inflam a ameaça que os hackers representariam, para justificar os negócios multibilionários do complexo industrial da cibersegurança, mas, ao mesmo tempo, o próprio governo é também responsável pela mesma conduta que ele mesmo processa e condena, e diz que trabalha para prevenir. A hipocrisia da “lei e da ordem” e as injustiças causadas pelo capitalismo não podem ser “curadas” por reformas institucionais; só podem ser corrigidas por desobediência civil e ação direta. Sim, eu violei a lei. Mas acredito que às vezes as leis têm de ser violadas, para criar espaço para a mudança.

Frederick Douglas
!818-1895
Nas palavras imortais de Frederick Douglas,

O poder não dá nada que não lhe seja exigido. Nunca deu e nunca dará. Descubra a quê algum povo submeteu-se em silêncio, e você terá a exata medida da injustiça e dos malfeitos impostos àquele povo, e a injustiça e os malfeitos continuarão, até que o povo se levante contra eles, seja com palavras, seja com armas, ou com ambos. Os limites de cada tirano podem ser medidos pela capacidade de tolerar dos que eles oprimem.

Não estou dizendo que não me arrependo de nada. Percebo que divulguei informação pessoal de gente inocente, que nada tinha a ver com as operações das instituições que tomei como alvos. Peço desculpas pela divulgação de dados que tenha ofendido pessoas e eram irrelevantes para meus objetivos. Acredito no direito individual à privacidade – contra a vigilância do Estado e contra agentes como eu; e vejo bem a ironia de eu ter-me envolvido em ataques contra esses direitos.

Meu compromisso é trabalhar para fazer desse mundo um lugar melhor para todos nós. Ainda acredito na importância do hack-ativismo como forma de desobediência civil, mas é hora, para mim, de mudar para outros modos de buscar a mudança. O tempo de cadeia pesa muito sobre minha família, meus amigos e a comunidade. Sei que precisam de mim em casa. Reconheço que, há sete anos, já estive à frente de um juiz federal, enfrentando acusações semelhantes, mas isso não diminui a sinceridade do que digo aqui hoje.

Custou-me muito escrever isso, para explicar minhas ações, sabendo que o que fiz – sinceramente – pode custar-me ainda mais anos de vida na cadeia. Sei que posso ser condenado a dez anos, mas espero que não seja, porque acredito que há muito trabalho a ser feito.

Mantenham-se fortes e continuem a lutar.




Nota dos tradutores
[1] Ontem (15/11/2013), Jeremy Hammond distribuiu documento por Pastebin, intitulado Targets supplied by FBI to Jeremy Hammond [Alvos fornecidos pelo FBI a Jeremy Hammond] em que todos esses nomes aqui censurados aparecem listados. No documento de pastebin, fica muito claro que Hammond não tem dúvidas de que as invasões “orientadas” por Sabu estavam sendo, de fato, orientadas pelo FBI, para alvos que interessavam ao FBI, inclusive a empresa Strafor. 
Alguns dos países nominalmente invadidos que interessa(va)m ao FBI são: 
Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria, Irã, Eslovênia, Grécia, Kuwait, Polônia e muitos e muitos outros que tiveram Bancos, Centros Educacionais, Centros de Pesquisas, Ministérios, etc., incluindo, como curiosidade, até a Divisão de Assuntos Internos de Polícia Militar no Brasil.





Estados Unidos - Os revolucionários que vivem entre nós.  http://maranauta.blogspot.com.br/2013/11/estados-unidos-os-revolucionarios-que.html

sábado, 16 de novembro de 2013

Caso Júlia Recebeca - Polícia Confirma que Segundo Vídeo Íntimo Vasou e Amiga de Júlia Toma Veneno. Caso Será Matéria no Programa do Fantástico.

2º vídeo íntimo vaza e amiga de Julia toma veneno; primo mostrou enterro.
O Fantástico da TV Globo vai contar histórias de jovens que tiveram suas vidas destruídas após a divulgação de vídeos com cenas íntimas de sexo. 
A história de Júlia Rebeca, que anunciou a própria morte no Twitter, será exemplo das graves consequências de filmar relações sexuais. 

O alerta da reportagem a ser exibida neste domingo é justamente pela frequência, cada vez maior, de vítimas da exposição indevida na web. Jovens e adolescentes registram momentos íntimos, e por falta de cuidados mínimos, acabam sendo expostos, sem pudor nenhum, nas redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, e ainda mais com a chegada o WhatsApp, aplicativo que deixou a comunicação mais rápida, mas que vem mostrando seus malefícios advindos da forma inconsequente com que é usado.

Amiga de Júlia tomou veneno depois de vazamento de segundo vídeo
Depois que amigos comentaram sobre a tentativa de suicídio da estudante que aparece com Julia Rebeca no primeiro vídeo de sexo que se espalhou, a polícia constatou a informação, e descobriu que a jovem ingeriu veneno na tentativa de tirar a própria vida. O caso teria acontecido ainda no início da semana, quando soube da morte de Julia, cujo corpo foi encontrado dentro do próprio quarto, enrolado no fio da chapinha.

A adolescente chegou a ser internada na UTI, mas reabilitou-se e conseguiu se recuperar da ingestão do veneno. Ela ficou chocada com a notícia da morte de Júlia, que ocorreu ainda no domingo, dia 10 de novembro, e tentou repetir a história. 

A polícia já confirmou também a existência de um segundo vídeo íntimo protagonizado por Julia. Este também teria cenas de sexo entre a jovem e um rapaz. O jovem que aparece no primeiro vídeo, que provocou toda tragédia, já teria se apresentado à polícia para prestar depoimento, já que o delegado que acompanha o caso busca saber como as imagens se espalharam na internet.
Fantástico vai mostrar dramas como os de Julia, que acabou tirando a própria vida

ENTENDA O CASO JÚLIA REBECA
A jovem de 17 anos foi achada morta dentro do quarto no último dia 10 de novembro, enrolada no fio da chapinha. Horas antes, em seu perfil do Twitter e no Instagram, ela deu aquele que seria o dia de sua morte, e pediu desculpa para a família, lamentando "não ter sido a filha perfeita". Julia soube naquele dia que um vídeo com cenas de sexo entre ela, outra adolescente e um jovem, vazaram pelo WhatsApp. Nas imagens, cuja reportagem do 180graus teve acesso, é possível ver que as cenas foram gravadas pela própria Julia.

Segundo vídeo de sexo vazou nas redes sociais após repercussão do caso

AMIGOS E PARENTES FAZEM HOMENAGENS
De família conhecida em Parnaíba, Julia Rebeca vem recebendo todos os dias, homenagens nas redes sociais, vindas de amigos e familiares. O "luto forçado", como relata um primo da adolescente, que no Facebook se denomina como Daniel Aranha, é a expressão mais clara do que todos estão vivendo. Ele chegou a postar uma foto do enterro de Julia, no último dia 12, como forma de homenagem à jovem.

Primo posta foto do sepultamento, como forma de homenagem à jovem de 17 anos


Link desta Matéria: http://gilbertolimajornalista.blogspot.com.br/2013/11/fantastico-vai-destacar-caso-da.html

Continue lendo aqui:

1 - Novo caso! Rio Grande do Sul - Foto íntima vaza e jovem de 16 anos é achada morta em casa. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/11/novo-caso-foto-intima-vaza-e-jovem-de.html

2 - PARNAÍBA: Adolescente comete suicídio após deixar mensagens em redes sociais. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/11/parnaiba-adolescente-comete-suicidio.html

3 -  Jovem se suicida após vídeo intimo vazar no WhatsApp. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/11/jovem-se-suicida-apos-video-intimo.html

Delúbio se apresenta à PF. "Viva o PT", diz no Twitter.

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Foto - Brasil 247.

Ex-tesoureiro do PT estava em Goiânia e cumpriu compromisso feito com delegados na sexta-feira (15); no momento em que chegava à sede da PF, ele tuitou que sua pena "foi imposta em julgamento de exceção"; e completou: "Viva o PT! Viva o Brasil!"; agentes não conseguem localizar ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato (último dos 12 que tiveram a prisão decretada), que está na Itália; todos os condenados com mandados de prisão serão encaminhados ao Distrito Federal; STF ainda vai definir onde penas serão cumpridas; Delúbio teria manifestado interesse em ir para São Paulo, onde tem negócios no ramo imobiliário; seu regime será o semi-aberto

16 de Novembro de 2013 às 12:46
247 – O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, se apresentou na Sede da Polícia Federal em Brasília no final da manhã deste sábado (16) para iniciar o cumprimento de uma pena de 8 anos e 11 meses de prisão. O petista foi condenado na Ação Penal 470, o chamado mensalão, e teve sua prisão decretada na sexta-feira pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, junto com outros 11 réus.

No momento em que chegava à sede da PF, o ex-dirigente petista foi ao microblog Twitter para informar a própria apresentação e criticar a condenação pelo STF: "Apresentando às autoridades em Brasília para o cumprimento da pena que me foi imposta em julgamento de exceção. Viva o PT! Viva o Brasil!"

Delúbio é o 11º condenado a se apresentar espontaneamente para iniciar o cumprimento da pena. Dentre aqueles com mandado expedido, falta apenas o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato que, segundo informações, teria se refugiado na Itália. 

Já se entregaram José Genoino, José Dirceu, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Simone Vasconcelos, Cristiano Paz, Romeu Queiroz, Kátia Rabello e José Roberto Salgado e Jacinto Lamas. Pizzolato não foi localizado por agentes da PF e começam a surgir rumores de que ele tenha se refugiado na Itália, valendo-se da dupla cidadania.

Neste sábado a PF inicia a transferência de todos os presos para Brasília. Nos próximos dias Joaquim Barbosa deve determinar onde os condenados cumprirão suas penas. Delúbio, que tem residências em São Paulo, Goiânia e Buriti Alegre (distante 188 quilômetros da capital goiana), teria manifestado interesse em cumprir a pena no Estado paulista, onde mantém negócios no ramo imobiliário.

Infringentes
Na última segunda-feira (11), a defesa de Delúbio apresentou apresentou novo recurso ao STF pedindo a absolvição pelo crime de formação de quadrilha. Ele já havia questionado a sua condenação num recurso em maio, chamado de embargos infringentes, que acabou rejeitado pelo presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, que é relator da ação.

O advogado Arnaldo Malheiros recorreu da decisão, e o pedido foi analisado por todos os demais ministros em plenário em agosto, que acabaram decidindo por aceitar os tais embargos.

O argumento da defesa é que o aumento da pena foi desproporcional. Afirma que, na definição da pena, os ministros consideraram que, das oito circunstâncias judiciais possíveis, três eram desfavoráveis ao réu. No entanto, a pena fixada foi mais do que o dobro da pena mínima prevista aquele crime e chegou perto da máxima, que é de três anos.

No recurso de maio, o advogado alegou que Delúbio "jamais se associou a outras pessoas com o fim de cometer crimes" e que o STF deveria considerar "simples coautoria na alegada prática do delito de corrupção ativa".



VIVA O BRASIL - VIVA O PT!

A história da primeira-dama de Nova York

Escritora e engajada politicamente, ela foi vítima de preconceito por causa da cor da pele e de sua sexualidade. Conheça a história de Chirlane McCray, a nova primeira-dama de Nova York.

Chirlane McCray nova york
Chirlane McCray e Bill de Blasio, recém eleito prefeito de Nova York (AFP).
A nova primeira-dama de Nova York, Chirlane McCray, tem uma vida que chama mais a atenção do que seu marido, Bill de Blasio, recém eleito prefeito da cidade (o primeiro democrata em vinte anos). 

Esta mulher negra nasceu na cidade de Springfield e lá ela viveu até 10 anos de idade quando seu pai, um funcionário militar, decidiu se mudar para Longmeadow, um lugar onde Chirlane McCray descobriu que o mundo não era tão justo quanto ela acreditava e levou-a a tornar-se poeta, escritora e a figura política que é hoje.



Na época da mudança, os vizinhos “receberam” a família pedindo-lhes para deixar o bairro. Eles foram a segunda família de negros na área e ela a primeira estudante negra na escola. Seus colegas de classe “brincavam” com ela por causa da cor da pele, então a hoje primeira-dama de Nova Iorque calmamente se refugiou nos poemas que escreveu como uma válvula de escape para sua raiva reprimida.

Esta foi a sua primeira abordagem ao racismo e intimidação, o que chamam agora de “bullying”. McCray não sentiu-se triste, mas a raiva a levou a escrever e expressar até no seu jornal da escola o seu descontentamento.

Assim que se formou ela foi para Nova York, a metrópole onde, finalmente, seus escritos foram ecoados. Em 1979, no auge da libertação da mulher escreveu um ensaio intitulado “Eu sou lésbica”. A carta tinha a intenção de desmistificar o ditado “negro não é gay”.

McCray foi a primeira negra que ousou falar abertamente sobre sua sexualidade. “Em 1970, eu me identificava como lésbica e escrevi sobre isso. Em 1991, eu conheci o amor da minha vida e me casei com ele “, afirmou em 2012.

Em 1991, ela passou a trabalhar com o prefeito David Dinkins em Nova York, onde conheceu Bill de Blasio, de ascendência alemã e italiana. Ela escreveu seus discursos, enquanto ele atuava como vice-prefeito.

Em meio às vicissitudes políticas se apaixonou e se casou três anos depois. Hoje eles têm dois filhos, Clara e Dante, que se tornaram alvo de críticas por seus cabelos afro e pelas tranças.

Prefetio di Blasio e sua família na solenidade de posse.
Na campanha de seu marido para prefeito de Nova York, foi ela quem editou as falas e entrevistou candidatos para cada posição. Hoje McCray já entrou para a história como a primeira mulher bissexual que ocupa o cargo de primeira-dama no país. “Eu realmente nunca namorei nenhum homem. 

Então eu pensei: Uau, o que é isso? Agora eu me sinto atraída por homens. Eu fui atraída por Bill. Ele era a pessoa perfeita para mim. Como duas pessoas muito diferentes, mas temos muito em comum. Somos um casal não convencional “.

Correio Nagô.

Edição: Pragmatismo Politico

Continue lendo aqui:  Sete fatos que você precisa saber sobre o novo prefeito de Nova Iorque. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/11/sete-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre.html


Link desta matéria:  http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/a-historia-da-primeira-dama-de-nova-york.html

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O grito de um blogueiro contra a prisão de Genoino

No artigo "Preto, pobre, prostituta e petista", Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, expressa sua indignação com a prisão de uma das principais lideranças da esquerda brasileira, José Genoino, que deve acontecer nas próximas horas; "isso está acontecendo em um país em que um político como Paulo Maluf, cujas provas de corrupção se avolumam há décadas, jamais foi condenado à prisão", diz ele, que ilustra seu texto com uma imagem da "mansão de Genoino".
 
Foto - Brasil 247
 14 de Novembro de 2013 às 12:24.

“Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações”

 Vai Passar (Chico Buarque)

Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.

O Brasil amanheceu pior do que ontem. A partir de agora, torna-se oficial o que, até então, era uma tenebrosa possibilidade: cidadãos brasileiros estão sendo privados de suas liberdades individuais apenas pelas ideologias político-partidárias que acalentam.

A “pátria mãe tão distraída” foi “subtraída em tenebrosas transações” entre grupos políticos partidários e de comunicação e juízes politiqueiros.

Na foto que ilustra este texto, o leitor pode conferir o único patrimônio de um político que foi condenado pelos crimes de “corrupção ativa e formação de quadrilha” pelo Supremo Tribunal Federal em 9 de outubro de 2012.

Junto com ele, outros políticos ou militantes políticos filiados ao Partido dos Trabalhadores, todos com evoluções patrimoniais modestas diante dos cargos que ocupavam na política.

José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Henrique Pizzolato tiveram suas prisões decretadas com base em condenações por uma Corte na qual, ao longo de sua existência secular, jamais políticos de tal importância foram condenados.

A condenação desses quatro homens, todos de relevância político-partidária, poderia até ser comemorada. Finalmente, políticos começariam a responder por seus atos. Afinal, até aqui o STF sempre foi visto como a principal rota de fuga dos políticos corruptos.

Infelizmente, a única condenação a pena de prisão que aquela Corte promulgou contra um grupo político foi construída em cima de uma farsa gigantesca, denunciada até por adversários políticos dos condenados, como, por exemplo, o jurista Ives Gandra Martins, que, apesar de suas divergências com o PT, reconheceu que não houve provas para condenar José Dirceu, ou como o formulador da teoria usada para condenar os réus do mensalão, o alemão Claus Roxin, que condenou o uso que o STF fez de sua revisão da teoria do Domínio do Fato.

Dirceu e Genoino foram condenados por “formação de quadrilha” e “corrupção ativa” apesar de o primeiro ter estado infinitamente mais distante dos fatos que geraram o “escândalo do mensalão” do que estão Geraldo Alckmin e José Serra dos escândalos Alston e Siemens, por exemplo.

Acusaram e condenaram Dirceu apesar de, à época dos fatos do mensalão, estar distante do Partido dos Trabalhadores, por então integrar o governo Lula. Foi condenado simplesmente porque “teria que saber” dos fatos delituosos por sua importância no PT.

Por que Dirceu “tinha que saber” das irregularidades enquanto que Alckmin e Serra não são nem citados pelo Ministério Público, pela Justiça e pela mídia como tendo responsabilidade direta sobre os governos nos quais os escândalos supracitados ocorreram?

O caso Genoino é mais grave. Sua vida absolutamente espartana, seu microscópico patrimônio, sua trajetória ilibada, nada disso pesou ao ser julgado e condenado como um “corruptor” que teria usado milhões de reais para “comprar” parlamentares.

O caso João Paulo Cunha é igualmente ridículo, em termos de sua condenação. Sua mulher foi ao banco sacar, em nome próprio, com seu próprio CPF, repasse do partido dele para pagar por uma pesquisa eleitoral. 50 mil reais o condenaram por “corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro”.

O caso mais doloroso de todos, porém, talvez seja o de Henrique Pizzolato, funcionário do Banco do Brasil, filiado ao PT e que, por ter assinado um documento que dezenas de servidores da mesma instituição também assinaram sem que contra eles pesasse qualquer consequência, foi condenado, também, por “corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro”.

Isso está acontecendo em um país em que se sabe que dois governadores do PSDB de São Paulo, apesar de ter ocorrido em suas administrações uma roubalheira de BILHÕES DE REAIS, não são considerados responsáveis por nada.

Isso está acontecendo em um país em que um político como Paulo Maluf, cujas provas de corrupção se avolumam há décadas, jamais foi condenado à prisão.

Isso está acontecendo em um país em que um governador como Marconi Perillo, do PSDB, envolveu-se até o pescoço com um criminoso do porte de Carlinhos Cachoeira, foi gravado em relações promíscuas com esse criminoso e nem acusado foi pelo Ministério Público.

Isso está acontecendo, finalmente, no mesmo país em que os ex-prefeitos José Serra e Gilberto Kassab toleraram durante anos roubalheira dentro da prefeitura e quando essa roubalheira de MEIO BILHÃO de reais vem à tona, a mídia e o Ministério Público acusam quem mesmo? O PT, claro.

Já entrou para o imaginário popular, portanto, que, neste país, cadeia é só para pretos, pobres, prostitutas e, a partir de agora, petistas.

No Brasil, as pessoas são condenadas com dureza pela “justiça” se tiverem mais melanina na pele, parcos recursos econômicos, se venderem o que só pertence a si (o próprio corpo) para sobreviver ou se tiveram convicções políticas que a elite brasileira não aceita.

A condenação de alguém a perder a liberdade por suas convicções políticas, porém, é mais grave. É característica das ditaduras, pois a desigualdade da Justiça com os outros três pês deriva de falta de recursos para se defender, não de retaliação a um ideário.

Agora, pois, é oficial: você vive em um país em que se deve ter medo de professar e exercer suas verdadeiras convicções políticas, pois sabe-se que elas expõem a retaliações ditatoriais como as que levarão para cadeia homens cuja culpa jamais foi provada.