quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Rio de Janeiro. Para professor, mortes de candidatos têm relação com investida de milícias na política.

Da RBA
Para o professor, influência de milícias é uma realidade.
ARQUIVO/EBC
“A disputa pelo poder e influência sobre as cidades é clara, trata-se dos milicianos. É um misto de associação de incremento do tráfico de drogas e o avanço das milícias”.
Afirma Newton de Oliveira, professor de direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rio, sobre a onda de assassinatos de candidatos às eleições do próximo domingo. 
O número de mortos já ultrapassa 14, sendo o último deles José Gomes, que concorria à prefeitura de Itumbiara, no interior de Goiás.
Gomes disputava o pleito pelo PTB e foi assassinado ontem (28), durante uma carreata de campanha. Morreram ainda um segurança do candidato, além do atirador. Outras duas pessoas foram atingidas por disparos que não chegaram a ser letais, entre elas o vice-governador, José Eliton, do mesmo partido. O assassino era funcionário da prefeitura. A polícia investiga se existe mais alguém envolvido no crime.
No início da semana, outro assassinato que ganhou os holofotes da mídia foi o do candidato a vereador no Rio de Janeiro e presidente da escola de samba Portela, Marcos Vieira Souza (PP). Conhecido como Falcon, o político foi alvejado dentro de seu comitê de campanha no bairro Oswaldo Cruz, na zona norte da capital. Falcon era policial licenciado para a campanha eleitoral.
“Estamos vivendo uma situação de problemas de criminalidade no estado, onde nem mesmo a presença das Forças Armadas para reforçar a segurança no período olímpico conseguiu deter os índices. O número de 14 assassinatos, apenas na Baixada, é muito preocupante”, afirma o professor, que reitera a ligação entre as mortes e o crime organizado. “Isso indica que a disputa pelo controle das cidades funciona sob um código de banditismo, sejam as milícias, as gangues armadas de venda de drogas que disputam à bala espaço nas esferas do poder.”
No último fim de semana, o candidato a vereador na cidade de Itaboraí, no Rio de Janeiro, José Ricardo Guimarães (PTC) morreu após ser abordado por dois criminosos em uma moto. Guimarães também era policial militar reformado e estava se deslocando devido a compromissos de campanha. Para o professor Oliveira, a influência de milicianos na política é uma realidade, especialmente na Baixada Fluminense. “Além da cobrança por serviços como gás, tevê a cabo e transporte alternativo, as milícias do Rio decidiram explorar as eleições”, disse.
Na madrugada de sexta-feira (23), na Baixada Fluminense, André de Oliveira Cristino, candidato a vereador por Japeri, foi atacado a tiros, mas não se feriu. Mesmo com maior número de casos no Rio de Janeiro, o assassinato de ontem em Goiás engrossa o número de mortes pelo país, como a do candidato à prefeitura de Demerval Lobão, no Piauí, Romualdo Brazil (Psol) e de Cerciran dos Santos Alves (PSDB), morto no Guarujá, litoral de São Paulo. Foram 15 disparos enquanto o candidato a vereador Cerciran chegava em seu comitê de campanha.

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